Novidade: primeiro pâncreas biônico 100% automático é aprovado pelo FDA

Tecnologia

A agência reguladora de saúde americana liberou o sistema de última geração que elimina a necessidade de contagem de carboidratos; entenda como é o funcionamento

Maurílio Goeldner, da Redação Um Diabético

O “pâncreas biônico” promete revolucionar o tratamento do diabetes tipo 1. É composto por uma bomba de insulina, um software e um monitor contínuo de glicose. Na prática funciona como uma sistema automatizado de dosagem de insulina, que usa um algoritmo para determinar e comandar a administração do medicamento.

Foto: divulgação Beta Bionics

O “iLet” foi projetado para facilitar o controle do diabetes no dia-a-dia. Segundo o fabricante a única informação necessária para começar é o peso do paciente.

Não há necessidade de calcular fatores de correção, proporções de insulina para carboidratos ou taxas basais pré-definidas, por exemplo. “Como o primeiro sistema de dosagem de insulina totalmente automatizado, o iLet muda o paradigma do controle do diabetes. Ao eliminar a configuração tradicional, contagem de carboidratos e bolus de correção manual, o iLet removeu muitas das tarefas tradicionais para o usuário e para o profissional de saúde”, diz Sean Saint, presidente da Beta Bionics.

O dispositivo simplifica as refeições, substituindo a contagem convencional de carboidratos por um novo recurso.

Os usuários podem estimar a quantidade de carboidratos no prato como pequena, média ou grande. A partir daí, o algoritmo se adapta às necessidades de insulina do indivíduo ao longo do tempo, não necessitando de doses de insulina em bolus para refeições ou correções.

O diretor médico da companhia, Steven Russel, ainda explica que “os algoritmos exclusivos do iLet personalizam de forma autônoma a dosagem de insulina para as necessidades exclusivas de cada pessoa”.

FDA aprova uso

O novo sistema foi liberado pela agência reguladora de saúde dos Estados Unidos (FDA – Food and Drug Administration) para pacientes de 6 anos ou mais com diabetes tipo 1. A decisão “fornecerá à comunidade de diabetes tipo 1 opções e flexibilidades adicionais para o gerenciamento do diabetes e pode ajudar a ampliar o alcance da tecnologia AID”, diz Jeff Shuren, diretor do Centro de Dispositivos e Saúde Radiológica da FDA.

O diabetes afeta a capacidade do corpo de produzir ou usar adequadamente o hormônio regulador da glicose no sangue, a insulina. Como o pâncreas não produz insulina em pessoas com diabetes tipo 1, elas precisam monitorar consistentemente seus níveis de glicose ao longo do dia e fazer terapia com insulina por meio de injeção com uma seringa, caneta de insulina ou bomba de insulina para evitar hiperglicemia.

Ainda não há previsão para implantação do sistema no Brasil.

Pesquisa envolveu mais de 300 pessoas com diabetes

O desenvolvimento desse novo sistema recrutou 326 pessoas com diabetes, com idades entre 6 e 79 anos e que usavam insulina há pelo menos um ano. O estudo durou 13 semanas, conduzido em 16 centros clínicos nos Estados Unidos.

Os participantes foram designados aleatoriamente para um grupo de tratamento usando o dispositivo de pâncreas biônico ou um grupo de controle usando o método pessoal de administração de insulina pré-estudo. Todos os participantes do grupo de controle receberam um monitor contínuo de glicose, e quase um terço do grupo de controle estava usando a tecnologia de pâncreas artificial disponível comercialmente durante o estudo.

Nos participantes que usaram o pâncreas biônico, a hemoglobina glicada, uma medida do controle de glicose no sangue a longo prazo de uma pessoa, melhorou de 7,9% para 7,3%, mas permaneceu inalterada entre o grupo de controle padrão de atendimento. Os participantes do grupo de pâncreas biônico gastaram 11% mais tempo, aproximadamente 2,5 horas por dia, dentro da faixa de glicose no sangue alvo em comparação com o grupo de controle. Esses resultados foram semelhantes em participantes jovens e adultos, e as melhorias no controle da glicemia foram maiores entre os participantes que apresentavam níveis mais elevados de glicemia no início do estudo.

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