SUS: 13 exames de rotina oferecidos para quem tem diabetes

Saúde Pública

A saúde de quem convive com diabetes demanda uma atenção especial e constante. Além de seguir um plano de tratamento adequado, e realizar exames periódicos, é fundamental para monitorar a condição e prevenir complicações. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza exames que devem ser feitos por pessoas com diabetes e que avaliam os níveis de glicose e também podem indicar risco de complicações por causa da glicose alta. Existem 13 exames laboratoriais oferecidos gratuitamente pelo SUS. O portal Um Diabético conversou com o endocrinologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Diabetes e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Fernando Valente, que elencou e explicou a importância de cada um desses exames. São eles:

• Glicemia de jejum e Hemoglobina glicada (também conhecida como HbA1c): 

Colhidos no sangue, devem ser feitos para avaliar se as taxas de açúcar no sangue estão compensadas. Enquanto a glicemia de jejum é uma “fotografia” de como está o açúcar no sangue no momento da coleta do exame, a Hemoglobina aplicada é uma média do açúcar no sangue nos últimos 3 meses. Ambos são disponíveis no SUS

A Hemoglobina aplicada, idealmente, deveria ser coletada a cada 3 meses (em caso dela estar acima do valor ideal, ou se houver mudança no tratamento do diabetes) ou a cada 6 meses (se a HbA1c estiver dentro da meta estabelecida, que normalmente é menor 7%). Valores de glicemia e de Hemoglobina aplicada acima das metas implicam em um risco aumentado de cegueira, amputações, falência dos rins, derrame cerebral e infarto do coração, que é a maior causa de morte na pessoa com diabetes.

• Colesterol total e frações e Triglicérides: 

Colhidos no sangue, medem a quantidade de gordura circulante, que é um marcador de risco de entupimento das artérias e veias. Assim, alteração de colesterol e triglicérides é também um fator de risco importante para doenças cardiovasculares (infarto e derrame) e potencializa esse risco em uma pessoa com diabetes. 

Atingir as metas de colesterol e triglicérides reduz os riscos da mortalidade em pessoas com diabetes. As metas de colesterol a serem alcançadas são diferentes das metas para pessoas sem diabetes, ou seja, são diferentes das trazidas pelo laboratório como valor de referência ideal. São exames disponíveis no SUS, A frequência, assim como a Hemoglobina glicada, depende se os níveis de colesterol estão dentro do alvo estabelecido.

• Avaliação dos Rins – Creatinina (no sangue) e relação urinária albumina-creatinina (em uma amostra isolada de urina): 

Devem ser feitos anualmente se estiverem normais e em intervalos mais curtos se alterados. Tem como finalidade avaliar a função dos rins. O fato de apessoa urinar bastante não quer dizer que esteja tudo bem. É através da dosagem de creatinina que é possível saber se o rim está filtrando a urina adequadamente. 

Já a relação urinária albumina-creatinina permite avaliar se a pessoa perde proteína (albumina) na urina, que é um marcador de que os vasos sanguíneos dos rins estão “machucados”, deixando passar proteína do sangue para a urina. São exames que se complementam, pois os rins podem estar filtrando bem a urina mas deixando passar proteína para a urina, ou o contrário, a filtração pode estar prejudicada sem que haja perda de proteína na urina. Ambos são disponíveis no SUS.

• Avaliação da saúde do Fígado – TGO, TGP e plaquetas: 

Colhidos no sangue, permitem estimar a probabilidade de que o fígado tenha algum grau de fibrose secundária ao depósito de gordura no fígado (esteatose hepática). A esteatose hepática é muito comum em quem tem diabetes e obesidade, e além de ser um fator de risco para cirrose, é também um fator de risco para doenças cardiovasculares. São disponíveis no SUS. Se alterados, podem indicar a necessidade de outros exames.

• Vitamina B12 (se em uso de metformina): 

Colhida no sangue, é uma vitamina (proveniente da carne) importante para o bom funcionamento dos nervos. A metformina, um dos principais tratamentos para o diabetes tipo 2, pode diminuir a absorção intestinal dessa vitamina, motivo pelo qual é fundamental uma monitorização periódica dessa vitamina no sangue. É disponível no SUS.

• Potássio (se em uso de remédios para a pressão): 

Colhido no sangue, sua monitorização anual é importante em pessoas com alteração na função dos rins, que podem ter dificuldade de eliminar o potássio, e para prevenir possíveis efeitos colaterais relacionados ao uso de medicamentos anti-hipertensivos. Também está disponível no SUS.

• TSH e anti-transglutaminase IgA (principalmente para quem tem diabetes tipo 1): 

Colhidos no sangue. Como o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, o risco da pessoa com diabetes tipo 1 desenvolver outras doenças autoimunes é um pouco maior do que a população geral. Daí investigar as principais doenças autoimunes, que são as alterações da função da tireoide (anualmente, identificada pelo TSH) e a doença celíaca (intolerância ao glúten, rastreada através da dosagem do anticorpo anti-transglutaminase IgA a cada 2 a 5 anos). São disponíveis no SUS.

Além dos exames laboratoriais, é fundamental realizar os seguintes exames, todos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde:

• Exame físico com destaque para a avaliação dos pés: realizado anualmente, pode identificar precocemente alterações que colocam o paciente em risco de amputação;

• Pressão arterial: em cada consulta, já que é muito comum estar alterada na pessoa com diabetes e é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares

• Peso: em cada consulta, já que a identificação e tratamento da obesidade repercute na prevenção de várias comorbidades e complicações relacionadas ao diabetes

• Retina através do fundo de olho: feito anualmente por um oftalmologista, pode identificar precocemente alterações imperceptíveis e assim evitar a cegueira

• Eletrocardiograma: para pesquisa de um infarto prévio silencioso e de arritmias, principalmente a partir dos 35 anos de idade. 

“Diabetes tipo 2, obesidade, alterações de colesterol e triglicérides, alteração da função dos rins e gordura no fígado são todas doenças crônicas e silenciosas, que reduzem a expectativa de vida e trazem prejuízo à qualidade de vida das pessoas quando evoluem para complicações crônicas (falência renal e necessidade de diálise, falência do fígado, cegueira, amputação de membros, infarto, derrame). As complicações crônicas são perfeitamente evitáveis através da monitorização regular e tratamento adequado.” Reforçou o endocrinologista Fernando Valente. 

A vigilância contínua da saúde, por meio desses exames, não apenas ajuda a manter o diabetes sob controle, mas também contribui para prevenir ou retardar complicações associadas à doença.

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