Detetives do açúcar: cientistas descobrem neurônios que monitoram a glicose

Tratamento

Maurílio Goeldner, da Redação Um Diabético

Um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington (WUSTL), trouxe uma descoberta surpreendente no campo da neurociência, revelando a existência de um grupo de neurônios no hipotálamo que atuam como verdadeiros “Detetives de Açúcar”. Esses neurônios detectam e reagem a mudanças nos níveis de glicose no sangue, agindo de maneira semelhante às células pancreáticas secretoras de insulina.

Michael Schwartz, endocrinologista da WUSTL explica qual a novidade do estudo. “Nova é a evidência de que um subconjunto de neurônios localizados no hipotálamo pode detectar e responder ao açúcar na própria corrente sanguínea, análogo às células do pâncreas que secretam insulina”, destaca.

Os pesquisadores monitoraram em tempo real os níveis de açúcar no sangue e a atividade dos neurônios dentro do hipotálamo de camundongos conscientes. Eles descobriram que, quando os níveis de açúcar no sangue aumentavam, a atividade desse subconjunto de neurônios diminuía rapidamente. A equipe especula que esses neurônios possam detectar e responder à variação no açúcar no sangue, transmitida por neurônios sensoriais que fornecem a vasculatura, ao invés dos níveis de açúcar no cérebro, que mudam muito mais lentamente. “Sabemos há muito tempo que muitos neurônios podem detectar açúcar localmente dentro do cérebro. Entender como esse sistema de detecção de açúcar no sangue funciona e como esses neurocircuitos operam daria aos pesquisadores e médicos maiores insights sobre como nossos cérebros regulam nosso açúcar no sangue e, talvez, como direcioná-los terapeuticamente para tratar doenças metabólicas como diabetes e obesidade”, acrescenta Schwartz.

As implicações clínicas dessa descoberta são promissoras. Tratamentos mais eficazes para pacientes com diabetes podem ser desenvolvidos, revertendo possíveis defeitos de detecção associados à doença. Compreender e direcionar terapeuticamente esses neurônios pode ser um passo crucial para proporcionar uma melhor qualidade de vida a milhões de pessoas afetadas por distúrbios metabólicos.

Essa pesquisa representa um marco significativo na neurociência e pode impactar positivamente a vida de muitos. O estudo foi publicado em 22 de junho online na revista Diabetes, uma publicação de pesquisa da American Diabetes Association.

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