Quando o assunto são exercícios e diabetes, muitas dúvidas ainda rondam as pessoas que vivem com a condição. Afinal, será que toda atividade física reduz a glicemia? Ou será que algumas podem até aumentar? Para responder a essas e outras perguntas, conversamos com o educador físico William Komatsu, especialista em diabetes e referência no tema. Com experiência prática e embasamento científico, ele trouxe orientações diretas e acessíveis sobre como o corpo de quem tem diabetes tipo 1 ou tipo 2 reage aos diferentes tipos de exercício.
Nem todo exercício baixa a glicose
Para começar, William faz um alerta importante: nem todo exercício reduz os níveis de glicose no sangue. Alguns até podem provocar uma pequena elevação, dependendo da intensidade e da duração da atividade.
“Bike geralmente tende a cair mais a glicose. Corrida. Também tende a cair mais a glicose. Corridas mais longas, corridas mais curtas, né? De intensidades maiores, já não. Pode até estabelecer ou até subir um pouquinho a glicose”, explica.
Em outras palavras, o corpo pode reagir de maneiras diferentes à prática de atividade física, mesmo dentro de uma mesma modalidade. Por isso, é essencial entender cada tipo de exercício e como ele se comporta na rotina de quem convive com o diabetes.
Exercícios que mantêm os níveis estáveis
Além disso, William também destaca práticas que tendem a manter a glicose mais estável, sem grandes oscilações. “Pilates tende a manter. Não tem uma variação muito grande, não, no pilates. Musculação. Musculação depende também, mas geralmente tende a manter. Tende a manter”, explica.
Ou seja, exercícios como o pilates e a musculação são boas opções para quem busca evitar quedas bruscas de glicemia, principalmente para pessoas que ainda estão aprendendo a monitorar as reações do próprio corpo ao esforço físico.
A natação exige mais atenção
Por outro lado, há atividades que merecem uma atenção especial: a natação, por exemplo. “Natação cai demais, cai demais. Natação é uma coisa que despenca”, alerta o especialista. O risco de hipoglicemia é mais elevado nesse tipo de exercício, o que exige preparo prévio, lanche adequado e monitoramento constante dos níveis de glicose antes, durante e depois da atividade.
Um dos pontos mais interessantes que William destaca envolve a estratégia de utilizar picos de intensidade para tentar corrigir quedas na glicemia durante o exercício. Ele compartilha um caso real que acompanhou de perto:
“Tem um estudo que mostra, se você fizer 10 segundos… Até foi um atleta com diabetes que testou isso. Ele estava correndo 3 quilômetros. A glicose dele começou a cair. O que ele fez? Ele assistiu uma aula minha. Ele deu um tiro de 10 segundos. […] Subiu 20 pontos a glicose dele. E aí ele conseguiu manter durante um tempo e aí depois começou a cair de novo. Então, ele deu uma intensidade maior para tentar corrigir a hipoglicemia. Quer dizer, a queda, né? E tem um estudo publicado disso dele. Aquele que fez parou, e aquele que não fez continuou caindo. Então é a intensidade que muda”, relata.
Esse exemplo reforça que a intensidade do exercício pode ser uma ferramenta para modular a glicose, desde que usada com conhecimento e orientação adequada.
Personalização e monitoramento são essenciais
Por fim, William ressalta que cada corpo reage de um jeito. O nível de controle glicêmico de cada pessoa, o tipo de diabetes, os medicamentos em uso e a alimentação antes da atividade influenciam diretamente no resultado final.
“Tem que já permanecer o cara. E tudo depende também de como está o controle glicêmico daquela pessoa”, completa.
Portanto, além de escolher o exercício ideal, é essencial que a pessoa com diabetes mantenha o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar com endocrinologista, educador físico, nutricionista e, sempre que possível, um educador em diabetes.
Exercícios e diabetes: equilíbrio e segurança
Manter uma vida ativa traz inúmeros benefícios para quem tem diabetes. Além de ajudar no controle da glicemia, o exercício físico melhora o condicionamento cardiovascular, a força muscular, o humor e a qualidade de vida. No entanto, como vimos com a ajuda do especialista William Komatsu, não basta apenas se exercitar: é preciso entender como o corpo responde aos diferentes tipos de atividade e, a partir disso, montar uma rotina segura, prazerosa e eficaz.
O mais importante é nunca praticar atividades físicas sem acompanhamento e sem conhecer como seu corpo reage. Afinal, quando o assunto é exercícios e diabetes, informação, planejamento e orientação fazem toda a diferença.
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