Maurílio Goeldner
Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br
Eles até parecem mas será que são iguais? Ozempic e Monjauro são dois medicamentos amplamente utilizados no tratamento do diabetes tipo 2. Ambos desempenham um papel fundamental na gestão dessa condição, mas existem algumas diferenças importantes entre eles que podem influenciar a escolha do tratamento.
Uma das diferenças mais notáveis entre Ozempic e Monjauro está no seu mecanismo de ação. Ozempic é classificado como um análogo do GLP-1 (Glucagon-Like Peptide 1), enquanto Monjauro atua como um agonista duplo, afetando tanto o GLP-1 quanto o GIP (Gastric Inhibitory Peptide). “Esses são hormônios que desempenham um papel crucial na regulação dos níveis de glicose no sangue. Tanto o GIP quanto o GLP-1 são hormônios secretados pelo intestino em resposta à carga de nutrientes. Eles são responsáveis pelo efeito das incretinas, que melhora a secreção de insulina após uma refeição”, explica a endocrinologista Denise Franco.
Um estudo clínico de fase 2 comparou a eficácia e segurança de Monjauro com a semaglutida 1mg, uma forma de Ozempic. O estudo abrangeu 40 semanas e envolveu cerca de 1900 pacientes adultos com diabetes tipo 2. No início do estudo, os pacientes tinham, em média, diabetes por 8,6 anos, uma taxa de açúcar no sangue de 8,28% e peso corporal de 93,7kg.
Os resultados foram apresentados no American Diabetes Association (ADA) em 2022 e mostraram algumas diferenças significativas na eficácia. “Monjauro se destacou no controle glicêmico e na perda de peso em todas as doses estudadas (5mg, 10mg e 15mg). Por exemplo, 51% dos pacientes que utilizaram Monjauro 15mg alcançaram níveis de açúcar no sangue (HbA1c) inferiores a 5,7%, um índice encontrado em pessoas sem diabetes, enquanto apenas 20% atingiram esse resultado com semaglutida”, explica a médica.
Além da eficácia, Monjauro também demonstrou ser mais rápido em proporcionar resultados para os pacientes. Os participantes do estudo que usaram qualquer dose de Monjauro atingiram a meta de um índice glicêmico abaixo de 7% em apenas oito semanas, quatro semanas mais rápido do que os que usaram semaglutida. Da mesma forma, Monjauro permitiu que os pacientes atingissem metas de redução de peso mais rapidamente em comparação com semaglutida.
Perda de peso:
Um ponto notável é que os pacientes que usaram Monjauro perderam 12,4 quilos, o dobro da perda de peso apresentada por semaglutida. Isso pode ser uma consideração importante para pacientes que precisam controlar seu peso, além do diabetes.
O perfil de segurança geral de Monjauro foi semelhante à bem estabelecida classe de agonistas do receptor do GLP-1, como Ozempic. Nos diversos braços de tratamento, os eventos adversos mais comumente relatados estavam relacionados ao trato gastrointestinal.
É importante notar que ambos os medicamentos são administrados através de injeções semanais, o que oferece conveniência para os pacientes em relação à administração.
