Ciclo menstrual e diabetes, o que você precisa saber

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No dia Internacional da Mulher deste ano, além de celebrar as conquistas femininas e destacar a luta por igualdade de gênero, é importante abordar questões de saúde específicas que afetam as mulheres, como o controle do diabetes e a compreensão do ciclo menstrual.

Para as mulheres com diabetes, seja tipo 1 ou tipo 2, o cuidado com a saúde requer atenção constante. O diabetes pode trazer desafios únicos, especialmente durante o ciclo menstrual, quando os níveis hormonais flutuam, afetando os níveis de glicose no sangue. Essas flutuações podem resultar em desafios adicionais no controle do diabetes, exigindo uma abordagem mais cuidadosa e personalizada para o gerenciamento da doença.

A menstruação da mulher consiste em um período cíclico de diversas mudanças corporais e fisiológicas. Para as mulheres que convivem com o diabetes, as mudanças são ainda mais visíveis, devido às alterações hormonais. O período menstrual, portanto, pode impactar diretamente nos níveis de glicose. Por isso, trouxemos neste artigo informações sobre o ciclo menstrual e qual sua ligação com os níveis de açúcar no sangue da mulher que convive com a doença.

Como funciona o ciclo menstrual e quais hormônios o compõem?

O ciclo menstrual feminino é regulado por hormônios. O hormônio luteinizante e o hormônio folículo-estimulante, promovem a ovulação e estimulam os ovários a produzir estrogênio e progesterona. Esses hormônios, por sua vez, estimulam o útero e as mamas a se prepararem para uma possível fecundação.

O ciclo menstrual começa com sangramento menstrual (menstruação), que marca o primeiro dia da fase folicular.

No início da fase folicular, a concentração de estrogênio e de progesterona está baixa. Assim, as camadas superiores do revestimento uterino (endométrio) espesso se rompem e derramam, dando início ao sangramento menstrual. Nesse período, a concentração do hormônio folículo-estimulante aumenta levemente, estimulando o desenvolvimento de vários folículos nos ovários. (os folículos são sacos cheios de líquido). Cada folículo contém um óvulo. Posteriormente nessa fase, conforme a concentração do hormônio folículo-estimulante diminui, em geral apenas um folículo continua a se desenvolver. Este folículo produz estrogênio. Ocorre um aumento constante dos níveis de estrogênio.

A fase ovulatória começa com um surto na concentração do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante. O hormônio luteinizante estimula a liberação do óvulo (ovulação), o que normalmente ocorre de 16 a 32 horas após o início do surto. A concentração de estrogênio diminui durante o surto e a concentração de progesterona começa a aumentar.

Durante a fase lútea, ocorre uma redução na concentração do hormônio luteinizante e do hormônio folículo-estimulante. O folículo rompido se fecha após a liberação do óvulo e forma um corpo lúteo, que produz progesterona. Durante a maior parte dessa fase, a concentração de estrogênio é alta. A progesterona e o estrogênio fazem com que o revestimento do útero fique ainda mais espesso, para se preparar para uma possível fecundação.

Jessica E. McLaughlin , MD, Medical University of South Carolina

E como o ciclo menstrual impacta o diabetes?

Durante a fase lútea, de acordo com diversos estudos, o organismo pode desenvolver menor sensibilidade à insulina, ou seja, a dose do medicamento ministrada geralmente não possui tanta eficiência em reduzir a glicemia da mesma forma.

Portanto, as mulheres que convivem com diabetes tipo 1, por exemplo, que dependem da insulina, necessitam de maiores doses do medicamento durante essa fase do ciclo menstrual. É possível que exista uma correlação com a síndrome de tensão pré-menstrual (TPM), pois quanto mais graves ou incidente os sintomas, pior será os índices glicêmicos. Pacientes dependentes de insulina que não sofrem com sintomas de TPM, não possuem hiperglicemia nesta fase. Após a menstruação, os níveis glicêmicos melhoram, pois ocorre o aumento da sensibilidade à insulina.

Quais cuidados são indicados?

Para as mulheres que convivem com o diabetes e sofrem com os sintomas da TPM, o indicado é:

  • Ajustar as doses de insulina conforme orientação médica;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Ficar mais atenta à alimentação, diminuindo o consumo de sal, evitando doces e bebendo no mínimo 2 litros de água por dia;
  • Para pacientes que usam a bomba de insulina, alguns equipamentos dispõem de recursos para que se configure basais e bolus para esse período específico;
  • Entre outros.

Por fim, o ideal é que a paciente que convive com a doença e sofre com os sintomas da TPM faça um controle especial durante esse período. Preferencialmente, é indicado o acompanhamento junto ao endocrinologista e ginecologista para um tratamento mais completo e eficaz.

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