Macaco ilustrativo olhando para o lado

Macaco com diabetes é submetido a transplante de células e não precisa mais de insulina

Saúde Pública Tratamento

Cientistas conseguiram um grande avanço ao transplantar células do pâncreas, chamadas de ilhotas, em um macaco com diabetes. Essas ilhotas foram modificadas geneticamente para que o corpo do macaco não as rejeitasse. O mais surpreendente é que, após o transplante, o macaco não precisou mais tomar insulina, e seu corpo não atacou as células transplantadas, mesmo sem o uso de medicamentos que normalmente seriam necessários para evitar a rejeição. Isso abre portas para novas formas de tratar o diabetes no futuro, revela estudo.

O transplante de ilhotas pancreáticas é uma abordagem promissora no tratamento do diabetes mellitus, especialmente em casos de difícil controle. No entanto, essa terapia é limitada devido à necessidade de imunossupressão contínua, que traz riscos e complicações. Uma equipe de pesquisadores relatou um avanço significativo: um transplante de ilhotas geneticamente modificadas em um primata diabético totalmente imunocompetente, sem a necessidade de medicamentos imunossupressores.

O procedimento consistiu no transplante de pseudo-ilhotas (p-ilhotas) geneticamente modificadas para se tornarem “hipoimunes”. Foram utilizados métodos de engenharia genética para alterar os genes B2M e CIITA e expressar a proteína CD47, criando assim um tipo de ilhota capaz de escapar da rejeição imunológica. Essas ilhotas modificadas foram implantadas em um macaco cynomolgus, uma espécie propensa a desenvolver diabetes de maneira induzida, o que a torna um modelo adequado para pesquisas.

Saiba mais sobre o estudo

Para induzir o diabetes no macaco, os pesquisadores usaram uma substância chamada estreptozotocina (STZ). Após a injeção de STZ, o animal passou a necessitar de injeções diárias de insulina para manter os níveis de glicose estáveis. Em seguida, as ilhotas modificadas foram transplantadas nos músculos das pernas do macaco.

O resultado foi surpreendente: uma semana após o transplante, os níveis de glicose do macaco começaram a se estabilizar, e em menos de duas semanas ele já estava livre das injeções de insulina. O peptídeo C, um marcador do desempenho das ilhotas, normalizou-se e permaneceu estável durante os seis meses de acompanhamento, indicando que as células transplantadas estavam produzindo insulina de forma eficiente.

Durante todo o período de estudo, o macaco apresentou controle rigoroso da glicose no sangue, independência total da insulina e não apresentou sinais de rejeição do enxerto. O animal manteve um bom estado de saúde, com ganho de peso leve e fisiológico, e sem episódios de hiperglicemia.

Ausência de resposta imunológica

Os cientistas realizaram uma série de testes imunológicos para verificar se o organismo do macaco estava reagindo contra as ilhotas transplantadas. Os resultados não mostraram ativação de células T, citotoxicidade de células T ou células natural killer (NK), e nenhum anticorpo específico do doador foi detectado durante o período do estudo. Isso indica que as ilhotas modificadas conseguiram escapar da rejeição imunológica, eliminando a necessidade de medicamentos imunossupressores.

Avanço na terapia celular para diabetes tipo 1

Este estudo representa um marco no desenvolvimento de tratamentos para o diabetes tipo 1. A engenharia de ilhotas hipoimunes pode oferecer uma alternativa curativa, reduzindo os riscos associados à imunossupressão. Embora os resultados sejam promissores, ainda é necessário mais pesquisas e testes para que esse tipo de terapia seja adaptado para uso clínico em seres humanos.

Se comprovada sua eficácia e segurança em longo prazo, essa abordagem pode revolucionar o tratamento do diabetes, proporcionando uma nova esperança para pacientes que enfrentam dificuldades no controle da doença.

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