Mito ou verdade: café da manhã depois das 9h aumenta risco de diabetes?

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Isabella Pedreira

Repórter do portal e responsável pela presença digital do Um Diabético nas redes sociais. Acredita no poder da informação na vida das pessoas. redacao@umdiabetico.com.br

Uma noticia sobre o horário ideal do consumo do café da manhã virou assunto na internet essa semana. Trata-se de uma pesquisa divulgada por dois institutos europeus (Instituto de Salud Global, de Barcelona e Institut National de la Santé et de la Recherche, de Paris) que estabelece alguns riscos para quem não segue à risca o horário das refeições.

Uma das conclusões tem a ver com o café da manhã. As pessoas que optam por fazer o desjejum depois das 9 da manhã podem enfrentar um risco cerca de 59% maior de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com aqueles que realizam a primeira refeição do dia antes das 8h. Será que isso é verdade?

A nutricionista Carol Netto teve acesso aos dados do estudo, baseado em dados de mais de 103 mil participantes, dos quais 79% eram mulheres, da França. Ela diz que há vários estudos em relação ao ciclo circadiano, que relacionam o horário das refeições à resistência à insulina. “Se alguém troca o dia pela noite, por exemplo, tem mais chance de ter dislipidemia, de ter doenças”, alerta a especialista.

A nutricionista Carol Netto explica os resultados da pesquisa

A pesquisa

Os participantes do estudo europeu forneceram informações sobre os horários das refeições durante 3 dias consecutivos. Repetiram esse processo no ano seguinte e foram acompanhados por sete anos. Nesse período ocorreram 963 diagnósticos de diabetes tipo 2, o que levaram os pesquisadores a confirmarem a relação direta entre adiar o café da manhã e um aumento no risco de desenvolver a doença.

Essa associação se baseia na noção de crononutrição, um campo de estudo emergente que destaca não apenas as escolhas alimentares, mas também o impacto do horário das refeições na saúde. Os pesquisadores argumentam que o atraso no café da manhã poderia interferir no ritmo circadiano do corpo, afetando a maneira como ele processa glicose e lipídios. Além disso, a pesquisa analisou outros padrões alimentares, como jantar após as 22 horas, que também aumentaram a probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2. No entanto, o café da manhã se destacou como a refeição mais crucial para sincronizar o relógio biológico.

Entendendo o ciclo circadiano 

O ciclo circadiano é um ritmo biológico que dura cerca de 24 horas e influencia uma variedade de processos e comportamentos em organismos, incluindo seres humanos. Controlado pelo relógio biológico no cérebro, ele é sincronizado principalmente pela luz solar. Esse ciclo regula padrões de sono e vigília, temperatura corporal, liberação hormonal, funções metabólicas e desempenho cognitivo

Desmistificando o jejum 

A nutricionista Carol Netto também enfatiza a importância de iniciar o dia com o café da manhã para estimular a produção de insulina e estabilizar os níveis de glicose. “É importantíssimo você dar um start no seu corpo para produção de insulina, a gente vê isso nos pacientes diabéticos, eles acordarem e fazerem uma pequena dose de insulina. Quem faz isso vai  melhor do que os pacientes que ficam em jejum. A glicose sobe sozinha por causa do cortisol, que é o hormônio que faz a gente acordar e despertar, então é importantíssimo a gente acordar comer alguma coisa, fazer o café da manhã, não ficar em jejum”, destaca ela. 

O corpo como uma máquina

Para funcionar corretamente, o corpo precisa produzir energia, para fazer um paralelo de fácil entendimento, a nutricionista compara com o funcionamento de uma máquina “o corpo da gente é como se fosse uma máquina, se você dá trabalho pra uma máquina várias vezes ao dia em pequenas quantidades ela vai trabalhar direitinho, se a gente deixa a máquina sem trabalhar e quer que ela faça todo trabalho de uma vez chega uma hora que ela pifa” complementa. Ainda reforçando sobre diabetes, Carol lembra que o jejum não é a opção mais indicada para quem convive com diabetes. “Você fica muitas horas sem comer e vai lá e come um monte e o seu corpo precisa produzir um montão de insulina, principalmente para quem é diabético tanto tipo 1 ou 2, mais até pro tipo 2 que tem mais resistência. É um monte de insulina e um monte de comida para ser absorvida e às vezes você nem precisa de toda essa energia né? Aí acaba gerando um montão de caloria, seu corpo não está precisando disso e vai fazer o que? Estocar, na forma de gordura o que aumenta mais ainda a resistência à insulina. Carol finaliza explicando que o ideal é sempre fracionar a alimentação, se possível em 6 vezes ao dia, mas respeitando o limite de pelo menos 4. “Dessa forma você otimiza o funcionamento do corpo sem sobrecarregar”, conclui.

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