O famoso combo de hambúrguer, batata frita e refrigerante, comum nos cardápios dos fast foods, trazem consigo desafios que vão além da contagem de calorias. Entender como esses alimentos impactam a glicose é essencial para manter o controle da saúde e evitar complicações.
Fast Food: o papel do carboidrato e da gordura
Os alimentos típicos de fast food, como o hambúrguer e a batata frita, combinam grandes quantidades de carboidratos e gordura. Enquanto o carboidrato é rapidamente absorvido pelo organismo, elevando a glicose no sangue em poucos minutos, a gordura tem um comportamento diferente. Ela retarda a digestão e pode impactar a glicemia por um período mais prolongado, às vezes até oito horas após o consumo.
Para aqueles que usam insulina, especialmente quem tem diabetes tipo 1, essa combinação exige uma estratégia de controle mais elaborada. A aplicação da insulina deve ser feita com antecedência – cerca de 15 minutos antes da refeição – para conter o pico rápido da glicose causado pelos carboidratos.
Mas, devido ao efeito lento da gordura, pode ser necessário dividir a dose de insulina, aplicando uma parte antes de comer e outra hora depois, garantindo que a glicemia permaneça estável ao longo de várias horas.
Monitoramento constante da glicose
O consumo de fast food requer monitoramento constante da glicemia, principalmente para evitar hiperglicemias prolongadas. Para pessoas com diabetes tipo 2, o desafio pode ser ainda maior. Aqueles que não usam insulina precisam ser ainda mais cautelosos, já que o controle depende principalmente da produção endógena de insulina e de medidas alimentares. Substituir parte do combo, como escolher entre o hambúrguer ou as batatas fritas, pode ser uma estratégia para reduzir o impacto glicêmico.
Tomando decisões conscientes
Apesar das complexidades, pessoas com diabetes podem sim consumir alimentos de fast food, desde que estejam bem informadas e preparadas para lidar com os efeitos na glicemia. No entanto, é crucial que isso não se torne um hábito. O consumo deve ser uma exceção, e o planejamento é fundamental para evitar complicações.
Por fim, é importante lembrar que cada organismo reage de maneira única, e a experiência pessoal pode variar. Conversar com um nutricionista ou endocrinologista pode ajudar a ajustar as doses de insulina e as estratégias de controle, garantindo que a saúde seja mantida em primeiro lugar, mesmo em momentos de indulgência ocasional.
Estudo EPIC: O estudo EPIC (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition) é uma das maiores investigações já realizadas para investigar a conexão entre nutrição e doença crônica, envolvendo centenas de pesquisadores, mais de 500.000 participantes e doze anos de dados. O que os pesquisadores descobriram foi muito simples: carne (especialmente carnes processadas como bacon, frios, salsichas, cachorros-quentes e hambúrgueres) aumenta o risco de diabetes tipo 2, enquanto uma dieta rica em frutas e vegetais reduz o risco de diabetes. O estudo EPIC também revelou que a substituição de 5% da gordura saturada por frutose (de frutas ou fontes refinadas) reduz o risco de diabetes em 30%, e que a substituição de 5% da proteína por frutose reduz o risco de diabetes em 28%. Mesmo que as principais recomendações sugiram que comer glicose e frutose (de frutas) aumentará o risco de diabetes tipo 2, depois de estudar mais de meio milhão de pessoas, os pesquisadores da EPIC concluíram que esses monossacarídeos realmente diminuem o risco de diabetes tipo 2, especialmente quando são consumidos como substitutos de gordura saturada e alimentos ricos em proteínas.