Relógios medidores de glicose: Promessa ou Realidade?

A promessa de um relógio que elimina picadas no dedo para monitorar a glicose atrai pessoas com diabetes. Mas, propagandas enganosas proliferam online e criam expectativas irreais, além de colocarem a saúde em risco. Com isso, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) emitiu um alerta sobre os “relógios medidores de glicose” que circulam nas redes sociais. A promessa de monitoramento contínuo e não invasivo da glicose é tentadora para pessoas com diabetes, mas a SBD adverte que a tecnologia ainda não é confiável.

Essas propagandas asseguram medição precisa de glicose sem picadas, quando a tecnologia ainda é inválida e inconsistente. Termos vagos como “monitoramento contínuo” e “estimativa de glicose” mascaram a falta de confiabilidade dos dados. Imagens e vídeos manipulados criam a falsa impressão de precisão e confiabilidade. Depoimentos não verificados de usuários podem ser inventados ou distorcidos para influenciar a compra.

Baseando-se em dados imprecisos, pessoas com diabetes podem tomar decisões que prejudicam sua saúde, atrasando o diagnóstico e tratamento de problemas glicêmicos graves. A frustração e desmotivação com a falha na tecnologia podem levar à desistência do monitoramento da glicose.

É importante conscientizar a população sobre os perigos das propagandas enganosas e a necessidade de consultar fontes confiáveis. Órgãos de defesa do consumidor e a ANVISA devem intensificar a fiscalização e punir empresas que promovem produtos com informações falsas. Profissionais de saúde devem orientar pacientes sobre as tecnologias de monitoramento de glicose e como identificar propagandas enganosas.

Para se proteger, desconfie de promessas mirabolantes, pesquise a fundo em fontes confiáveis como sociedades médicas, órgãos regulatórios e estudos científicos. Consulte seu médico para que ele indique o método ideal para monitorar sua glicose.

Existem dois tipos de relógios:

• 1. Espelhamento de dados

Esses relógios não medem a glicose diretamente. Eles apenas exibem dados de um sensor inserido no tecido subcutâneo, similar a outros sistemas de monitoramento contínuo de glicose (MCG). A vantagem é a praticidade de ter a informação no pulso, mas a tecnologia de medição em si não é nova.

• 2. Medição não invasiva

Esses relógios prometem medir a glicose sem a necessidade de sensores ou picadas. A SBD, no entanto, destaca que a tecnologia ainda está em desenvolvimento e não há comprovação científica de sua confiabilidade.

Cuidados

Estudos demonstram que a correlação entre os valores medidos por esses relógios e a glicose real no sangue ainda é baixa. Isso pode levar a decisões terapêuticas incorretas e comprometer o controle do diabetes. Fatores como temperatura corporal, sudorese e reações alérgicas podem interferir na leitura, tornando ainda mais imprecisa. A SBD alerta que a utilização de tecnologias não validadas pode levar a decisões erradas e prejudicar a saúde das pessoas com diabetes.

A SBD não recomenda o uso de relógios para medição de glicose, especialmente os que prometem medição não invasiva. Pessoas com diabetes devem consultar seu médico antes de utilizar qualquer nova tecnologia para monitoramento da glicose. O monitoramento capilar de glicose e os sistemas de MCG* validados continuam sendo as opções mais confiáveis para o controle do diabetes.

A promessa de um relógio que mede a glicose de forma não invasiva é empolgante, mas a tecnologia ainda não está pronta para o uso real. Pessoas com diabetes devem ter cautela com as promessas mirabolantes e buscar orientação médica antes de investir em novas tecnologias.

É importante frisar que a SBD não é contra o desenvolvimento de novas tecnologias para o monitoramento da glicose, mas que é fundamental que estas tecnologias sejam validadas por estudos científicos antes de serem comercializadas.

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Referência:

• Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD): https://profissional.diabetes.org.br/esclarecimento-sobre-os-relogios-medidores-de-glicose-divulgados-em-redes-sociais/
• *Os sistemas de MCG profissionais coletam dados contínuos sobre a glicemia durante um período (72 horas até 14 dias). Os profissionais de saúde utilizam essas informações para fazer recomendações de tratamento. Os sistemas de MCG profissionais não informam dados à pessoa com diabetes.