Maurílio Goeldner
Repórter e editor do portal Um Diabético. Escreve sobre saúde desde os tempos da faculdade de jornalismo. Para sugerir uma reportagem: redacao@umdiabetico.com.br
Uma professora de Belo Horizonte foi barrada na montanha russa de um dos maiores parques temáticos do Brasil. Bruna Raposo tem diabetes tipo 1 e usava um sensor de monitoramento contínuo da glicose.
Ela gravou um vídeo registrando o momento em que uma funcionária do parque explica que a professora não poderá entrar na atração. Veja abaixo.
Tudo aconteceu no último sábado, 22. Bruna disse ao portal Um Diabético que estava no segundo dia de visitação ao parque, que fica em Penha, Santa Catarina. Ela usava uma blusa sem manga e o que deixava o sensor no braço aparente. “A funcionária veio até mim e disse você não pode entrar. Eu disse que precisava do sensor pelo fato de ter diabetes, mas ela me tratou com deboche”, lembra a professora. Os funcionários diziam que seguiam ordem do fabricante da montanha russa e que o sensor poderia se desprender e atingir outras pessoas. Bruna então decidiu tirar o dispositivo do braço e conta que continuou na fila até a abordagem de outro funcionário: “No dia anterior eu fui nessa atração. Entrei com celular, com câmera portátil e ninguém proibiu o acesso. Só o sensor era proibido”.
O dispositivo que gerou a proibição é pequeno e fino, tem cerca de 0,5 cm de espessura e 3,5 cm de diâmetro. É semelhante a uma moeda de 1 real.
O aplicador é posicionado na pele e ao pressionar um botão ou puxar uma aba, uma pequena agulha retrátil é inserida rapidamente sob a pele, onde permanecerá posicionada para medir a glicose no líquido intersticial. Após a inserção da agulha, o aplicador é retirado, e o sensor permanece fixado na pele. A Abbott, fabricante do dispositivo, informa que ele também possui uma cobertura adesiva que o mantém firmemente fixado à pele durante o período de uso, que pode variar entre 10 a 14 dias, dependendo do modelo. O sensor não pode ser considerado uma prótese.
A professora foi autorizada a entrar na montanha russa por um terceiro funcionário. Depois do ocorrido foi embora do parque. “Eu me senti extremamente incomodada e exposta. Estava com meu filho de 10 anos de idade e as pessoas ficaram me olhando. Eu tinha a sensação de que estava atrapalhando o andamento da fila”, diz Bruna, que antes de sair do parque registrou uma reclamação por escrito. “Disseram pra mim que eles vão entrar em contato em até 7 dias. Até agora não me procuraram”, diz a professora.
Parque Beto Carrero comenta o caso
A assessoria de imprensa do Beto Carrero entrou em contato com a redação do portal Um Diabético. Em nota reafirma que a restrição do uso do aparelho FreeStyle Libre e outros aparelhos médicos que não sejam permanentemente afixados ao corpo é uma regra de segurança imposta pelos fabricantes dos brinquedos radicais. “A segurança das milhares de famílias que nos visitam é prioridade por aqui, por isso seguimos à risca todas as medidas orientadas pelo fabricante”, diz o comunicado.
A medida vale para as atrações mais radicas. Nas atrações familiares, infantis e nos shows não há restrição. A assessoria ainda diz que as pessoas com diabetes tem acesso prioritário às atrações: “Ao chegar no parque, basta procurar o nosso Serviço de Atendimento ao Visitante e apresentar o laudo ou carteirinha que comprove a doença”, conclui a nota.
O grande problema no caso é a ausência de transparência nas informações prestadas pelo Beto Carrero. Mesmo diante de inúmeras solicitações do documento contendo as regras de segurança do fabricante dos brinquedos, nunca foram exibidas. Causa estranheza que diversos parques mundo afora (incluindo Disney e Universal), com brinquedos semelhantes, não possuem citada restrição.
Agora fiquei curiosa, existe uma carteirinha que comprove que temos diabetes, conforme o parque exige?
Eu levei um laudo médico.
Um absurdo. Nos parques da Disney, que têm atrações muito mais radicais, não há essa restrição. Onde está essa exigência do fabricante? A comunidade diabética quer ver o documento. A situação é recorrente e estamos cansados da mesma justificativa, que até que se prove o contrário, é uma desculpa sem sentido…
E o sensor que ela retirou? O parque pagou outro?
O dia q algum juíz der ganho de causa ao DM1, por danos morais, esse parque deixa de agir dessa forma e buscará se informar.
Ou seja: o parque REAFIRMA a proibição e NÃO REVÊ o erro que comete quanto ao Libre.
Fui ano passado ao parque, a filha do meu namorado também tem diabetes e usa o sensor. Andamos em todos os brinquedos ( inclusive na montanha russa) , quando fomos no elevador, uma funcionária viu, fez a mesma coisa, não deixou. Conversamos, explicamos, mais foram MT difíceis. No fim, iríamos trocar o sensor no mesmo dia a noite, tiramos e deixamos ela andar, pois estava chorando querendo entrar no brinquedo. Eles do parque precisam de mais informações para atuarem desta forma sem saber como funciona.
Continua não fazendo sentido, a professora em questão estava com uma fita de proteção no sensor, se esse sensor caísse do braço dela e colocasse as famílias ao redor em risco, poderia deixar de ser chamado de freestyle libre e passa a ser chamado de MacGyver.
O parque agiu sim de maneira errada e preconceituosa (pré-conceito) e expôs a cliente e agora quer se fazer de desentendido. Pois eu economizo para ir em outros parques, mas nesse eu não vou. E olha que nem diabética eu sou.
Passei pelo mesmo constrangimento com minha filha de 13 anos em janeiro deste ano. Ela ficou arrasada, humilhada, chorou muito. Staff despreparado. Registrei reclamação e até hoje estou aguardando. Pedi a norma do fabricante que faz a ressalva e ninguém me apresentou nada.
Aliás, o “brinquedo” é importado.