Anvisa aprova medicamento potente para tratamento do diabetes tipo 2

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Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

A Anvisa aprovou uma medicação injetável indicada para tratar diabetes tipo 2. É o Mounjaro (tirzepatida), da farmacêutica Eli Lilly, uma injeção semanal que melhora o controle da taxa de açúcar no sangue de pacientes adultos junto à dieta e exercícios. A endocrinologista Andressa Heimbecher explica que o remédio age nos receptores de dois hormônios: o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon). “Essa substância une a ação de dois hormônios da saciedade. Os estudos demonstraram em torno de 22% de perda de peso nos pacientes que fizeram uso”, explica a médica.

A endocrinologista Andressa Heimbecher acredita que o medicamento também terá indicação para tratamento da obesidade

Pessoas com diabetes apresentam problemas na fabricação ou na ação da insulina pelo organismo. Com isso, a glicose se acumula no sangue e causa uma série de problemas à saúde.

Ao melhorar a liberação de insulina após as refeições, o Mounjaro facilita o controle das taxas de açúcar na circulação. Os receptores de GIP e GLP-1 também aparecem em células do cérebro que são responsáveis por controlar o apetite. Com isso, o medicamento ajuda a regular a ingestão de alimentos — o que pode levar à perda de peso. “Ele vem para o Brasil com indicação para tratamento de diabetes, mas om os estudos clínicos a gente prevê que em breve vai haver aprovação em bula também para tratamento de sobre peso e obesidade”, prevê Andressa Heimbecher.

Um dos pesquisadores que participou do estudo Bruno Halpern, especialista em Clínica Médica, Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, falou sobre a ação do medicamento: “Além de ser a medicação com maior potência glicêmica já aprovada até hoje, ele conseguiu alcançar, na média, que indivíduos tivessem um controle glicêmico semelhantes ao de pessoas sem diabetes”. Ele ressalta a importância histórica da pesquisa. “A aprovação regulatória de tirzepatida no Brasil representa um importante marco no tratamento do diabetes tipo 2 e impactará a forma como a doença é tratada hoje”, afirma Bruno Halpern.

Os testes

Dez estudos clínicos foram realizados até a aprovação do remédio. Segundo a farmacêutica Eli Lilly mais de 19 mil pacientes de vários países, inclusive o Brasil, participaram dos ensaios. Um deles, conhecido pela sigla Surpass-2, avaliou 1,9 mil pacientes adultos com diabetes tipo 2 e comparou o Mounjaro (em diferentes dosagens) ao Ozempic (semaglutida 1 mg). Os resultados do experimento foram apresentados em 2022, durante o Congresso da Associação Americana de Diabetes, nos Estados Unidos. “A Lilly revolucionou o tratamento do diabetes em vários momentos da história como quando disponibilizou a primeira insulina em larga escala no mundo em 1923 e na introdução da insulina humana em 1982, que foi o primeiro medicamento biológico feito a partir de DNA recombinante”, destacou Luiz Magno, Diretor Sênior da Área Médica da Lilly Brasil.

Os dados mostram que, entre os voluntários que tomaram a versão de 15 mg do Mounjaro, 51% deles conseguiram atingir uma hemoglobina glicada (HbA1c) inferior a 5,7%. Essa mesma meta foi atingida por 20% dos participantes que usaram o Ozempic.

Não há previsão para início das vendas no Brasil. Nos Estados Unidos o preço do Mounjaro custa entre 1,5 mil e 2 mil dólares.

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