De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o Diabetes Gestacional afeta aproximadamente 15% das gestações em todo o mundo, representando cerca de 18 milhões de nascimentos por ano. O diabetes gestacional é uma das complicações médicas mais comuns da gravidez podendo causar complicações, a curto e a longo prazo, tanto para a mãe quanto para o bebê.
As complicações obstétricas variam desde parto prematuro até pré-eclâmpsia; o bebê pode nascer grande e ter complicações como hipoglicemia e desconforto respiratório. É importante salientar também que as mulheres que tiveram diagnóstico de diabetes gestacional têm maior risco de progredir para diabetes tipo 2 (DM2) e os seus filhos, maior chance de desenvolverem obesidade e diabetes tipo 2 ao longo da vida.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por mudanças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue.
A SBD alerta que há algumas características que elevam o risco de a gestante desenvolver essa complicação, são elas:
- Histórico familiar de diabetes mellitus;
- Já ter exames de sangue com glicose alterada em algum momento antes da gravidez;
- Excesso de peso antes ou durante a gravidez;
- Gravidez anterior com feto nascido com mais de 4 kg;
- Histórico de aborto espontâneo sem causa esclarecida;
- Hipertensão arterial;
- Ter ou já ter tido em gestação anterior pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
- Ter síndrome dos ovários policísticos e usar corticoides.
A prevalência de diabetes gestacional é muito variável, dependendo da região, indo de 9,5% na África para 26,6% no Sudeste Asiático. No Brasil, estima-se que a prevalência é de 18%.
De acordo com as diretrizes da SBD, as mulheres que convivem com diabetes (Tipo 1 ou Tipo 2) e engravidam não são consideradas com de diabetes gestacional, que aparece somente após iniciada a gravidez.
A instituição ressalta ainda que o diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem a glicemia de jejum no início da gestação e, a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância à glicose.
Tratamento para o diabetes gestacional
Se não for tratada, a diabetes gestacional pode acarretar problemas à gestação e ao bebê. O excesso de glicose no sangue da mãe pode atravessar a placenta e chegar até o feto. O pâncreas do feto pode passar a produzir grande quantidade de insulina, na tentativa de controlar a hiperglicemia. Como a insulina é um hormônio que estimula o crescimento e o ganho de peso, o feto cresce excessivamente e habitualmente nascem com mais de 4 kg, necessitando ser submetido a parto por cesariana.
É importante que mulheres que tiveram altas taxas de glicemia na gravidez façam um novo teste de sobrecarga de glicose após 6 semanas do parto.
A base do tratamento do DMG é uma alimentação saudável, atividade física e controle das glicemias capilares. As refeições, por exemplo, devem ser fracionadas ao longo do dia e as gorduras dar lugar às frutas, verduras, legumes e alimentos integrais. Se não houver contraindicação do obstetra, exercícios físicos moderados também devem fazer parte da rotina. Se, apesar de todos esses cuidados os níveis de glicose continuarem altos, o médico pode indicar insulina para manter a glicose no nível desejado (no jejum < 95 mg/dl e 1 hora após a refeição < 140 mg/dl).
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