A história do soldado Matheus Wagner, de 32 anos, segue repercutindo e levantando questões importantes sobre a inclusão de pessoas com diabetes tipo 1 em carreiras policiais. Matheus, que atua há seis anos na Brigada Militar do Rio Grande do Sul, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 em 2017, enquanto ainda servia no Exército.
No ano seguinte, decidiu prestar concurso público para ingressar na corporação. Mesmo com a condição listada como fator de eliminação no edital, ele passou por todas as fases do processo seletivo, incluindo os exames físicos e psicológicos.
Durante a última etapa do concurso, a avaliação médica, Matheus decidiu informar sua condição ao médico responsável.
“Eu passei no exame físico, no teste psicológico, e todos os meus exames estavam dentro dos parâmetros exigidos, inclusive minha glicose em jejum, que era o único que poderia indicar o diagnóstico. Mesmo assim, estava normal. O médico me disse: ‘Fica tranquilo, você já passou nas demais fases, agora já está dentro”, relatou o policial.
A repercussão de sua história trouxe à tona o debate sobre a necessidade de revisar os critérios de eliminação em concursos públicos para a segurança pública. Matheus destaca que muitos candidatos com diabetes tipo 1 acabam desistindo por acreditar que não serão aceitos, mas que essa percepção pode ser mudada.
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“Muita gente veio falar comigo na época, perguntando como eu fiz para entrar. Eu sempre digo: faça o concurso! Tem muitas regras nos editais que podem ser questionadas judicialmente depois. A única batalha perdida é aquela que você não luta”, afirmou.
Ele também ressalta que sua experiência não é isolada. Após compartilhar sua trajetória, descobriu que muitos outros policiais e bombeiros convivem com diabetes tipo 1 e conseguiram ingressar nas corporações, mesmo com as restrições impostas pelos editais. “Eu não sou o único. Tenho colegas que conseguiram entrar depois do diagnóstico, mesmo com o edital dizendo que era condição incapacitante. Se a pessoa está bem controlada, tem preparo físico e psicológico adequados, não há motivo para eliminação automática”, comentou.
O caso de Matheus aponta para a importância de uma discussão mais ampla sobre os critérios médicos adotados em concursos públicos. Com os avanços no tratamento do diabetes, muitos profissionais conseguem desempenhar suas funções sem qualquer limitação. A exigência de um laudo médico atestando a aptidão pode ser uma alternativa mais justa do que a exclusão sumária baseada apenas no diagnóstico.
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