Os problemas crônicos de saúde, como diabetes e hipertensão, podem aumentar as chances de um quadro mais grave nos casos de dengue. É o que revelam estudos feitos em vários países do mundo, que registram grande prevalência da doença. Aqui no Brasil, os especialistas alertam sobre os riscos de uma possível epidemia causada pelo Aedes Aegypti. Até 30 de janeiro, o Ministério da Saúde reportou mais de 200 mil casos prováveis de dengue. Com a eficácia da vacina, a esperança surge como um aliado importante na luta contra o mosquito e os problemas que ele pode causar à saúde das pessoas.
Desde de Dezembro de 2023, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina da dengue pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Já foi adquirido 1 milhão e 300 mil doses que serão distribuídas no primeiro momento para grupos pré-definidos como crianças, idosos e para aqueles que vivem em áreas de risco. Pessoas com diabetes ainda não foram incluídas neste momento para receber a vacina pelo SUS, mas a recomendação é que, se possível, façam a imunização nas clínicas particulares.
Para nos ajudar a entender melhor sobre o assunto, o Portal Um Diabético conversou com o médico Álvaro Costa, infectologista do HC-FMUSP. Em entrevista ao jornalista Tom Bueno ele fez a seguinte afirmação. “É bom considerar a possibilidade de tomar a vacina na rede de saúde privada”, a respeito das pessoas a qual não tem acesso ainda a vacina de dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O médico também comentou sobre a importância e necessidade de se vacinar: “Alguns estudos mostram que pacientes com comorbidades, incluindo diabéticos, podem sim ter formas mais graves (de dengue)”, concluiu Álvaro.
A vacina é indicada, segura e eficaz para as pessoas com diabetes. A vacina recém disponibilizada será aplicada em grupos pré-definidos, metodologia utilizada teve como ponto de partida os municípios de grande porte (população igual ou maior do que cem mil habitantes) com alta transmissão nos últimos 10 anos. Com isso, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação.
A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos infectados, principalmente o Aedes aegypti. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, fadiga, náuseas e erupção cutânea. O diagnóstico é feito por exames de sangue para detectar o vírus e o tratamento é sintomático, com repouso, hidratação adequada e medicamentos para aliviar a dor e a febre. Em casos graves, pode ser necessária internação hospitalar.
Segundo o Ministério da Saúde, até 30/01 foram registrados 217.481 mil casos prováveis de dengue, totalizando uma taxa de incidência de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. O aumento é de 232,7% comparado a janeiro de 2022. Existem quatro distintos, porém intimamente relacionados, sorotipos do vírus que causa a dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A prevenção envolve o controle do mosquito vetor, evitando principalmente deixar água parada e fazer o uso contínuo de repelentes.
Sobre a vacina da dengue
O Instituto Butantan publicou um estudo, nesta quarta-feira (31), revelando que a vacina contra a dengue em desenvolvimento pelo instituto demonstra uma eficácia geral de 79,6% na prevenção da doença. Os dados foram divulgados na renomada revista científica “New England Journal of Medicine (NEJM)”.
Essa taxa de eficácia é comparável à encontrada nos ensaios clínicos da Qdenga, vacina contra a dengue desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda, que alcançou 80,2%. A Qdenga será disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda este ano, em duas doses. Por outro lado, a vacina brasileira, com previsão de lançamento para 2025, será administrada em dose única, trazendo uma nova perspectiva no combate à doença.
Doença não é exclusiva do Brasil
O fenômeno climático El Niño está sendo apontado como um dos fatores responsáveis pelo aumento da incidência de dengue em países onde a doença não era comumente detectada. Diana Rojas, líder da equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) dedicada ao estudo dos arbovírus, destacou que o El Niño tem desempenhado um papel significativo nesse cenário.
Além disso, Rojas ressaltou que as mudanças climáticas também estão exercendo impacto no aumento da transmissão da dengue. As temperaturas mais elevadas, o aumento das chuvas e da umidade proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento dos mosquitos transmissores da doença.
Cerca de 500 milhões de pessoas nas Américas correm o risco de contrair dengue. O número de casos de dengue nos continentes aumentaram nas últimas quatro décadas, passando de 1,5 milhão de casos acumulados na década de 1980 para 16,2 milhões na década de 2010-2019. Todos os três continentes das Américas têm a presença do Aedes aegypti, apenas o Canadá e o Chile continental estão livres da dengue e do vetor.
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