“Meu coração parece que já sabia”, diz mãe pâncreas sobre diagnóstico de diabetes da filha

Tratamento

Antonella Reda Cella tem apenas 3 anos e 3 meses, mas já carrega uma história de coragem e resiliência que inspira todos ao seu redor. Sua mãe, Sumaya Reda Cella, compartilhou a jornada de sua filha em uma entrevista emocionante com o jornalismo do portal Um Diabético, revelando os desafios e aprendizados que surgiram desde que sua pequena foi diagnosticada há dois meses com diabetes tipo 1.

Os sinais do diabetes na Antonella

Tudo começou com sinais sutis que, a princípio, Sumaya não associou ao diabetes. “Comecei a achar estranho a sede em excesso e o excesso de urina durante a madrugada, por cerca de duas semanas”, lembra ela.

Antonella, conhecida por sua doçura, começou a mostrar sinais de irritabilidade, algo incomum para a menina. A situação se agravou quando ela teve dor abdominal e dificuldade para evacuar. No dia seguinte, Antonella apresentou um cansaço extremo e um sono incomum, o que fez Sumaya levá-la imediatamente ao hospital.

Antes mesmo de chegar ao hospital, novos sintomas apareceram, aumentando a preocupação da mãe. “Ela começou a piscar muito enquanto assistia à televisão, e, quando perguntei se estava enxergando direito, Antonella respondeu que via uma luz branca à sua frente”, conta a mãe. No caminho, a respiração dela ficou ofegante, deixando claro que algo estava muito errado.

Ao chegar ao hospital, o pior medo de Sumaya se confirmou: Antonella estava com 500mg/dL de glicemia. “Meu coração parece que já sabia, mas eu não queria acreditar. Quando a médica confirmou o diagnóstico, eu congelei. Ela me pediu calma, pois ainda estavam realizando outros exames importantes”, relembra Sumaya. O que se seguiu foi um dos momentos mais difíceis na vida dessa família: a pequena Antonella foi diagnosticada com cetoacidose diabética e internada em estado grave na UTI.

Sumaya descreve o sentimento de impotência, culpa e medo que tomou conta dela durante esse período. “Ali foi Deus que me sustentou, porque não consigo explicar a sensação de impotência. Tive uma crise de pânico na primeira noite dela na UTI e fiquei extremamente abalada”, admite.

Nas semanas que se seguiram ao diagnóstico, Sumaya se dedicou a aprender tudo o que podia sobre o diabetes tipo 1, determinada a proporcionar o melhor cuidado possível para sua filha.

Felizmente, no dia em que Antonella foi transferida da UTI para o quarto, o sensor de glicose Libre2 foi liberado para venda no Brasil, o que trouxe um pouco de alívio para Sumaya. “Confesso que isso me deixou mais tranquila, mas eu nem tinha noção do desafio que seria a aplicação da insulina em casa”, diz.

O início do tratamento: a adaptação da monitorização e aplicação da insulina

O trauma das constantes picadas de glicemia e da aplicação de insulina no hospital deixou marcas em Antonella. “Ela dormia e, em seus sonhos, levantava o dedinho como se estivesse dando para alguém furar”, relata Sumaya. Foi um processo árduo e exigiu muito amor e paciência para a menina perder o medo.

Sumaya não enfrentou essa batalha sozinha. Ela teve o apoio de profissionais de saúde dedicados, amigos e familiares, com destaque para seu marido, que esteve ao lado delas em todos os momentos. “Sem dúvida, ajuda demais na carga que o diabetes nos traz”, reflete.

Explicar o que estava acontecendo para uma criança tão pequena foi um desafio à parte. Sumaya encontrou uma maneira delicada e lúdica de abordar o tema com Antonella.

“Dissemos que ela era uma menina muito especial e que precisaria das aplicações das ‘canetas mágicas’. Não dei nenhum peso desnecessário para uma criança de 3 anos. Conversamos sempre sobre alimentação saudável e explicamos as coisas de um jeito mais lúdico”, explica.

Como é a rotina atual da pequena Antonella?

Apesar do diagnóstico, a rotina da família não mudou drasticamente. Antonella sempre teve uma alimentação saudável, adorando verduras, frutas e sementes. Embora doces fossem uma exceção, Sumaya e o pai de Antonella fazem questão de manter os momentos de indulgência na vida da menina. “Não deixei isso mudar muito. Quando ela tem muita vontade, fazemos o cálculo da insulina necessária e deixamos ela comer”, conta.

