Uma onda de calor começou a tomar conta de parte do Brasil nesta semana. Com projeções de sensação térmica passando de 60°C, a atenção e o cuidado com o tratamento do diabetes no calor devem ser redobrados. Seja no armazenamento de insulina e no controle da glicemia, tudo pode ser uma pedra no sapato de quem convive com diabetes e enfrenta o calor. Por isso, é preciso ficar em atenção aos sinais.
Risco de hipoglicemia
A endocrinologista ainda explica que o calor excessivo pode levar a um maior risco de hipoglicemia, especialmente em quem faz uso de insulina. “A elevação do índice de calor foi correlacionada com um aumento nas internações e atendimentos de emergência por hipoglicemia grave. Esse risco é ainda maior em idosos, que apresentam maior vulnerabilidade à desidratação e à variabilidade glicêmica.“, destaca a médica.
Outro fator importante é a influência do calor na absorção da insulina. Em temperaturas elevadas, a vasodilatação faz com que o medicamento seja absorvido mais rapidamente pelo organismo, o que pode antecipar seu efeito e favorecer quedas bruscas na glicose. Curiosamente, algumas pesquisas indicam que, em determinados cenários, o calor pode até melhorar temporariamente o controle glicêmico. Um estudo realizado durante uma onda de calor na Espanha apontou que adultos com diabetes tipo 1 apresentaram um tempo maior dentro da faixa-alvo de glicemia durante o período mais quente. No entanto, esse efeito parece ser passageiro e pode vir acompanhado de desafios no período subsequente.
Conservação de insulinas
A relação entre o diabetes e as altas temperaturas tendem a desregular a glicemia, além de afetar todo processo biológico que o corpo já sofre pelas consequências do calor, como a pressão baixa, inchaço e indisposição. Com sensações térmicas que podem alcançar 65°C nas regiões sul e sudeste, a endocrinologista, Denise Franco, chamou a atenção para as insulinas, que, segundo algumas fabricantes, não podem ser expostas a uma temperatura maior que 35°C.
“É importante falar que, no calor, principalmente a conservação das insulinas, elas têm que ter mais cuidado, porque às vezes, a gente deixa fora da geladeira, mas expõe as insulinas a uma temperatura mais forte.“
Impactos em crianças e adolescentes
Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 também precisam de atenção especial. A exposição prolongada ao calor somada ao aumento das atividades ao ar livre pode resultar em um maior tempo com glicose abaixo dos níveis ideais, aumentando o risco de hipoglicemia.
O impacto do calor na glicemia não se limita apenas a quem tem diabetes. Pesquisas indicam que mesmo pessoas saudáveis podem apresentar picos de glicose após as refeições em dias extremamente quentes, o que sugere uma alteração na tolerância à glicose causada pelo clima.
Como amenizar os efeitos do calor?
Para minimizar os riscos durante ondas de calor, é essencial adotar algumas precauções.
- O monitoramento da glicemia deve ser intensificado, principalmente para aqueles que utilizam insulina;
- A hidratação constante também é crucial, já que a desidratação pode levar a um aumento na concentração de glicose no sangue e reduzir a eficácia da insulina;
- Ajuste das doses de insulina conforme a necessidade, considerando o risco aumentado de hipoglicemia.
- Evitar exercícios físicos intensos nos horários mais quentes do dia, prevenindo quedas abruptas na glicemia.
“O planejamento adequado e o acompanhamento contínuo são essenciais para minimizar riscos e garantir um manejo eficaz do diabetes em condições climáticas adversas.“, conclui Dra. Denise Franco. A orientação médica e a adoção de hábitos preventivos são essenciais para evitar complicações e garantir a qualidade de vida de quem convive com o diabetes.
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