Dormir tarde tem se tornado uma prática cada vez mais comum na sociedade em que vivemos. Porém, pessoas que possuem hábitos mais noturnos precisam ficar atentas! Isso porque, de acordo com o novo estudo do Brigham and Women’s Hospital em Massachusetts, ligado à Universidade Harvard, ser uma pessoa noturna pode aumentar significativamente o risco de desenvolvimento do diabetes.
Dados do estudo apontam que as pessoas que dormem e acordam tarde têm uma probabilidade 19% maior de desenvolver diabetes tipo 2 do que aquelas que dormem e acordam mais cedo.
Mas afinal, qual a relação entre dormir tarde e os níveis de açúcar no sangue?
O relógio biológico do cérebro e o impacto nos níveis glicêmicos
O ciclo circadiano é, basicamente, o relógio biológico do cérebro, que regula os ciclos de sono-vigília, respondendo a mudanças de luz em nosso ambiente. Ele desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo da glicose. A produção de melatonina, hormônio essencial para o sono e a regulação metabólica, é influenciada pela exposição à luz, especialmente à luz solar durante o dia.
A melatonina não só regula o sono, mas também desempenha um papel na sensibilidade à insulina, um aspecto crucial no controle dos níveis de glicose. A interrupção desse ciclo pode impactar a produção e os efeitos da melatonina, afetando a regulação da glicose.
O estudo citado no início do artigo, se concentrou em analisar de que forma o cronotipo ou preferência de ciclo circadiano podem aumentar o risco de diabetes. O cronotipo consiste no horário preferido de sono e vigília de uma pessoa, pode ser determinado geneticamente e, por isso, pode ser difícil mudar. As pessoas matutinas costumam dormir e acordar cedo e ter hábitos mais diurnos e saudáveis, enquanto as vespertinas tendem a dormir e acordar tarde e ter hábitos mais noturnos pouco saudáveis, como o consumo de álcool e o sedentarismo, por exemplo.
Efeitos da Exposição à Luz Artificial durante a Noite
Em sua maior parte, as pessoas que possuem o hábito de dormir tarde, costumam estar sempre com smartphones e dispositivos eletrônicos à mão. A exposição à luz artificial, especialmente desse tipo de dispositivo, durante a noite, pode suprimir a produção de melatonina, comprometendo os ritmos naturais do corpo.
A falta de melatonina devida à exposição à luz noturna está associada à diminuição da sensibilidade à insulina, levando a uma menor eficiência na regulação dos níveis de glicose.
Consequências para a Saúde
O estudo do Brigham and Women’s Hospital analisou uma amostra de quase 64 mil enfermeiras, cujos dados foram coletados entre 2009 e 2017. As análises contemplaram análises sobre: hábitos de sono auto-relatados, dieta, peso, índice de massa corporal (IMC), horário de sono, tabagismo, consumo de álcool e atividade física. Os pesquisadores também analisaram os registros médicos anteriormente, a fim de verificar se as voluntárias da pesquisa já conviviam com a doença.
Em relação à preferência de ciclo circadiano, 11% das participantes relataram ser vespertinas e 35%, matutinas. O restante da amostra foi classificado como intermediário. Os resultados mostraram que um cronotipo noturno estava associado a um aumento de 19% no risco de diabetes. Isso porque, padrões irregulares de sono e privação crônica acabaram contribuindo ao decorrer da pesquisa para o desenvolvimento de resistência à insulina, consequentemente, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Níveis elevados de glicose no sangue estão associados a complicações de saúde, como doenças cardiovasculares, comprometimento cognitivo e obesidade.
Compreender a ligação entre dormir tarde e o aumento da glicose nos mostra a importância de manter um horário de sono regular e respeitar os ritmos naturais do corpo. Pequenas mudanças nos hábitos de sono e na exposição à luz podem ter benefícios significativos na regulação metabólica, promovendo a saúde a longo prazo e prevenindo condições associadas à glicose elevada. Priorizar o sono saudável é essencial não apenas para o descanso, mas também para preservar o equilíbrio metabólico e prevenir uma série de complicações de saúde.
Se você ainda possui dúvidas sobre como a qualidade do sono pode ajudar no controle do diabetes, assista o vídeo abaixo! Nele, temos um bate-papo riquíssimo com a Dra. Mariana Mazzotti, médica Otorrinolaringologista e com os médicos endocrinologistas: Dr. Rodrigo Siqueira e Dra. Denise Franco, para entender quais são os cuidados que devemos ter com a qualidade e saúde do nosso sono e como isso pode ajudar no tratamento do diabetes.
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