Maurílio Goeldner
Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br
A hipoglicemia é quando os níveis de açúcar no sangue caem rapidamente e podem causar sintomas como tontura, fraqueza e confusão. Até em casa há o risco de sofrer um acidente. Mas se você está dirigindo um carro, ter uma crise de hipoglicemia é muito mais perigoso.
Antes de tudo precisamos saber que monitorar a glicemia é a única forma de confirmar que está uma crise. Essa monitoração pode ser por sensor ou o exame da ponta do dedo. Entretanto, na impossibilidade de medir a glicemia e na presença dos sintomas o indicado é fazer o tratamento mesmo assim. E isso vale para quem está no trânsito. Ao sentir tremores, suor frio, tonturas, palpitações cardíacas e desorientação o mais indicado é estacionar o carro, num local seguro e ventilado, beber água e procurar ajuda.
Aí vale tentar corrigir a hipoglicemia. A endocrinologista Monica Gabbay lembra qual a melhor forma de fazer isso: “A hipoglicemia a gente corrige com carboidrato rápido suco, refrigerante, mel ou diretamente com a glicose, açúcar”. Vale então ter no carro uma bala mole, uma lata de suco ou até mesmo um sachê daqueles de açúcar.
Outra dica é medir a glicose antes de dirigir. Obviamente, não beber álcool. Prestar atenção na alimentação, então não ficar longos períodos sem comer e não pular refeições.
Os níveis de hipoglicemia
O sinal de atenção para evitar a hipoglicemia é quando a glicose chega aos 70 miligramas por deciclitro. Disso, muitos já estão conscientes, felizmente, porque é a partir daí que medidas devem ser tomadas. Mas, o que a maioria das pessoas ainda não sabe é que existem variações de hipoglicemia, que oferecem diferentes níveis de risco à saúde do diabético.
No nível 1 é quando a glicose está entre 69 e 54 miligramas por decilitro a pessoa já está em uma crise de hipoglicemia. Mas, nesses casos, os sintomas são mais leves e a pessoa tem mais tempo e tranquilidade para agir. É preciso fazer contas para a reposição da glicose. No caso de um adulto, por exemplo, 15 gramas de carboidrato bastariam para completar o nível seguro de açúcar no sangue. Já para criança, o melhor é que um médico indique qual a quantidade ideal para que ela saia desse nível de hipoglicemia.
No nível 2 a situação fica mais séria, porque os sintomas também começam a ficar mais fortes. Quando a glicose fica entre 54 e 50 miligramas por deciclitro a pessoa pode sentir fortes tonturas, náusea, fome e pode até desmaiar. Para evitar que o quadro piore é necessário agir de forma mais incisiva e repor o carboidrato rapidamente.
E tem ainda o nível 3 que é definitivamente, o caso mais sério. A glicose está abaixo de 50 miligramas por decilitro e, a essa altura, a pessoa corre o risco de desmaiar ou ter convulsões. Na situação de crise de hipoglicemia grave é melhor não perder tempo e levar a pessoa diretamente ao pronto-atendimento.
Alguns médicos orientam, por exemplo, o uso do Glucacon, que é um hormônio que age de forma contrária à insulina. Enquanto a insulina pega o excesso de glicose do sangue e coloca dentro da célula, ou seja, reduzindo o açúcar, o Glucacon vai elevar a glicose na corrente saguínea. Mas é importante saber manuseá-lo, caso contrário, melhor não arriscar e buscar o atendimento médico.
Prevenindo as crises
No caso das pessoas com diabetes que usam insulina, é bom seguir os horários definidos para a aplicação das doses e jamais fazer alguma mudança como deixar de tomar, aumentar ou diminuir a quantidade das doses, sem antes consultar seu médico. O alerta é do endocrinologista Victor Almeida. “A insulina pode ser um desencadeador das crises, por ter o efeito de abaixar o nível de glicose no sangue. Às vezes, o corpo pode reagir diminuindo a taxa mais do que o necessário, causando a crise. Além da insulina, algumas medicações podem levar a queda excessiva da glicose no sangue. Alguns exemplos são a Glimepirida, a Gibenclamida e a Glicazida. Se você teve algum sintoma da crise após iniciar um tratamento com alguma dessas medicações, consulte seu médico”, afirma o especialista.
Hipoglicemia assintomática
Mas e se a hipoglicemia não apresentar sinais? Monica Gabbay também alerta para uma situação comum nas pessoas que apresentam esse quadro frequentemente. Elas podem perder a capacidade de reconhecer que está tendo hipoglicemia. “É importante que essa pessoa resgate esses sintomas que percebam a hipoglicemia. Pra isso muitas vezes a gente precisa permitir que esse paciente fique com um nível glicêmico um pouco mais alto no dia a dia para que se resgate novamente a percepção dos sintomas de hipoglicemia”, explica a endocrinologista. Ela alerta que mesmo sendo comum nos pacientes a hipoglicemia não é normal: “É importante que cada paciente conheça os seus sintomas de hipoglicemia e monitore mais perto pra que não chegue a hipoglicemia assintomática. O paciente com hipoglicemia assintomática tem um risco enorme de ter hipoglicemia grave”.
Dicas para prevenir crises de hipoglicemia: |
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tenha sempre uma bala mole ou algum doce de rápida absorção |
não fique longos períodos sem comer |
não coma pouco ou deixe de se alimentar em alguma refeição |
não faça atividades físicas sem se alimentar antes |
não aumente a quantidade de exercícios sem consultar seu médico |
evite beber álcool |
sempre tenha o medidor de glicose em mão e faça o teste antes de dirigir |