Uma pesquisa publicada na Science Advances revelou um avanço promissor para o tratamento do diabetes tipo 1. Cientistas da Weill Cornell Medicine e da Hofstra University, nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica inovadora que melhora a vascularização das ilhotas pancreáticas antes do transplante. Isso garante maior sobrevida e funcionalidade das células responsáveis pela produção de insulina, oferecendo uma alternativa viável ao transplante hepático tradicional.
O desafio da vascularização no transplante de ilhotas
O transplante de ilhotas pancreáticas é uma opção terapêutica para pacientes com diabetes tipo 1 grave, ajudando a restaurar a produção de insulina. No entanto, um dos maiores desafios dessa abordagem é a rápida degeneração das ilhotas após o transplante, causada pela falta de vasos sanguíneos adequados para sustentá-las.
As ilhotas pancreáticas representam apenas 2% da massa do pâncreas, mas recebem até 20% do fluxo sanguíneo do órgão, essencial para sua sobrevivência e função. Quando removidas para transplante, perdem rapidamente essa vascularização e, consequentemente, sua capacidade de secretar insulina.
A solução inovadora: ilhotas pré-vascularizadas
A técnica desenvolvida pelos pesquisadores consiste em cultivar ilhotas humanas junto com células endoteliais reprogramadas (R-VECs). Essas células formam uma rede vascular dentro e ao redor das ilhotas, garantindo um suprimento sanguíneo funcional após o transplante. Como resultado, as células beta—responsáveis pela produção de insulina—passam a funcionar de forma mais eficiente.
Nos experimentos realizados, os camundongos diabéticos que receberam essas ilhotas vascularizadas apresentaram uma normalização nos níveis de glicose no sangue. Quando os enxertos foram removidos, os níveis de glicose voltaram a subir, confirmando que o controle glicêmico era proveniente das ilhotas transplantadas.
Resultados promissores para o diabetes
Os principais achados do estudo incluem:
- Melhoria na funcionalidade das ilhotas: As ilhotas vascularizadas apresentaram secreção dinâmica de insulina em resposta à glicose, reproduzindo o comportamento normal do pâncreas.
- Transplante subcutâneo bem-sucedido: A técnica permitiu que ilhotas humanas transplantadas sob a pele sobrevivessem e regulassem a glicose no sangue de camundongos diabéticos.
- Integração com a circulação do hospedeiro: As células endoteliais reprogramadas formaram conexões com os vasos sanguíneos do organismo receptor, garantindo um suprimento contínuo de sangue às ilhotas.
O futuro da terapia com ilhotas pancreáticas para o diabetes
A abordagem descrita pelos cientistas pode revolucionar o transplante de ilhotas pancreáticas, tornando-o mais viável e eficiente. Atualmente, esse tipo de transplante é feito principalmente no fígado, onde enfrenta desafios como a resposta inflamatória e a dificuldade de manter a funcionalidade das ilhotas a longo prazo.
O espaço subcutâneo se mostra uma alternativa promissora, pois permite fácil acesso ao enxerto para monitoramento e, se necessário, remoção. Além disso, a vascularização artificial melhora a sobrevida das células transplantadas, o que pode aumentar a eficácia do tratamento.
Se confirmada sua eficácia em humanos, essa técnica pode representar um avanço significativo para pacientes com diabetes tipo 1, reduzindo a necessidade de injeções diárias de insulina e melhorando a qualidade de vida.

Participe do CANAL e receba as principais notícias na palma da sua mão.
Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.