Antonella ainda não frequenta a escola, mas mantém-se ativa com aulas de balé duas vezes por semana e outras atividades que desgastam sua energia, como andar de bicicleta e brincar no parquinho. Sumaya também menciona a importância do acompanhamento médico e nutricional, que são essenciais para a gestão da doença.

“Os médicos e a nutricionista também servem de psicólogos para mim, que muitas vezes me emociono durante as consultas”, confessa Sumaya, que também faz terapia e ajustou a dose do antidepressivo para lidar com a nova realidade.

Desde o diagnóstico, a mãe pâncreas aprende a contar carboidratos, o que fez muita diferença na rotina da família. Mas ela não deixa de destacar a importância do acesso a recursos adequados para o tratamento do diabetes.

“Me sinto privilegiada de poder dar o melhor tratamento para minha filha, mas diabetes tipo 1 é uma doença muito cara, crônica e silenciosa, principalmente em crianças, que muitas vezes são assintomáticas. Acredito que o governo precisa urgentemente liberar o sensor gratuito e insulinas melhores, além das bombas de insulina”, opina.

O futuro da filha

Os maiores medos de Sumaya após o diagnóstico são, compreensivelmente, intensos. “Acho que o maior medo de qualquer mãe é perder um filho. Depois, o medo de morrer e faltar para eles”, diz ela, revelando que perdeu a mãe para o câncer há dois anos e que também lutou contra um câncer de mama recentemente.

“Confio em Deus e peço saúde para seguir nessa luta diária. São dias e madrugadas intensas de hipoglicemias e hiperglicemias”, acrescenta.

O futuro de Antonella é algo que Sumaya pensa com frequência, especialmente quando considera a entrada da filha na escola no próximo ano. “Sinto muita insegurança quando penso que, com 4 anos, ela terá que ir para a escola, pois vejo o quanto as mães sofrem com isso, com a falta de informação e de interesse das escolas e do governo”, desabafa.

Quando perguntada sobre o que gostaria que outras mães soubessem sobre o diagnóstico de diabetes em crianças, Sumaya é enfática: “INFORMAÇÃO. Buscar sempre informações, estar sempre atentas aos sinais que nossos filhos dão, e se desconfiar de algo errado, não deixar para amanhã, pecar sempre pelo excesso”. Ela destaca que conseguiu levar Antonella acordada ao hospital, algo que os médicos elogiaram, mas reconhece que, mesmo assim, foi “tarde”, já que a menina estava em estado grave.

Apesar dos desafios, a mãe da Antonella tem fé na evolução da medicina e acredita que a filha terá uma vida plena e saudável. “Ela ainda é muito pequena, mas no que depender de mim, mesmo entre desafios, ela irá lidar muito bem com isso”, afirma.

O interesse da garotinha em participar de tudo

A pequena Antonella já está começando a se familiarizar com sua nova rotina. No hospital, ela começou a demonstrar interesse pelas canetas de insulina e pelo glicosímetro, usando em seus bichinhos de pelúcia. Em casa, no entanto, o processo não foi fácil.

“Teve muito choro, momentos tensos em que ela não deixava aplicar a insulina”, relembra Sumaya. Mas, com muita conversa, persistência e constância, Antonella começou a ganhar confiança e a participar dos cuidados.

Embora ainda não tenha se adaptado completamente à nova rotina, Antonella mostra cada dia mais interesse em participar. “Na medição da glicose na ponta do dedo, ela não liga muito, mas pede para fazer no pé, porque não gosta de ver o sangue”, diz Sumaya.

Já com o sensor de glicose, a menina participa desde a abertura da caixa até a colocação. “Ela é pequena, mas quando o celular toca o alarme, ela já vem correndo mostrar, porque sabe que tem algo de ‘errado’.”

E a pequena encanta ao mostrar que sabe fazer a aplicação da insulina sozinha. Sabe exatamente o lugar de aplicação e precisa contar alguns segundos assim que termina.

A história de Antonella e Sumaya é uma lição de amor, coragem e determinação. Em apenas dois meses, essa pequena guerreira e sua mãe têm enfrentado uma batalha diária, mas sempre com esperança e fé no futuro. A jornada delas está apenas começando, mas o amor e a força que compartilham garantem que, juntos, enfrentarão qualquer desafio que o diabetes tipo 1 possa apresentar.

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