PL do diabetes tipo 1 como deficiência: 2ª audiência é marcada por emoção e repúdio à desinformação

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O Senado Federal promoveu nesta quinta-feira, 05, mais uma audiência pública sobre o Projeto de Lei 2687/22, que pode classificar o diabetes tipo 1 como deficiência. No segundo encontro, que aconteceu na tarde de hoje, advogados, nutricionistas e profissionais que atuam na Saúde e inclusão, deram falas importantes para o processo.

A primeira fala da audiência, do advogado Pedro Ottoni, foi elogiada por quem assistia a sessão pelo YouTube. O profissional jurídico trouxe pontos importantes sobre a definição do diabetes e repudiou a falta de informação e falas polêmicas da última audiência.

“Vocé já se imaginou fazendo o trabalho de um pâncreas?”

Uma das falas que foram destaque durante o encontro foi a da nutricionista Ana Carolina Torelly, que descobriu o diagnóstico de DM1 no filho com apenas 12 meses. Ela contou que a descoberta fez com que a vida dela e da família mudassem, e muito!

A nutricionista Ana Paula Torelly em sua explanação na audiência pública. Imagem: Reproduição/TV Senado

“O diabetes é assim… ele entra na nossa vida e muda tudo: profissão, amigos, família, vida social. Precisamos nos adaptar pra viver cada momento da nossa vida.”

Em resposta às falas polêmicas da médica Linamara Battistella, ela afirmou:

“Não posso deixar de registrar aqui o repúdio de toda a comunidade com diabetes tipo 1 às declarações da médica que veio ao debate falar sobre diabetes tipo sem, ao menos, saber a diferença do diabetes tipo 1 e tipo 2. Ao final, ainda aconselhar a não comer açúçar! Foi muito triste! Uma fala capacitista. Nos comparou com outras pessoas com deficiência. […] A fala dela e de outros representantes do nosso estado reflete exatamente o que é o diabetes tipo 1: nós somos esquecidos!”

Ana Carolina ainda frisa que conviver com o diabetes tipo 1 é tomar 180 decisões do que comer por dia, simplesmente porque cada um deve fazer o trabalho que o pâncreas não faz.

“O grande desafio do diabetes tipo 1 é justamente pensar e agir pelo pâncreas. E apesar do nosso grande esforço, definitivamente não é possível chegar a esse nível de excelência que só o nosso corpo consegue ter. Você já se imaginou fazendo o trabalho de pâncreas? É isso que precisamos fazer todos os dias e é um grande esforço.”

Mais destaques

A presidente do Instituto Diabetes Brasil, Jaqueline Correia, também discursou no segundo encontro sobre o tema nesta semana. Ela trouxe dados importantes e deixou claro como o PL 2687/22 pode mudar a rotina e a qualidade de vida de quem convive com o diabetes tipo 1 no Brasil. Com índices apresentados, ela comentou:

A presidente do Instituto Diabetes Brasil, Jaqueline Correia, participando da audiência pública. Imagem: Reproduição/TV Senado

“Nós tivemos uma perca, por falta de políticas públicas, de 239 mil pessoas. Era para sermos mais de 900 mil pessoas [com diabetes], mas somos 600 mil, porque mais de 200 mil morreram.”

Para reforçar a importância do projeto, Jaqueline mostrou como os países pelo mundo tratam o diabetes. A Alemanha, Espanha, Estados Unidos e o Reino Unido já classificam o DM1 como uma deficiência.

Participações

Além dos citados, estiveram presentes a coordenadora de Advocacy da ADJ Diabetes Brasil, Lúcia Xavier; Sabrina Santana, presidente da Federação Brasileira Desportiva dos Surdos; e Ana Paula Soledade, da Associação dos Ostomizados do Distrito Federal.

Próximos passos

O senador que mediou a sessão, Alessandro Vieira (MDB-SE) afirmou que a Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal vai apresentar o relatório nesta sexta-feira, 06, e adiantou que o projeto pode ser aprovado pela comissão.

Após isso, um projeto de lei segue para a votação e se aprovado é encaminhado para a sanção do Presidente Lula.

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