Lorenzo Barros, de 11 anos, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 7 anos, após um episódio inesperado. Um acidente doméstico revelou algo muito mais sério: durante a ida ao hospital, seu exame de glicemia apontou quase 300 mg/dL, um nível alarmante.
“Ele brincava na sala quando levou uma mordida do nosso cachorro. Ao chegar no hospital, aferiram o destro e estava quase 300”, relembra Fabiana Barros, mãe de Lorenzo e cirurgiã-dentista.
O diagnóstico foi devastador para Fabiana. “Talvez tenha sido a maior dor que já senti na vida”, confessa. Ela imediatamente mergulhou em estudos sobre a condição do filho, especialmente os perigos da hipoglicemia noturna.
“Passei dois anos tomando a dose máxima de Alprazolam por dia para poder lidar com as noites de insônia e depressão”, revela, compartilhando o medo constante de perder o filho durante o sono.
A rotina de Lorenzo após o diagnóstico do diabetes
Desde então, a vida de Lorenzo e Fabiana mudou completamente. A mãe passou a monitorar constantemente a glicemia do filho, a controlar a alimentação e a administrar insulina. A rotina de cuidados é intensa e exige vigilância constante.
A mãe detalha que aplica a insulina, espera 15 minutos antes das refeições, corrige a glicemia pós-prandial, e escolhe cuidadosamente a última refeição do dia para evitar picos de hiper ou hipoglicemia durante a madrugada. “O maior desafio é manter a glicemia dentro do intervalo, sem ter picos de hiper e hipo. Um simples resfriado altera completamente as doses de insulina”, explica.
Além disso, Fabiana se preocupa em deixar sempre à mão itens essenciais, como balas, sucos, sachês de glicose, chocolate e doce de leite, para tratar rapidamente episódios de hipoglicemia.
Ela também prepara um kit de primeiros socorros para qualquer saída de casa e ajustou a rotina noturna, com Lorenzo dormindo em seu quarto para que ela possa ouvir o alarme do sensor de glicose. “Tem dias que parece que a insulina não faz efeito, por outro lado, tem dias que a dose de insulina está alta demais. Encontrar o equilíbrio é um desafio constante”, ressalta.
Milhares de seguidores no TikTok: vídeos da rotina da mãe pâncreas viralizam
Apesar dos desafios diários, Fabiana encontrou uma forma de transformar sua dor em força ao compartilhar a rotina de Lorenzo nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde possui um perfil (@fabiana.barros) dedicado a rotina dela e do filho.
Atualmente ela acumula mais de 203 mil seguidores e mais de 9 milhões de curtidas no seu perfil na plataforma.
“Compartilhar a rotina do Lolo nas redes sociais me ajudou a aceitar o diagnóstico e dar o meu melhor pra ele”, conta. Nos vídeos, Fabiana mostra como Lorenzo pode se alimentar como qualquer outra criança, desde que receba a quantidade correta de insulina.
Ela também aproveita a plataforma para educar sobre as diferenças entre diabetes tipo 1 e tipo 2, mostrando gráficos do sensor de glicose, explicando como corrigir a hipoglicemia e detalhando os desafios enfrentados por uma “mãe pâncreas” 24 horas por dia.
Fabiana percebeu que sua presença online gera um impacto significativo. “Pessoas que viram os vídeos levaram os filhos para fazer exames após terem sintomas semelhantes aos do Lolo”, comenta. Ela também recebe mensagens de outras famílias que, inspiradas pelo conteúdo, mudaram protocolos de tratamento, ajustando medidas e doses de insulina para melhor controlar o diabetes. “Agora, sabem que podem contar com o SUS para pegar os insumos e ajudar a custear o tratamento”, acrescenta.
A exposição nas redes sociais não apenas ajudou Fabiana a lidar com a condição do filho, mas também contribuiu para reduzir o preconceito e aumentar a empatia em relação às pessoas com diabetes. “Por outro lado, existe o julgamento de pessoas sem informação, que não sabem diferenciar os tipos de diabetes e consideram que todos seguem o mesmo tratamento”, reflete. No entanto, ela reconhece que a maioria das pessoas tenta mostrar empatia e oferece palavras de apoio.
Em um de seus vídeos mais vistos mostrando a rotina do Lolô, Fabiana mostra um dia de cuidados e monitorização da glicose do filho. Em apenas um dia, ele teve hiper e hipoglicemia.
Apesar dos desafios, a mãe pâncreas, com muito amor e cuidado, dedica seu dia para ajudar o pequeno a ter uma ótima qualidade de vida e fazendo o tratamento adequado do diabetes.
Embora o futuro ainda reserve incertezas, Fabiana mantém a esperança na cura para o diabetes tipo 1. Ela acredita que as células-tronco sejam a chave para essa cura e, por isso, já tomou providências para coletar células-tronco do cordão umbilical de sua bebê que está por nascer. “Acredito muito que as células-tronco sejam a melhor saída”, afirma.