6 em cada 10 brasileiros estão com sobrepeso ou obesidade, alerta pesquisa

Obesidade

A pesquisa realizada pela Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa, em parceria com o Instituto Datafolha, trouxe à tona um cenário preocupante: 6 em cada 10 brasileiros enfrentam o sobrepeso ou a obesidade.

O estudo “Meu Peso, Minha Jornada” entrevistou 2.012 brasileiros de diferentes regiões e classes sociais, revelando não apenas a alta prevalência de excesso de peso, mas também um cenário alarmante entre a percepção de saúde e a realidade.

Segundo o levantamento, 59% dos brasileiros estão acima do peso, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes. Contudo, o que mais chama a atenção é a diferença entre como as pessoas percebem sua saúde e o real estado das condições crônicas.

Enquanto 64% dos entrevistados afirmam ter uma saúde boa ou muito boa, apenas 51% relatam estar livres de problemas de saúde como hipertensão, colesterol alto, problemas articulares e o próprio sobrepeso ou obesidade.

Nos casos de indivíduos com sobrepeso, essa diferença é ainda mais acentuada: 61% acreditam estar saudáveis, mas apenas 42% declaram não ter problemas de saúde, uma diferença de 19 pontos percentuais.

Thais Emy Ushikusa, gerente de obesidade da Novo Nordisk no Brasil, expressou preocupação com esse cenário: “É preocupante que tantas pessoas com condições associadas ao excesso de peso ainda se considerem saudáveis. Isso pode levar à falta de procura por cuidados médicos, o que, em longo prazo, piora significativamente a qualidade de vida e pode até reduzir a expectativa de vida.”

A médica destacou que a obesidade está ligada a mais de 200 condições de saúde, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares como hipertensão e insuficiência cardíaca, apneia do sono, problemas hepáticos, entre outros.

“A percepção equivocada de boa saúde em pessoas com essas condições pode retardar a busca por diagnóstico e tratamento adequados, agravando ainda mais as complicações e aumentando o risco de óbito”, afirma Thais Emy Ushikusa.

A pesquisa também revela que o surgimento de problemas de saúde é o principal sinal de alerta para os brasileiros sobre os riscos do excesso de peso. Cerca de 57% dos entrevistados apontam o desenvolvimento de doenças relacionadas, como diabetes e pressão alta, como o principal indicador de que o sobrepeso pode se tornar um problema sério.

Thais Emy Ushikusa ressalta: “Os dados mostram que muitos brasileiros só percebem a gravidade da obesidade quando complicações adicionais surgem. Isso reforça a importância de intervenções precoces e do acompanhamento contínuo para prevenir a progressão dessas condições.”

Além disso, o estudo revelou que a maioria dos brasileiros com sobrepeso ou obesidade deseja perder peso. Entre os entrevistados com IMC superior a 24,9, 67% manifestaram o desejo de emagrecer, número que sobe para 82% entre aqueles com obesidade.

Mas, a motivação para perder peso é muitas vezes prejudicada por fatores como estigmatização e falta de diagnóstico. Apenas 11% dos participantes da pesquisa relataram ter recebido um diagnóstico formal de sobrepeso ou obesidade de um médico, indicando uma falta significativa no cuidado e na conscientização.

O endocrinologista Bruno Geloneze, professor e pesquisador da Universidade de Campinas (UNICAMP), também comentou sobre os desafios enfrentados por pessoas com excesso de peso:

“A vergonha e o medo de julgamento impedem muitos de buscar ajuda médica. Isso não só dificulta o acesso a tratamentos eficazes, mas também atrapalha a implementação de estratégias de prevenção. A estigmatização da obesidade é um obstáculo sério, que precisamos combater com educação e empatia.”

Geloneze reforça a necessidade de maior conscientização sobre a obesidade como uma doença complexa e multifatorial: “É essencial que a sociedade entenda que a obesidade não é uma questão de falta de caráter ou disciplina. Precisamos de mais informações e ações que incentivem as pessoas a buscarem ajuda sem medo de estigma. A detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações graves como doenças cardiovasculares e diabetes.”

Os especialistas envolvidos no estudo apontam para a urgência de uma abordagem mais abrangente e empática para tratar a obesidade no Brasil. Além de conscientizar a população sobre os riscos do excesso de peso, é fundamental garantir que aqueles que necessitam de assistência médica possam acessar os cuidados de forma digna e sem preconceitos, prevenindo, assim, a progressão para condições mais graves e melhorando a qualidade de vida dos brasileiros.

DIABETES X OBESIDADE: qual a relação?

A obesidade e o sobrepeso são fatores de risco significativos para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Quando o corpo acumula excesso de gordura, especialmente na região abdominal, há uma resistência à insulina, hormônio essencial para o controle dos níveis de glicose no sangue.

Essa resistência impede que a insulina funcione adequadamente, resultando em aumento da glicemia e, eventualmente, no desenvolvimento do diabetes. A Associação Americana de Diabetes (ADA) aponta que mais de 80% das pessoas com diabetes tipo 2 estão acima do peso ou são obesas.

Além disso, o sobrepeso e a obesidade não apenas aumentam o risco de diabetes, mas também agravam as complicações associadas à doença. Estudos mostram que indivíduos obesos com diabetes têm maior probabilidade de desenvolver complicações cardiovasculares, como hipertensão e infarto do miocárdio, além de problemas renais e neuropatias.

O controle do peso, portanto, é essencial não apenas para prevenir o diabetes, mas também para reduzir o risco de complicações graves em quem já convive com a doença.

A prevenção e o tratamento da obesidade são fundamentais no combate ao diabetes tipo 2. Mudanças no estilo de vida, como uma alimentação balanceada, rica em fibras e com baixo teor de açúcares e gorduras saturadas, além da prática regular de atividade física, são estratégias eficazes para reduzir o peso corporal e melhorar a sensibilidade à insulina.

Para muitas pessoas, a perda de apenas 5% a 10% do peso corporal já pode ter um impacto significativo na prevenção ou no controle do diabetes. Campanhas de conscientização e políticas públicas voltadas para a promoção da saúde são, portanto, cruciais para enfrentar essa epidemia global.

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  1. Estudo EPIC: O estudo EPIC (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition) é uma das maiores investigações já realizadas para investigar a conexão entre nutrição e doença crônica, envolvendo centenas de pesquisadores, mais de 500.000 participantes e doze anos de dados. O que os pesquisadores descobriram foi muito simples: carne (especialmente carnes processadas como bacon, frios, salsichas, cachorros-quentes e hambúrgueres) aumenta o risco de diabetes tipo 2, enquanto uma dieta rica em frutas e vegetais reduz o risco de diabetes. O estudo EPIC também revelou que a substituição de 5% da gordura saturada por frutose (de frutas ou fontes refinadas) reduz o risco de diabetes em 30%, e que a substituição de 5% da proteína por frutose reduz o risco de diabetes em 28%. Mesmo que as principais recomendações sugiram que comer glicose e frutose (de frutas) aumentará o risco de diabetes tipo 2, depois de estudar mais de meio milhão de pessoas, os pesquisadores da EPIC concluíram que esses monossacarídeos realmente diminuem o risco de diabetes tipo 2, especialmente quando são consumidos como substitutos de gordura saturada e alimentos ricos em proteínas.

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