Afirmação foi feita durante audiência pública na Câmara Municipal de vereadores de Valença, no Rio de Janeiro, no dia 30 de maio; Secretário também exagerou ao citar o preço do sensor
Maurílio Goeldner, da Redação Um Diabético
A postura de um secretário de saúde de uma cidade do interior do Rio de Janeiro vem causando indignação em pessoas com diabetes, familiares e profissionais de saúde. Márcio Petrillo participava de uma audiência pública na Câmara Municipal de Valença, no dia 30 de maio, quando foi questionado por um vereador sobre a falta de insumos para o tratamento do diabetes. O secretário admitiu atraso na entrega dos sensores e em seguida deu uma declaração de grande repercussão: “Sensor é um luxo que custa 3 mil reais a cada 15 dias, então uma pessoa que usa sensor consome do município 6 mil reais por mês”, afirmou Petrillo. O vídeo completo da reunião está disponível aqui.
O debate continua e o secretário de saúde ainda diz que a pasta fornece sensor apenas quando há decisão judicial, mas que recebe vários pedidos, que são negados. “É facilidade! É uma questão de conforto”, justifica ele.
Protestos
As declarações da autoridade máxima da área de saúde preocuparam o funcionário público Fabrine Reis e a mulher Márcia, que moram em Valença. “Ficamos tristes e indignados pela falta de empatia do secretário. Minha mulher compartilhou o vídeo com outras pessoas que sentiram da mesma forma, o vídeo acabou tomando uma repercussão nacional, por eu ser fotógrafo no Rio de Janeiro, tenho muitas pessoas no Brasil inteiro em minhas redes sociais”, conta ele. Uma dessas pessoas é a Andressa Vieira, mãe de uma menina com diabetes: “Conforto é não precisar acordar de hora em hora pra tirar sangue de dedos tão pequenos. Conforto é não ter que injetar insulina 5, 6x no DIA. Conforto é ir dormir sabendo que uma HIPOGLICEMIA não te traz riscos, afinal seu pâncreas funciona bem”, comentou em uma publicação no Instagram do secretário.
Carol Torelly ainda complementou: “Essas ferramentas ajudam e muito na prevenção de complicações, além de trazerem um pouco mais de conforto e segurança para uma rotina tão desgastante”, postou a influenciadora digital mãe de um menino com diabetes tipo 1.
6 mil reais?
Outra seguidora alertou para o preço do sensor apresentado durante a audiência pública. O secretário fala que a prefeitura gastaria 6 mil reais mensais por paciente atendido. “No Brasil só existem 2 tipos de sensores: o da Medtronic (que só funciona com a bomba de insulina própria) e custa R$ 1.998,00 POR MÊS e o Freestyle Libre: que custa R$ 289,90 e dura 14 dias. Ou seja, R$ 579,80 POR MÊS”, alertou Carol Trento, mãe da Isabella, de 8 anos que usa a bomba da Medtronic. Numa rápida consulta à internet foi possível confirmar as informações apresentadas por ela, que contradizem os valores citados na reunião da câmara de Valença.
Não é luxo
Depois da repercussão negativa, Márcio Petrillo publicou um vídeo em suas redes sociais e negou o que ele mesmo disse: “Para as pessoas que necessitam do sensor eu não disse que era um luxo”, afirma o secretário. Ele também argumenta que entrega os sensores quando existe um laudo médico fundamentado: “Quem define a necessidade do uso do sensor é o médico, de acordo com a gravidade de cada paciente”.
Petrillo não cita o preço do dispositivo no vídeo de “esclarecimento”. Veja abaixo.
Enviamos pedido de entrevista com o secretário para a assessoria de imprensa da prefeitura e da secretaria municipal de saúde de Valença. Até agora não recebemos resposta.
Valença está localizada no sul do Rio de Janeiro e em 2021 teve sua população estimada em 77 202 habitantes, segundo o IBGE. Foi fundada em 29 de setembro de 1823, às margens do rio Paraíba do Sul.
O homem que divulgou o vídeo da audiência pública não se arrepende. “Tenho muito medo pois aqui é uma cidade de coronéis, mas mesmo assim isso tem que ser divulgado. Não dá pra ouvir que é um luxo”, afirma Reis.
Luxo, porque não é ele que precisa ser furado 3 ou 4 vezes por dia. Se fosse o filho dele!
Podemos levantar todos os gastos da prefeitura de Valença pra ver or reais valores das compras feitas. Um libre por esse valor, está superfaturado.