Com o crescimento do uso de cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como ‘vapes’ e ‘pods’, o debate sobre os impactos do tabagismo na saúde tem tomado novos rumos. Enquanto os cigarros convencionais são conhecidos há décadas como grandes vilões para a saúde, os vapes surgiram como uma alternativa aparentemente menos prejudicial. No entanto, a crescente popularidade desses dispositivos está revelando novas preocupações, especialmente para aqueles que convivem com doenças crônicas, como o diabetes.
Riscos do tabagismo para quem tem diabetes
O tabagismo sempre foi um fator de risco significativo para uma série de problemas de saúde, mas para pessoas com diabetes, os perigos são ainda maiores. Estudos indicam que fumar pode agravar o controle glicêmico, elevando o risco de complicações graves como doenças cardiovasculares, danos nos nervos e problemas renais. A nicotina, presente tanto nos cigarros tradicionais quanto nos vapes, pode dificultar a ação da insulina, o que é particularmente preocupante para diabéticos que dependem deste hormônio para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle.
Em entrevista ao ‘Portal um Diabético’, a Dra. Suzianne Lima, pneumologista e membro da comissão científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, explicou que “fumar pode aumentar os níveis glicêmicos, reduzir o fluxo sanguíneo para os pés e aumentar o risco de danos nos rins e nos olhos”.
A especialista alerta ainda que, para pessoas com diabetes tipo 2, o tabagismo pode aumentar significativamente o risco de amputações, potencializando as complicações da doença. “O consumo regular de cigarros pode fazer com que as células do corpo desenvolvam resistência à insulina, reduzir o fluxo sanguíneo para os pés e propiciar o chamado pé diabético”, destacou.
Vapes x Cigarros
Embora muitos vejam os vapes como uma alternativa mais segura aos cigarros, essa percepção é perigosamente enganosa, especialmente para jovens com diabetes. A Dra. Suzianne Lima alerta que, apesar de parecerem menos nocivos, os vapes também contêm substâncias que podem ser tóxicas para o organismo. “O vape contém nicotina e mais de duas mil substâncias inflamatórias, que podem causar câncer e desregular a glicose”, afirmou a médica, destacando que o uso desses dispositivos não é, de forma alguma, uma opção mais segura para diabéticos.
A combinação do uso de cigarros eletrônicos com um estilo de vida já comprometido pelo diabetes pode criar um ciclo vicioso de deterioração da saúde. Assim como os cigarros tradicionais, os vapes podem contribuir para o aumento da resistência à insulina, agravando ainda mais as condições dos diabéticos.
Conscientização e educação: a chave para a prevenção
A educação sobre os efeitos prejudiciais do cigarro e dos vapes deve ser um elemento central nas estratégias de saúde pública, com o objetivo de reduzir a incidência de complicações graves e melhorar a qualidade de vida daqueles que convivem com diabetes.
A Dra. Suzianne Lima conclui com um apelo: “Os fumantes com diabetes devem ser incentivados a parar de fumar e a permanecer abstinentes por um tempo prolongado para reduzir o risco vascular ao nível dos não fumantes.” Ela ressalta a importância de buscar tratamento, seja na rede pública ou privada, para combater o tabagismo de forma eficaz, diminuindo os sintomas da síndrome de abstinência e, consequentemente, os riscos associados ao diabetes. “Diabetes e tabagismo não combinam”, finaliza.
O tabagismo, seja na forma tradicional ou através de vapes, apresenta riscos severos para a saúde de qualquer pessoa, mas os efeitos são ainda mais devastadores para aqueles que convivem com o diabetes. Abandonar o cigarro é essencial para preservar a saúde e prevenir complicações graves. A conscientização e o acesso a tratamentos especializados são fundamentais para ajudar os diabéticos a superar o vício e viver com mais qualidade de vida.