Imagine que você está em uma consulta médica, tentando entender qual insulina usar para controlar o diabetes. O médico lista várias opções: insulina de ação rápida, prolongada, intermediária, pré-misturada… E ainda menciona nomes como Fiasp, Tresiba, Lantus e Humalog. A pergunta surge quase inevitavelmente: “Qual é a melhor insulina para mim?”
A resposta para essa pergunta não é tão simples quanto parece. Não existe uma insulina que seja universalmente perfeita para todas as pessoas com diabetes. A escolha depende de muitos fatores, como o tipo de diabetes, a rotina de vida e, principalmente, o perfil glicêmico – ou seja, como os níveis de açúcar no sangue variam ao longo do dia.
Mas antes de entender o que torna uma insulina ideal para você, é importante conhecer os diferentes tipos disponíveis no Brasil e como cada um deles funciona.
Os diferentes tipos de insulina
As insulinas são classificadas de acordo com o tempo que levam para começar a agir, atingir o pico e quanto tempo permanecem no organismo. Essas características são fundamentais para ajustar o tratamento às necessidades individuais.
1. Insulina de ação ultrarrápida
• Como funciona?
Entra em ação em 2 a 4 minutos, controlando rapidamente os picos de glicemia após as refeições.
• Exemplo no Brasil:
• Fiasp® (insulina asparte ultrarrápida): Contém vitamina B3 (niacinamida), que acelera sua absorção.
• Indicação: Para pessoas que precisam de um controle glicêmico imediato após comer.
2. Insulina de ação rápida
• Como funciona?
Começa a agir em cerca de 10 a 20 minutos, com pico de ação em 1 hora e duração de até 5 horas.
• Exemplos no Brasil:
• NovoRapid® (insulina asparte)
• Humalog® (insulina lispro)
• Apidra® (insulina glulisina)
3. Insulina de ação curta
• Como funciona?
Conhecida como insulina regular, começa a agir em 30 a 60 minutos, com pico de ação em 2 a 4 horas e duração de até 8 horas.
• Exemplos no Brasil:
• Humulin® R (insulina regular humana)
• Novolin® R (insulina regular humana)
4. Insulina de ação intermediária
• Como funciona?
Atua ao longo do dia, com duração de até 18 horas, mas com um pico de ação claro entre 4 e 12 horas.
• Exemplos no Brasil:
• Humulin® N (insulina NPH)
• Novolin® N (insulina NPH)
5. Insulina de ação prolongada
• Como funciona?
Proporciona controle contínuo por 24 horas ou mais, sem um pico de ação claro.
• Exemplos no Brasil:
• Lantus® (insulina glargina U-100)
• Toujeo® (glargina U-300)
• Levemir® (insulina detemir)
• Tresiba® (insulina degludeca)
6. Insulinas pré-misturadas
• Como funciona?
Combina insulina de ação rápida ou curta com insulina de ação intermediária.
• Exemplos no Brasil:
• NovoMix 30® (30% asparte rápida + 70% asparte protamina)
• Humalog Mix 25® (25% lispro rápida + 75% lispro protamina)
A escolha ideal depende de você
Afinal, qual é a melhor insulina? A resposta está em encontrar a que melhor se adapta às suas necessidades e rotina. Essa escolha depende de fatores como:
• Seu tipo de diabetes: Pessoas com diabetes tipo 1 geralmente usam uma combinação de insulina basal e rápida. No diabetes tipo 2, pode-se começar apenas com insulina basal.
• Perfil glicêmico: A análise das variações de glicose ao longo do dia ajuda o médico a ajustar o tipo e a dose da insulina.
• Seu estilo de vida: Horários de alimentação, atividades físicas e até a frequência de exames influenciam a escolha.
Lembre-se: a insulina perfeita não existe, mas o ajuste certo pode trazer o controle ideal para você. Converse sempre com seu médico antes de fazer qualquer mudança no tratamento. Ele avaliará seu caso com base em exames e histórico clínico para indicar a melhor estratégia.
Por que a avaliação médica é indispensável?
Insulina não é “tamanho único”. Usar a insulina errada ou em doses inadequadas pode levar a complicações como hipoglicemia (queda de açúcar no sangue) ou hiperglicemia (níveis muito altos de glicose). Por isso, a escolha da insulina deve ser feita com orientação médica e acompanhamento constante.
Referências e fontes
• Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) – Diretrizes 2022-2023.
• Ministério da Saúde – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabetes Mellitus.
• Informações técnicas das fabricantes Novo Nordisk, Sanofi e Eli Lilly.
• Organização Mundial da Saúde (OMS) – Diretrizes sobre o uso de insulinas.