Aos 35 anos, a publicitária Natália Marques Soler, moradora de Artur Nogueira (SP), viu a rotina mudar completamente quando recebeu uma notícia inesperada: seu gato Leônidas, um maine coon de quatro anos, foi diagnosticado com diabetes tipo 1.
Mais do que enfrentar os desafios do tratamento, ela decidiu transformar a experiência em uma missão de conscientização, compartilhando nas redes sociais a rotina e os aprendizados com sua “oncinha”, como carinhosamente chama o felino.
Gato enfrentou a Herpesvírus Felino antes do diagnóstico do diabetes
Desde filhote, o gatinho enfrenta uma série de complicações decorrentes do Herpesvírus Felino, que deixou sequelas respiratórias, como rinossinusite crônica, otite e crises recorrentes de tosse e espirros. Por conta disso, o acompanhamento veterinário sempre foi rigoroso, com uso constante de medicamentos, principalmente corticosteroides.
Foi justamente em um desses check-ups de rotina, no início deste ano, que os primeiros sinais de alerta surgiram. Exames de sangue e imagem mostraram alterações significativas, com a glicose bastante elevada. A partir daí, começaram uma série de investigações para confirmar se o quadro era realmente diabetes ou efeito colateral dos medicamentos.
“Na rotina do dia a dia, comecei a perceber que ele estava mais quietinho, brincava menos, dormia mais e começou a pedir comida com mais frequência, mesmo fora dos horários habituais. E, de repente, ele emagreceu muito.”, conta Natália.
A confirmação do diagnóstico veio após novos exames de glicemia e frutosamina. “Foi um baque. Me senti perdida, com medo e sem saber se daria conta.”, relembra.
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Um começo difícil e cheio de aprendizado
Sem nenhuma familiaridade com o universo do diabetes, Natália teve que aprender tudo do zero. “Tive muita dificuldade em usar o glicosímetro. Perdi várias fitas, me atrasei para compromissos porque não conseguia fazer a aferição direito, chorei muito com ele no colo porque achava que estava machucando.”, desabafa.
A aplicação da insulina e a rotina de medições de glicose se tornaram parte do dia a dia. Hoje, o gato recebe duas doses de insulina por dia e passa por quatro aferições diárias, antes e depois das aplicações.
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Mesmo com a adaptação, os níveis de glicose ainda oscilam bastante, variando entre 200 e 450 mg/dL. “Ainda não tivemos nenhuma crise de hipoglicemia, mas é algo que sempre nos preocupa”, diz.
A ração seca foi substituída por uma fórmula especial para gatos diabéticos e os sachês úmidos passaram a ser oferecidos com mais frequência para ajudar na hidratação. “A diabetes faz com que ele urine mais, então essa mudança é essencial”, explica.
De um perfil pessoal à conscientização coletiva
Nas redes sociais, Natália já compartilhava a rotina com Leônidas e sua irmã felina, Monalisa. O perfil tinha como foco mostrar o dia a dia de uma “mãe de gato”, mas após o diagnóstico, ganhou uma nova missão.

“O tema ‘diabetes’ foi surgindo naturalmente. Eu documentava as consultas e exames, e os seguidores acompanharam tudo de perto.”, conta.
Foi quando percebeu a escassez de conteúdo sobre diabetes em animais, principalmente gatos, que decidiu assumir um papel mais ativo.
“Procurei desesperadamente por vídeos e perfis de pets diabéticos e encontrei pouquíssimos. Foi aí que entendi a importância de falar sobre isso.”, afirma.
Hoje, ela usa a conta para compartilhar informações, dicas e relatos reais sobre os desafios e conquistas da rotina com um animal com a condição. “Saber que outras pessoas passam pelo mesmo e poder trocar experiências ajuda muito. Me dá forças para continuar.”
Um recado para quem está começando essa jornada
Com a experiência na pele — e no pelo do Leônidas — Natália faz questão de deixar uma mensagem para os tutores que estão recebendo o diagnóstico agora. “Mantenha a calma. Seu pet precisa de você mais do que nunca. É normal se sentir abalado, mas a diabetes é tratável. E o seu amor e dedicação vão fazer toda a diferença.”

Ela também incentiva a busca por informação e a conexão com outras pessoas que vivem a mesma realidade. “A sensação de não estar só muda tudo. Foi isso que me ajudou e continua me ajudando até hoje.”
Entre seringas, sachês, carinhos e muitos aprendizados, Leônidas segue sua vida felina com energia e amor. E com uma tutora que, mesmo no susto, abraçou a missão de cuidar dele e ainda inspirar tanta gente pelo caminho.