Durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) de 2024 na Filadélfia, novos dados compartilhados no evento trouxeram uma notícia animadora para o tratamento do Alzheimer.
As pesquisas recentes indicam que medicamentos para diabetes pode ter um papel importante na proteção contra doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
Os agonistas do GLP-1, que imitam um hormônio do corpo responsável pelo controle do apetite e aumento da liberação de insulina, são conhecidos por seus benefícios na perda de peso e redução do risco de eventos cardiovasculares.
Medicamentos como Wegovy, Ozempic e Mounjaro, já são amplamente prescritos para controle de peso e diabetes. Agora, estudos sugerem que esses medicamentos podem também proteger o cérebro.
O que foi usado nos estudos e os resultados
O Dr. Paul Edison, professor do Imperial College London, apresentou os resultados de um estudo de Fase 2 com o medicamento liraglutida. Este remédio, comercializado como Saxenda para obesidade e Victoza para diabetes, foi testado em pacientes com Alzheimer leve. Os resultados mostraram que o liraglutida retardou o declínio cognitivo mais do que o placebo, além de diminuir o encolhimento cerebral associado ao Alzheimer.
Liraglutida é um medicamento utilizado no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recente, também para a perda de peso em pessoas com obesidade ou sobrepeso.
O estudo envolveu 204 participantes com Alzheimer inicial, randomizados para receber uma injeção diária de placebo ou liraglutida por um ano. Os pesquisadores utilizaram a técnica de tomografia por emissão de pósitrons (FDG-PET) para avaliar o metabolismo da glicose no cérebro, uma função prejudicada em pacientes com Alzheimer.
Embora o liraglutida não tenha impactado diretamente o metabolismo da glicose, os participantes que receberam o medicamento apresentaram uma desaceleração de 18% no declínio cognitivo em comparação ao grupo placebo.
Alzheimer e os efeitos da liraglutida
Além disso, uma análise exploratória revelou que os participantes que usaram liraglutida perderam 50% menos volume cerebral, incluindo nas regiões frontal, temporal e parietal, áreas críticas para funções cognitivas como memória e tomada de decisão. “Se o paciente começar o tratamento no início da doença e continuar com a medicação, isso pode ser bastante significativo”, afirmou Edison.
Os efeitos colaterais gastrointestinais, como náuseas, foram observados em mais de 25% dos participantes que receberam liraglutida, levantando uma preocupação, especialmente para idosos vulneráveis.
A Dra. Suzanne Craft, da Wake Forest University, considerou a pesquisa encorajadora, mas alertou sobre a necessidade de monitorar a perda de peso dos pacientes para evitar complicações nutricionais.
A Alzheimer’s Association, através do programa Part the Cloud, está investindo em testes que exploram a reutilização de medicamentos aprovados para outras doenças no tratamento do Alzheimer. Maria C. Carrillo, diretora científica da associação, destacou que medicamentos reaproveitados tendem a passar por um processo de aprovação mais rápido, já que podem pular as Fases 1 e 2 dos testes clínicos.
Via: Being Patient
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