Quatorze membros de um grupo religioso foram condenados na Austrália pelo envolvimento na morte de uma menina de 8 anos que vivia em condições negligentes e sem acesso a cuidados médicos adequados para o tratamento do diabetes tipo 1. O caso chocou o país e gerou debates sobre a responsabilidade parental e os limites da fé em decisões médicas.
A criança, Elizabeth Struhs, faleceu em janeiro de 2022 na cidade de Toowoomba, no estado de Queensland, após seus pais e outros membros do grupo religioso se recusarem a administrar insulina, confiando apenas em orações para sua recuperação. Segundo as investigações, ela ficou gravemente doente por vários dias antes de morrer devido a complicações da doença.
Os condenados incluem os pais da menina, Jason e Kerrie Struhs, além de outros seguidores da pequena comunidade religiosa. Durante o julgamento, a promotoria destacou que os membros do grupo tinham plena consciência da condição de Elizabeth, mas optaram por não buscar atendimento médico, o que resultou em seu sofrimento prolongado e, por fim, na morte.
A justiça de Queensland considerou os 14 réus culpados de homicídio e de falha no dever de fornecer os cuidados básicos necessários à sobrevivência da criança. O veredicto foi recebido com comoção pela comunidade local e por organizações de defesa dos direitos da criança, que pedem maior vigilância contra práticas que coloquem menores em risco.
Autoridades médicas reforçaram a importância do tratamento contínuo para diabetes tipo 1, uma condição crônica que requer administração de insulina para evitar complicações graves, como cetoacidose diabética, que pode ser fatal. Especialistas alertam que, apesar de crenças religiosas, negar tratamento médico essencial pode configurar crime e resultar em punições severas, como evidenciado neste caso.
As sentenças dos réus ainda serão determinadas, mas espera-se que enfrentem longos períodos de prisão devido à gravidade da negligência. O caso levanta um alerta global sobre a necessidade de equilíbrio entre crenças pessoais e a responsabilidade legal e ética na proteção da vida de crianças.