Uma família, três diagnósticos: a rotina de pai, filho e pet que convivem com o diabetes

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O educador físico Bruno Bolinelli, de 42 anos, viveu uma reviravolta inesperada dentro da própria casa. Diagnosticado com diabetes tipo 1 há quase 15 anos, ele sempre soube dos desafios que a condição impõe. No entanto, a realidade tomou um novo rumo na família em outubro de 2024, quando seu filho, Giovani, de apenas 7 anos, recebeu o mesmo diagnóstico. Mas não parou por aí! Apenas dois meses depois, a família foi surpreendida novamente: o cachorro da casa também foi diagnosticado com a condição. A sequência de eventos pegou todos de surpresa e transformou completamente a dinâmica familiar.

O que já era uma rotina de monitoramento e controle glicêmico para ele, passou a ser uma preocupação redobrada com o filho e, de maneira inesperada, até com o pet. A história de Bruno não é apenas sobre o impacto do diabetes em sua vida, mas sobre como ele encontrou força para transformar desafios em aprendizado, sempre buscando incentivar a educação em diabetes e o papel essencial da atividade física no tratamento.

Um diagnóstico inesperado: de pai para filho

Desde a gravidez da esposa, Bruno e a família já tinham uma preocupação sobre a possibilidade do filho também desenvolver diabetes. O receio virou realidade em outubro de 2024, quando Giovani começou a apresentar sintomas característicos. Foi durante uma madrugada que os primeiros sinais surgiram.

Então foi uma madrugada que ele passou urinando muito, né? E aí a minha esposa falou pra mim, a hora que eu fui levar ela pra trabalhar, ela falou assim, ó: ‘o Giovanni ficou urinando muito à noite. Mede aa glicemia dele.’ Então eu levei ela pra trabalhar, a hora que eu voltei em casa medir. Aí tava já 303, se eu não me engano. Aí já acendeu o alerta, né?

Giovani e Bruno usando sensores de glicose. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A confirmação veio de maneira rápida. Bruno, já experiente na rotina de diabetes, levou o filho até a endocrinologista que o acompanha há anos, e o diagnóstico foi praticamente imediato. “Chegando lá, a gente fez, refez a ponta de dedo e deu 350. Ela já olhou pra mim, já balançou a cabeça, falou assim: ‘ó, não precisa nem fazer os exames’, quer dizer, mesmo sem fazer os exames, já tô adiantando pra você, ele tem diabetes também, né?“. Apesar do impacto inicial, Bruno encarou a situação com naturalidade, ciente de que o mais importante seria manter o controle e ensinar o filho a lidar da melhor forma possível com a nova realidade.

Por enquanto, Giovani está na chamada “fase de lua de mel”, período em que o pâncreas ainda produz insulina de maneira parcial.

Então, a gente está conseguindo controlar bem, praticamente só com a alimentação. Ele ainda não está tendo muito problema. Quando sobe a glicemia dele, baixa praticamente sozinha. Depois de uma, duas horas, ela já retorna. Então, por enquanto, a gente está em um período mais tranquilo. Eu sei que é provisório, sei que é uma contagem regressiva.

O diagnóstico no pet da família

A surpresa, no entanto, não parou por aí. Apenas dois meses depois do diagnóstico de Giovani, o cachorro da família começou a apresentar os mesmos sintomas. Inicialmente, Bruno e a esposa resistiram à ideia de que o pet também pudesse ter diabetes, mas os sinais eram cada vez mais evidentes.

A gente ficou acompanhando os sintomas. Ele ficava urinando muito e meio quieto. Falei: ‘não, não é possível, não pode ser.’ E aí a gente, até minha esposa pensou a mesma coisa que eu, eu pensei isso, ela também, e a gente depois que um falou pro outro, eu não queria fazer o exame nele. Eu falei assim, não, não é possível. Eu vi um dia, falei, não, não é possível que é isso. Aí vi outro dia, vi o terceiro dia, falei, não, não é possível que é isso.

A confirmação veio antes de uma viagem da família. “Então deu uns 3, 4 dias que a gente ficou ignorando. Eu falei com a minha esposa: a gente vai viajar, a gente precisa fazer um exame nele, porque e aí? Ele vai ficar aqui sozinho, sem ninguém pra cuidar dele, né? Aí fizemos e deu a glicemia dele lá pra 500 e pouco e aí, enfim, aí bora a gente aprender a lidar com o cachorro também, né?”

A rotina da família com o diabetes

Com três membros da família convivendo com diabetes, a rotina precisou ser adaptada. Bruno usa o sensor Freestyle Libre e segue um tratamento com insulina basal e de ação rápida. “Eu uso o Libre. Então estou sempre acompanhando a glicemia, fazendo as medições, né? Aquela preocupação antes de treinar, antes de comer, enfim. Eu uso a Lantus de basal e a Lispro de rápida.

O filho, por outro lado, ainda não precisa de insulina, o que facilita a gestão no momento. Para tornar a adaptação mais natural, Bruno sempre fez questão de incluir Giovani no processo de seu próprio tratamento desde pequeno.

Eu sempre fiz questão de chamar ele e mostrar a ponta de dedo. Fiz questão de chamar ele e mostrar eu aplicar insulina. Então desde pequenininho eu chamava: ‘vem cá, Gigi, vem ver, olha aqui, olha! Tá vendo essa agulhinha? É o remedinho do pai’, não sei o quê,’ sempre assim. Então, na verdade, na verdade, ele encarou também com muita naturalidade.

Educação em diabetes e o papel da atividade física

Bruno, que trabalha como professor de educação física e treinador esportivo, sempre defendeu a importância da atividade física no controle do diabetes. Dentro da Associação de Diabetes de Catanduva, no interior de São Paulo, ele conduz lives e entrevistas com atletas diabéticos, reforçando o papel do exercício como parte essencial do tratamento.

A atividade física, a medicação, a alimentação e a saúde mental. Então, esses quatro pilares amarrados com educação em diabetes. Então a gente faz esse trabalho de educação de diabetes tentando promover, motivando esse pensamento, esse tipo de atitude em relação ao diabetes.

Ele também alerta para o alto índice de abandono da prática esportiva por pessoas com diabetes, muitas vezes por falta de conhecimento sobre como manejar a glicemia durante os treinos. “Tanto que tem dados mostrando assim, é coisa de 70% das pessoas com diabetes não fazem atividade física pelas barreiras da condição. Então ela vai fazer, ela passa mal, ela tem hiper, ela tem hipo e ela desiste logo. Porém, ela ter hiper e ter hipo passa pelo desconhecimento da condição.

Para ele, é essencial que a atividade física seja vista como parte do tratamento e seja feita com orientação profissional. “Eu defendo essa bandeira que ela faz parte do tratamento, a atividade física faz parte, ela não é um acessório, ela faz parte do tratamento. Mas ela necessita de uma orientação profissional, de uma pessoa especializada.

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