O pão costuma ser um dos primeiros alimentos que as pessoas pensam em cortar quando recebem o diagnóstico de diabetes. Afinal, ele é rico em carboidratos e tem um alto índice glicêmico, o que significa que eleva rapidamente a glicose no sangue. Mas será que é mesmo preciso abandonar o pão de vez? A resposta surpreende: não necessariamente.
Quem explica é a nutricionista especialista em educação em diabetes, Tarcila Campos. Segundo ela, não é preciso trocar o tipo de pão, mas entender como combinar o alimento com outros itens da refeição para equilibrar o índice glicêmico.
“Eu preciso trocar o tipo de pão porque fica muito nessa conta? Não, porque eu tenho como controlar o índice glicêmico do pão combinando ele com outros alimentos de índice glicêmico baixo“, orienta.
O papel da proteína na refeição com pão
Para Tarcila, um dos principais aliados nessa missão é a proteína.
“Proteína faz isso muito bem. Ah, eu posso pôr ovo, Tarsila? Pode. A partir do momento que eu pego esse pão e eu coloco o ovo junto, essa proteína vai deixar a absorção do carboidrato do pão mais lenta”, detalha.
Ela ainda reforça que, dessa forma, o pão deixa de ser um “vilão solitário”. Tarcila explica que o alimento sozinho tem pico glicêmico. O pão com ovo, por exemplo, pode ter o pico glicêmico, mas essa curva vai ser menor.
Na prática, o pão puro causa um pico glicêmico, ou seja, um aumento rápido da glicose. Já o pão com ovo também eleva a glicose, mas o pico se torna menor e a curva glicêmica fica mais suave. Isso ajuda muito na rotina de quem convive com o diabetes tipo 1 ou tipo 2.
Atenção às combinações do pão
Por outro lado, quando você junta pão com geleia, por exemplo, a história muda. Tanto o pão quanto a geleia são fontes de carboidrato.
“Normalmente, o meu café da manhã era um pão com geleia. O pão com geleia, eu tô juntando dois carboidratos. A geleia é feita de fruta. Eu tenho carboidrato ali também“, explica Tarcila.
Mesmo que a geleia tenha alguma fibra da fruta, ela ainda contribui para aumentar a carga de açúcar da refeição.
“Ah, mas ela tem a fibra da fruta. Tem. Mas eu estou juntando o carboidrato do pão com o carboidrato da geleia“, alerta a nutricionista.
Portanto, quem vive com diabetes precisa olhar para o prato como um todo, e não apenas para o tipo de pão. A escolha dos acompanhamentos faz toda a diferença na resposta do organismo.
Dicas para um café da manhã mais equilibrado
Além de incluir proteína como ovos, você também pode pensar em outras combinações que ajudam a controlar a glicemia. Queijos magros e até um pouco de abacate são opções que trazem gorduras e proteínas saudáveis, tornando a digestão dos carboidratos mais lenta.
Em vez de eliminar o pão da sua vida, aprenda a combiná-lo de forma mais inteligente. Afinal, com boas escolhas no prato, esse alimento pode continuar presente nas refeições, sem sustos na glicemia. E sempre vale lembrar: o acompanhamento de um nutricionista ou de um profissional de saúde é fundamental para ajustar a alimentação de acordo com as suas necessidades.
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