Maurílio Goeldner
Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br
Cientistas estão cada vez mais próximos da busca definitiva para regenerar insulina em células-tronco pancreáticas, potencialmente eliminando a necessidade de injeções regulares de insulina.
Pesquisadores do Instituto Baker Heart and Diabetes demonstraram em um jornal científico da Nature que células de insulina recém-criadas podem responder à glicose e produzir insulina em apenas 48 horas após a estimulação com dois medicamentos aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA).
Além disso, confirmaram que esse caminho de despertar as células produtoras de insulina é viável em faixas etárias de 7 a 61 anos, proporcionando pistas sobre os mecanismos subjacentes à regeneração das células beta.
Usando células pancreáticas de doadores com diabetes tipo 1, tanto infantil quanto adulto, e de uma pessoa que não convive com diabetes, uma equipe liderada pelo professor Sam El-Osta demonstrou como células produtoras de insulina destruídas em pessoas com diabetes tipo 1 podem ser regeneradas em células de insulina sensíveis à glicose e funcionalmente secretoras. “Consideramos essa abordagem regenerativa um avanço importante em direção ao desenvolvimento clínico”, afirmou ele.
Inibidores de moléculas pequenas, atualmente usados para cânceres raros e aprovados pela FDA dos EUA, podem rapidamente restaurar a produção de insulina em células pancreáticas destruídas pela diabetes.
Enquanto as opções farmacêuticas atuais para o tratamento do diabetes ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue, elas não impedem, interrompem ou revertem a destruição das células secretoras de insulina. “Até agora, o processo regenerativo tem sido incidental e, mais importante, os mecanismos epigenéticos que regem tal regeneração em humanos permanecem mal compreendidos”, acrescentou Sam El-Osta.
Inovação
A abordagem terapêutica inovadora tem o potencial de se tornar o primeiro tratamento modificador de doenças para o diabetes tipo 1, facilitando a produção de insulina responsiva à glicose ao aproveitar as células pancreáticas remanescentes do paciente, possibilitando potencialmente a independência das injeções de insulina contínuas.
O desenvolvimento de novas terapias farmacológicas destinadas a restaurar a função pancreática aborda a dura realidade da escassez de órgãos doadores. Esta pesquisa demonstra que 48 horas de estimulação com inibidores de moléculas pequenas são suficientes para restaurar a produção de insulina em células pancreáticas danificadas.
Keith Al-Hasani, pesquisador da JDRF, destacou que o próximo passo é investigar a abordagem regenerativa inovadora em um modelo pré-clínico, com o objetivo de desenvolver esses inibidores como medicamentos para restaurar a produção de insulina em pessoas com diabetes.
À medida que o trabalho avança, cresce também a necessidade de tradução rápida. Mais de 530 milhões de adultos vivem com diabetes, e espera-se que esse número aumente para 643 milhões até 2030.