Diabetes e HIV: cuidados e desafios de quem convive com as duas condições

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O mês de dezembro é voltado para uma conscientização importante sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e, principalmente, a prevenção do HIV. Mas, para além desta ação, uma parcela dos brasileiros pode conviver com o diabetes e HIV ao mesmo tempo. Atualmente, estima-se que, atualmente, um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Do total, 650 mil são homens e 350 mil são mulheres.

O portal “Um Diabético” conversou com o infectologista Álvaro Costa, que falou sobre o dia a dia de quem convive com as duas condições e explicou que os desafios dependem do tratamento contínuo, tanto para o HIV, quanto para o diabetes.

“É muito comum você ver as pessoas vivendo com HIV, com diabetes, até porque as pessoas estão envelhecendo e vivendo com HIV cada vez mais tempo e às vezes desenvolvem diabetes com o passar da idade. Então, o desafio é realmente ter muito controle das duas doenças. Assim como o diabetes tem que controlar a glicemia e fazer exames com frequência, quem vive com HIV também tem que ter uma boa adesão ao tratamento antirretroviral.”

Impacto de diagnósticos

O diagnóstico de HIV em uma pessoa que já convive com o diabetes pode impactar em seu tratamento, já que algumas rotinas podem mudar. O infectologista explica que o acompanhamento deve ser feito com mais atenção.

“Quanto mais rápido você fizer o diagnóstico de HIV, se você tiver diabetes e tratar é melhor, porque se você não trata HIV, sua imunidade cai. Se você tem diabetes, essa queda de imunidade pode ser muito ruim.”

Doenças cardiovasculares

Assim como no diabetes, a falta de tratamento no HIV pode levar a complicações graves, incluindo problemas cardiovasculares. O infectologista comentou sobre a condição:

“Quem tem HIV tem um organismo mais inflamado, isso também pode predispor a algumas doenças cardiovasculares, então a atenção tem que ser bastante especial.”

Lipodistrofia

A lipodistrofia do HIV é uma síndrome metabólica observada em pacientes que fazem uso de terapia antirretroviral. Um estudo do Royal College of Physicians mostra e esclarece alguns pontos do tema. A condição se caracteriza por alterações na distribuição de gordura corporal, incluindo:

  • Acúmulo de gordura visceral: aumento de gordura em áreas centrais do corpo, como abdômen, tórax e pescoço (giba de búfalo).
  • Perda de gordura periférica: redução de tecido adiposo subcutâneo em áreas como face, braços, pernas e nádegas.

Essas alterações podem levar à resistência à insulina, hiperglicemia e maior risco de desenvolver diabetes tipo 2. O desequilíbrio metabólico também está associado a dislipidemia, aumento de triglicerídeos e colesterol, aumentando o risco cardiovascular.

Cuidados

Apesar dos desafios diários que o HIV e o diabetes impõe, há tratamento para as duas doenças crônicas e manter os exames atualizados. Álvaro Costa afirma:

“O cuidado é tratar duas doenças crônicas completamente manejáveis hoje no contexto de ambulatório, com profissionais. Quem tem HIV, vai ter que fazer exame a cada seis meses, tomar remédio, tomar vacina. O diabético vai ter que fazer o controle da glicemia, colher hemoglobina glicada, se for necessário tomar insulina, pode. Tem que ter rigor nos exames, nas consultas, isso é super importante.”

Atividade física

Os exercícios físicos e a dieta são duas considerações de vida fundamentais para quem vive com HIV e diabetes. Para diabetes, quem está ali com peso adequado, comendo bem, para ter o controle glicêmico, tem relação com a dieta que você faz, para o diabetes é mais ainda. Mas, para o HIV, também é importante ter um estilo de vida saudável que vai englobar a dieta e atividade física dentro das recomendações médicas. Então, uma pessoa que vive com HIV, que come mal, se alimenta mal, não faz atividade física, pode desenvolver uma síndrome metabólica e desenvolver o diabetes secundário a isso.

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