Aspirina ajuda a reduzir risco de diabetes tipo 2 em idosos, diz novo estudo

Tratamento

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

A utilização de uma baixa dose de aspirina – 100 mg por dia – está associada a uma redução de 15% no risco de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com um novo estudo que será apresentado em outubro, na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) em Hamburgo, na Alemanha.

Foram analisados na pesquisa mais de 16 mil pessoas com mais de 65 anos de idade, sem histórico de doenças cardiovasculares, limitações físicas incapacitantes ou doenças cognitivas como a demência. Os idosos foram divididos em dois grupos, sendo que metade tomou aspirina e a outra parte recebeu um placebo. O resultado veio depois de cinco anos: 995 pessoas receberam o diagnóstico de diabetes, sendo 459 entre as que tomaram aspirina, em comparação com 536 no grupo do placebo – redução de 15%. “A pesquisa examinou o efeito do tratamento aleatório com uma dose baixa de aspirina na ocorrência de diabetes e nos níveis de glicose no plasma em jejum em adultos mais velhos”, disseram os autores do estudo, que foi conduzido pela professora Sophia Zoungas, da Universidade Monash, em Melbourne, Austrália. A explicação para isso está nas propriedades da aspirina: o medicamento reduz a inflamação, um dos principais impulsionadores do diabetes.

O estudo também concluiu que as pessoas que tomaram o remédio apresentavam uma taxa de aumento mais lenta nos níveis de glicose plasmática em jejum.

Quem deve tomar

Os próprios pesquisadores sugerem a necessidade de mais pesquisas sobre o papel dos agentes anti-inflamatórios, na prevenção do diabetes e ressaltam que a aspirina só é indicada para quem já toma o remédio. “É importante ressaltar que o uso diário de aspirina deve ser feito apenas sob orientação médica, uma vez que o medicamento pode aumentar o risco de sangramento”, alerta a pesquisa.

A aspirina

Aspirina é o nome comercial do medicamento que tem como substância ativa o ácido acetilsalicílico, indicado para alívio de dores e da febre.

De acordo com a bula é indicada para o alívio sintomático de dores de intensidade leve a moderada, como dor de cabeça, dor de dente, dor de garganta, dor menstrual, dor muscular, dor nas articulações, dor nas costas e dor da artrite e alívio sintomático da dor e da febre nos resfriados ou gripes.

O medicamento pertence ao grupo de substâncias anti-inflamatórias não-esteroides, com propriedades anti-inflamatória (atua na inflamação), analgésica (atua na dor) e antitérmica (atua na febre). O ácido acetilsalicílico inibe a formação de substâncias mensageiras da dor, as prostaglandinas, propiciando alívio da dor.

Nenhum remédio deve ser tomado sem orientação médica.

O estudo descobriu que pessoas com mais de 65 anos que tomavam uma dose baixa de 100 mg do remédio por dia tinham 15% menos probabilidade de terem diabetes tipo 2.

Os especialistas acreditam que isso ocorre porque o medicamento reduz a inflamação, um dos principais impulsionadores da doença.

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Os pesquisadores disseram que os resultados mostram que remédios anti-inflamatórios, como a aspirina, justificam mais estudos sobre prevenção do diabetes

No entanto, os pesquisadores alertaram que o medicamento só deve ser tomado diariamente se o médico assim orientar, já que há risco aumentado de sangramento em idosos.

Detalhes do estudo

Os pesquisadores queriam testar o efeito da aspirina no diabetes e os níveis de açúcar no sangue após um período sem comer – entre adultos mais velhos.

Eles analisaram mais de 16 mil pessoas que eram saudáveis no início do período do estudo, sendo que metade recebeu 100 mg de aspirina por dia e as outras receberam placebo.

Cerca de cinco anos mais tarde, 995 pessoas receberam o diagnóstico de diabetes, sendo 459 entre as que tomaram aspirina, em comparação com 536 no grupo do placebo – uma redução de 15%.

Descobriu-se também que elas apresentavam uma taxa de aumento mais lenta nos níveis de glicose plasmática em jejum.

Os autores do estudo disseram que os resultados mostram que os agentes anti-inflamatórios, como a aspirina, justificam estudos mais aprofundados na prevenção da diabetes.

A pesquisa seguiu um estudo anterior que descobriu que a aspirina diária aumentava o risco de sangramentos internos em 38%, sem reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames.

Após essa descoberta, as principais diretrizes de prescrição passaram a recomendar que os idosos tomem aspirina diariamente apenas quando houver uma razão médica para isso, como após um ataque cardíaco.

Em um período de acompanhamento de 4,7 anos, foram registrados 995 casos de diabetes, sendo que 459 estavam no grupo da aspirina e 536 na parte do placebo. Ou seja, o grupo que tomou o medicamento apresentou uma diminuição de 15% na incidência de diabetes.

“A pesquisa examinou o efeito do tratamento aleatório com uma dose baixa de aspirina na ocorrência de diabetes e nos níveis de glicose no plasma em jejum em adultos mais velhos”, disseram os autores do estudo liderado pela professora Sophia Zoungas, da Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva da Universidade Monash, em Melbourne, Austrália

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