Controle do diabetes na gestação garante saúde da mulher e do bebê

Tratamento

Maurílio Goeldner

Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br

A gestação, um período de transformações emocionais e físicas para as mulheres, é também um momento em que a atenção à saúde ganha destaque. As mudanças metabólicas que acompanham a gravidez podem afetar o controle da glicose, especialmente em mulheres já diagnosticadas com diabetes tipo 1 ou tipo 2. No entanto, há um tipo de diabetes que emerge durante esse período, atingindo mulheres que nunca antes foram diagnosticadas. É o diabetes gestacional, uma condição transitória que requer cuidados especiais para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê.

A criadora de conteúdo Fabiana Justus, grávida do terceiro filho, desenvolveu diabetes gestacional. Na última semana uma postagem (veja abaixo) onde mostra o que comeu e como conseguiu controlar os índices de glicemia viralizou nas redes sociais. “Estou conseguindo controlar a diabetes gestacional com uma dieta sem açúcar, sem farinha branca e com pouco carboidrato! Também evito ficar beliscando muito ao longo do dia, e como super bem nas principais refeições (com bastante proteína)”, aconselhou a influenciadora que é mãe das gêmeas Chiarra e Sienna e já está na 39ª semana de gravidez do Luigi.

O relato da influenciadora mostra como manter os níveis de glicose dentro da meta não é uma tarefa fácil. O diabetes gestacional, embora geralmente temporário, pode evoluir para diabetes tipo 2 se não for devidamente tratado. De acordo com dados do IDF, o Brasil registrou uma prevalência estimada de 10,6% de mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional em 2021. A endocrinologista Denise Franco reforça esses números. “O diabetes gestacional pode condicionar um maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 em até 19% dos casos e duplica o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral, dez anos após ter o diabetes gestacional”, alerta a especialista.

O tratamento envolve uma abordagem cuidadosa à alimentação, com controle das porções e carboidratos. Adoçantes e alimentos açucarados devem ser evitados, mas extremos também não são recomendados. “Outra dica é comer muita salada antes do almoço e do jantar”, disse Fabiana Justus também na publicação.

Também é recomendado seguir com atividades físicas regulares, como caminhadas leves ou exercícios específicos para gestantes, é fundamental para manter a glicemia sob controle.

O diabetes gestacional é mais frequente em mulheres com idade superior a 35 anos, obesas, portadoras da síndrome dos ovários policísticos ou com histórico familiar de diabetes. No entanto, qualquer gestante pode ser afetada. Por isso, é recomendado realizar testes de glicemia entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, ajustando o timing conforme os fatores de risco individuais.

Bebês gigantes

Quando o diabetes gestacional não é devidamente controlado, os níveis elevados de glicose no sangue da mãe podem passar para o feto através da placenta. Isso pode levar a um fenômeno chamado macrossomia fetal, no qual o bebê tende a crescer de forma excessiva no útero materno. Essa condição aumenta a probabilidade de nascimento de bebês com peso acima do normal, também conhecidos como bebês gigantes.

Isso ocorre em razão do excesso de glicose passado para o feto, o que estimula a produção de insulina em quantidades maiores do que o normal. A insulina é um hormônio responsável por promover o crescimento e o acúmulo de tecido adiposo. Como resultado, o bebê pode apresentar um aumento significativo em seu tamanho, especialmente nos órgãos como fígado e pâncreas.

Essa condição não apenas aumenta os riscos do parto para a mãe, como a necessidade de cesariana devido ao tamanho do bebê, mas também pode ter implicações para o recém-nascido. Bebês gigantes têm maior probabilidade de enfrentar dificuldades durante o parto.

Números

Um estudo nos Estados Unidos, que seguiu mais de 90.000 mulheres por até 25 anos após o parto, mostrou que mulheres com histórico de diabetes gestacional enfrentavam um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares e outras complicações, como hipertensão e doença arterial coronariana. Além disso, é importante dizer que existe uma chance maior da mulher que teve diabetes gestacional desenvolver depressão após o parto. Por isso, o acompanhamento com especialista e o apoio de todos ao redor são fundamentas nessa fase.

A influenciadora Fabiana Justus, que está na 39ª semana de gravidez do Luigi, compartilhou os cuidados que tem com a alimentação para controlar a glicemia / reprodução instagram @fabianajustus

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *