“Emagreci 26 quilos e parei de tomar insulina”. Conheça quem controlou o diabetes e a obesidade

Alimentação Tratamento

Na semana do Dia Mundial da Obesidade, a história de uma corretora de imóveis que saiu dessa condição e convive melhor com o diabetes; confira as orientações dos especialistas

Maurílio Goeldner, da Redação Um Diabético

Há dois anos a corretora de imóveis Marisa Pereira, na época com 59 anos de idade, se viu presa num ciclo difícil de sair. Já com o diagnóstico de diabetes tipo 2 e pesando 86 quilos ela não tinha ânimo pra nada. “Eu tinha diabetes, pressão alta, triglicérides alto e colesterol”, lembra Marisa que marcou uma consulta com a endocrinologista porque tava preocupada: “tomava a medicação mas a glicemia não baixava por nada, pelo contrário, oscilava os índices e engordava muito”.

Marisa: “cuidando dessas doenças você estará cuidando do futuro com maior tranqüilidade”

A corretora de imóveis passou a fazer parte de um estudo com a pessoas com diabetes e obesidade.

Marisa passou por uma bateria de exames e a indicação foi tomar remédios para emagrecer. “Nas primeiras medicações foi complicado, porque dava muita náusea. Aos poucos isso foi passando conforme o organismo foi se acostumando e meu apetite diminuiu”, relata a paciente que em um ano e meio perdeu 26 quilos.

Uma das consequências do tratamento foi a interrupção do uso da insulina.

A endocrinologista Erika Fortes explica que a remissão do diabetes costuma ser mais frequente nos casos de diagnóstico recente. “A remissão do diabetes é definida como normalização dos níveis de HbA1c (ou glicemia de jejum na ausência da HbA1c) durante pelo menos 3 meses em paciente sem tratamento farmacológico para o diabetes”, e alerta: “Em muitos casos a remissão é transitória, ou seja, ao longo do tempo pode haver aumento da glicemia. Por este motivo o acompanhamento regular é fundamental”.

O que acontece no corpo

Erika Fortes é endocrinologista com mestrado pela Unifesp e gerente médica da Novo Nordisk

Segundo a médica a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 pois leva ao desenvolvimento ou agravamento da resistência à insulina. “Por este motivo o peso tem um impacto importante no controle da glicemia do paciente com diabetes. Importante ressaltar também que esta relação acontece nos dois sentidos, ou seja, quando há redução do peso, observamos uma redução nos níveis de glicemia. Redução de 15% ou mais no peso em pacientes com DM2 está relacionada, além da melhora na glicemia, a outros efeitos cardiometabólicos e melhora na qualidade de vida”, conclui Érika.

Peso emocional

Fácil não é. Quem tem obesidade e diabetes sabe que a luta para manter o peso e a glicemia em ordem é eterna. A frase é da psicóloga Andrea Levy, especialista em obesidade e transtornos alimentares. Ela ressalta que tratar a obesidade não significa “ficar magro, mas sim de sair de um patamar de peso para manter-se alguns degraus abaixo de forma que seu corpo se torne mais saudável e consiga controlar melhor as questões metabólicas”, ressalta a especialista que sugere que as pessoas criem metas estáveis, viáveis e expectativas possíveis: “quanto mais conseguirmos ganhos nos fatores modificáveis, ou seja, os ambientais, como alimentação de qualidade, atividade física, saúde mental e os tratamentos medicamentos os ou cirúrgicos quando necessários, melhor”.

Andrea Levy, psicóloga especialista em Obesidade e Transtornos Alimentares pelo HC-FMUSP

A entrevista completa da psicóloga está disponível aqui.

O assunto é debatido na semana do Dia Mundial da Obesidade (4 de março), uma data criada para que toda a sociedade repense a relação com as pessoas com obesidade. Principalmente em relação ao preconceito contra elas. “A obesidade, que é uma doença visível, causa mais preconceitos. Muitas pessoas explicitam o preconceito contra a pessoa com obesidade de diversas formas: da repulsa à infantilização. Do julgamento sobre “como ela se deixou engordar tanto”, até condenar se a pessoa resolve fazer um tratamento cirúrgico ou medicamentoso. É como se fosse um beco sem saída. Se a pessoa não se trata, é considerada preguiçosa, sem força de vontade. Se parte para um tratamento médico vai escutar que “remédio faz mal, cirurgia é mutilação” e um monte de bobagens“, lamenta Andrea Levy.

Um quilo de cada vez

Os especialistas trazem mensagens de otimismo. Afirmam que nunca é tarde pra iniciar o processo. E que a busca por saúde sempre vai trazer bons resultados. Segundo a endocrinologista pequenos avanços podem e devem ser comemorados. “Não é necessário normalizar o peso para sentir os benefícios na saúde. Pequenas reduções já estão associadas com melhora na glicemia e até mesmo na qualidade de vida. Comemore estas pequenas conquistas”, aconselha.

Marisa, que está feliz com tratamento, também deixa um recado: “cuidando dessas doenças você estará cuidando do futuro da sua saúde com maior tranqüilidade. Sempre digo tenha uma boa relação com seu médico, somente eles podem te ajudar numa crise”, conclui a corretora.

Saiba mais:

A Abeso é uma associação multidisciplinar sem fins lucrativos que reúne profissionais de saúde espalhados por todo o país, de diversas áreas, dedicados ao estudo e ao tratamento da obesidade, da síndrome metabólica e dos transtornos alimentares. São endocrinologistas, cardiologistas, clínicos gerais, cirurgiões, nutrólogos, psiquiatras, nutricionistas, psicólogos, professores de educação física e fisioterapeutas, entre outros. Acesse aqui.

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