Manter uma rotina de sono adequada vai além do descanso. Para quem convive com diabetes, dormir mal pode influenciar diretamente no controle da glicemia e no risco de complicações. A endocrinologista Denise Franco explica que a relação entre sono e diabetes é mais intensa do que muitas pessoas imaginam. Por isso, além de manter a glicose com bom controle, é necessário que todos que tem a condição fiquem de olho na parte noturna: na qualidade do sono.
Impacto maior no diabetes tipo 2
Segundo a endocrinologista e pesquisadora Denise Franco, a interferência do sono se manifesta de maneira mais significativa nas pessoas com diabetes tipo 2. No entanto, quem tem diabetes tipo 1 também deve ficar atento.
“Principalmente com diabetes tipo 2. Mas a gente sabe também que a pessoa que tem diabetes tipo 1 pode ter um sono comprometido”, explica a médica.
Vários fatores contribuem para essa relação. A apneia do sono, por exemplo, é comum em pessoas com sobrepeso, hipertensão ou doenças cardiovasculares. Essas são condições frequentemente associadas ao diabetes tipo 2.
“Apneia do sono é uma das complicações que a gente tem no sono, que está muito presente na vida das pessoas que têm diabetes”, detalha a endocrinologista.
Apneia do sono e seus riscos
A apneia do sono é caracterizada por interrupções repetidas da respiração durante o sono, o que leva a múltiplos despertares ao longo da noite. Isso não apenas afeta o descanso, mas também causa alterações hormonais e inflamatórias que podem dificultar o controle da glicose no sangue.
Além disso, dormir mal favorece o aumento de hormônios como o cortisol. Ele estimula a produção de glicose pelo fígado, podendo piorar a resistência à insulina. Com isso, o risco de hiperglicemia aumenta, que é um desafio a mais no tratamento do diabetes.
Higiene do sono: um aliado no cuidado com o diabetes
Para lidar com o problema, a médica enfatiza a importância da higiene do sono, um conjunto de práticas e hábitos que ajudam a melhorar a qualidade do sono.
“Quando a gente falar aqui do sono e especificamente da higiene do sono, esse cuidado pode ter um impacto principalmente para as pessoas que têm diabetes tipo 2”, afirma Denise Franco.
Evitar telas antes de dormir, manter horários regulares para deitar e acordar, criar um ambiente silencioso e escuro e evitar estimulantes como cafeína à noite estão entre as medidas recomendadas. Essas práticas ajudam a promover um sono mais profundo e restaurador, o que pode refletir positivamente no controle do diabetes.
Sono e saúde caminham juntos
Cuidar do sono deve ser parte da estratégia para controlar o diabetes. O sono inadequado pode agravar a resistência à insulina, dificultar a perda de peso e aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Todas as situações que afetam diretamente quem convive com a condição.
Por isso, profissionais de saúde devem abordar o sono como um componente essencial do tratamento, ao lado da alimentação equilibrada, prática de atividade física e uso correto da medicação.
Como lembra a endocrinologista Denise Franco, “é um dos fatores que está associado a uma qualidade da apneia do sono”, e por isso deve ser levado a sério. Especialmente nas populações mais vulneráveis ao distúrbio.
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