O que muda, na prática, se o diabetes tipo 1 for reconhecido como deficiência no Brasil?

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O Projeto de Lei 2687/2022, que reconhece o Diabetes Tipo 1 (DM1) como deficiência, está em sua última etapa no Senado e será votado no plenário nesta quarta-feira (18/12). A proposta pode assegurar uma série de direitos fundamentais, como aposentadoria antecipada, isenção de impostos na compra de veículos, acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e prioridade no trabalho remoto. Se aprovado, o projeto vai garantir equidade e inclusão às mais de 615 mil pessoas com Diabetes Tipo 1 no Brasil.

O que o projeto garante?

A aprovação do PL pode trazer mudanças significativas para a vida de pessoas com Diabetes Tipo 1, uma condição crônica, autoimune e vitalícia. O reconhecimento como deficiência abrirá caminho para os seguintes direitos:

1. Aposentadoria antecipada

Pessoas com DM1 poderão se aposentar mais cedo, dependendo do grau da deficiência (leve, moderado ou grave) e do tempo de contribuição. A avaliação será feita pelo INSS ou junta médica oficial.

2. Benefício de Prestação Continuada (BPC)

Garante um salário mínimo mensal para pessoas de baixa renda, mediante avaliação biopsicossocial e comprovação de necessidade.

3. Isenção de impostos na compra de veículos

O projeto permitirá acesso à isenção de IPI, ICMS, IPVA e IOF para a compra de veículos novos, desde que se comprove a necessidade, como dificuldade de locomoção ou uso de tecnologias assistivas.

4. Redução da jornada de trabalho

Servidores públicos com DM1 ou responsáveis por crianças com a condição terão direito à redução da jornada de trabalho sem perda de salário.

5. Ampliação de tempo em provas e concursos

Mais tempo para realizar provas em concursos e exames escolares, além do direito de portar alimentos e tecnologias para controle glicêmico durante os testes.

6. Cotas em concursos públicos e empresas privadas

Garantia de reserva de 5% das vagas em concursos públicos e de 2% a 5% das vagas em empresas privadas com mais de 100 funcionários.

7. Prioridade no trabalho remoto

Pessoas com DM1 e pais responsáveis por crianças com a condição terão prioridade na alocação em atividades de teletrabalho.

8. Acesso a tecnologias assistivas

O PL reforça a necessidade de acesso gratuito a dispositivos essenciais, como sensores de monitoramento contínuo de glicose e bombas de insulina, garantindo autonomia e qualidade de vida.

O impacto do Diabetes Tipo 1

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Diabetes Tipo 1 afeta o organismo de maneira permanente, exigindo um cuidado constante. A falta de insulina natural obriga as pessoas a:

  • Monitorar a glicemia várias vezes ao dia;
  • Administrar insulina exógena;
  • Usar tecnologias para evitar complicações graves, como cegueira, amputações e insuficiência renal.

Além do impacto físico, o DM1 também traz desafios psicológicos. A advogada Anna Patrícia de Pinho Silva, autora do documento que fundamenta o projeto, afirma: “O diabetes tipo 1 é invisível, mas suas barreiras são reais. A sobrecarga de tempo, planejamento e recursos afeta diretamente a inclusão e a qualidade de vida dessas pessoas”.

Deveres e responsabilidades

Com o reconhecimento do DM1 como deficiência, também surgem deveres e responsabilidades para os beneficiários:

  • Passar por avaliação biopsicossocial para comprovação do direito;
  • Utilizar os benefícios de forma correta e responsável;
  • Manter documentação médica atualizada;
  • Demonstrar compromisso com a gestão da própria saúde, fazendo o controle adequado da glicemia e seguindo o tratamento indicado.

Última etapa

O projeto, que já passou pela Câmara dos Deputados, está agora na fase final no Senado. A votação em plenário está marcada para esta quarta-feira (18/12). Caso aprovado, o PL será encaminhado para sanção presidencial.

Para Anna Patrícia, o avanço do projeto representa uma conquista histórica: “Direitos não são favores. O reconhecimento do Diabetes Tipo 1 como deficiência trará justiça e igualdade para uma parcela da população que enfrenta barreiras diárias, invisíveis para a maioria da sociedade”.

A expectativa é de que o reconhecimento promova inclusão, autonomia e uma vida com mais dignidade para essas pessoas. A votação no Senado será decisiva para consolidar essa conquista.

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