Compreender como a alimentação afeta a glicemia é uma das estratégias mais eficazes para melhorar o controle do diabetes. Mas muitos pacientes ainda têm dificuldade em entender os números apresentados pelos glicosímetros ou sensores contínuos. Segundo a nutricionista Tarcila Campos, especialista em educação em diabetes, medir a glicose apenas depois de comer não oferece uma visão completa sobre o impacto daquela refeição. Por isso, ela orienta: o ideal é realizar duas medições: antes da refeição e duas horas após seu início.
“Você tem que entender como a alimentação tá funcionando ali no seu corpo pra medicação que você faz uso. Minha dica é, começa antes e duas horas após o início da refeição. Por que que eu tô falando isso? Porque é completamente diferente a gente emitiu duas horas depois e deu 200, mas se o meu pré-prandial, que é o pré-refeição, tava 190. Você, na verdade, nas duas horas aumentou só 10 pontos”, afirma a especialista.
A importância do comparativo de glicose entre pré e pós-refeição
Não basta apenas olhar para um valor isolado. Muitas pessoas com diabetes se assustam com uma leitura de glicemia elevada após uma refeição e acabam acreditando que aquele alimento está causando picos, quando, na verdade, o nível já estava alto antes de comer. Tarcila alerta que, sem o dado do pré-refeição, o paciente perde um parâmetro essencial para avaliar corretamente.
“Quando você faz só uma medida isolada, que você não tem o pré, fica um pouco difícil. Às vezes você vai se colocar lá que aquela alimentação não está dando certo, mas você não tem o parâmetro de como você iniciou a refeição”, explica.
A recomendação é que a diferença entre o valor pré e o pós-refeição seja leve, de cerca de 30 a 40 mg/dL. Isso indica que a refeição foi equilibrada e adequada em termos de qualidade e quantidade de carboidratos, proteínas e gorduras.
Ferramentas de monitoramento da glicose: de sensores à glicemia capilar
Com o avanço da tecnologia, os sensores de glicose contínuos se tornaram aliados importantes para quem busca um controle mais fino da doença. No entanto, Tarcila destaca que, mesmo com equipamentos mais simples, como o glicosímetro tradicional de ponta de dedo, é possível fazer um bom acompanhamento, desde que as medições sejam feitas no momento certo.
“Monitorização glicêmica, seja pelos sensores, os mais modernos ou não, como o Tom vai trazer hoje, ou a própria glicemia capilar, medir pré e após duas horas o início da refeição, é um ótimo olhar para a gente entender se aquela refeição que você está fazendo, ela está ideal, tanto de combinação de nutrientes como de quantidade.”
Segundo ela, o mais importante é ter consistência e disciplina com os horários das medições. Isso permite identificar padrões de resposta do corpo e ajustar tanto o cardápio quanto a dose e o horário da medicação com mais precisão.
Alimentação e medicamentos precisam conversar entre si
Outro ponto reforçado por Tarcila é a importância de entender que o impacto da refeição está diretamente ligado à ação do medicamento em uso. O alimento e a medicação precisam estar em sintonia. Caso contrário, a pessoa pode interpretar mal os resultados e fazer mudanças inadequadas no plano alimentar ou na dosagem, com risco de hipoglicemias ou hiperglicemias.
“Você tem que entender como a alimentação tá funcionando ali no seu corpo pra medicação que você faz uso”, enfatiza.
Ou seja, a glicemia não é um número isolado, mas um reflexo de um sistema complexo que envolve o que se come, o quanto se come, a hora em que se come e como o corpo responde a isso.
Mais autonomia e menos frustração no controle do diabetes
Ao acompanhar a diferença entre o valor glicêmico antes e depois da refeição, o paciente ganha mais autonomia para entender como seu corpo reage e, assim, tomar decisões mais acertadas. Isso evita frustrações desnecessárias e melhora a adesão ao tratamento.
Além disso, o olhar educativo sobre os dados colhidos evita julgamentos e permite ajustar a rotina de forma mais leve e sustentável. O objetivo final não é só “ter um número bom”, mas encontrar um padrão saudável que possa ser mantido a longo prazo.
“A dica boa que é, tem uma diferença entre pré e pós? Que seja leve, de 30 a 40 pontos, e o público”, finaliza Tarcila, sugerindo que esse tipo de análise deve ser cada vez mais disseminada entre quem convive com o diabetes.
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