Hoje em dia, é muito comum ver gente com tatuagem ou piercing. A arte na pele virou moda, e o preconceito que existia antigamente diminuiu bastante. Inclusive, muitas pessoas com diabetes estão aproveitando esse momento para tatuar no corpo informações importantes, como “diabetes tipo 1”, ajudando em situações de emergência. Ou seja, além de estilosa, a tatuagem pode ter uma função bem prática.
No entanto, antes de ir para o estúdio, vale a pena entender alguns cuidados básicos que toda pessoa com diabetes precisa ter. A médica endocrinologista da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) falou sobre o assunto e deu dicas importantes para quem convive com a condição.
Tatuagem e diabetes: posso fazer?
A boa notícia é que sim, quem tem diabetes pode fazer tatuagem. Mas atenção: é essencial que sua glicemia esteja bem controlada antes de decidir fazer. Isso porque, quando os níveis de glicose estão altos, o corpo pode demorar mais tempo para cicatrizar. E, como você deve imaginar, quanto mais demorado o processo, maior o risco de complicações, como infecções.
Além disso, é muito importante conversar com seu endocrinologista antes de tomar qualquer decisão. Ele pode avaliar se o momento é adequado e dar dicas para que tudo corra bem.
Quais são os riscos da tatuagem?
Assim como qualquer procedimento que envolve perfuração da pele, a tatuagem tem riscos. E quem convive com o diabetes deve ficar ainda mais atento. Veja os principais:
- Infecção no local: Se o estúdio não for limpo ou se você não cuidar direitinho da pele depois, pode acabar com uma infecção;
- Contaminação por doenças: Se a agulha ou a tinta não forem estéreis, existe risco de pegar hepatite B, hepatite C, HIV e outras doenças graves;
- Reação alérgica: Algumas pessoas têm alergia às tintas ou aos produtos usados. Isso pode causar coceira, vermelhidão e até feridas;
- Arrependimento: Por fim, lembre-se que tatuagem é permanente. Por isso, pense bem antes de fazer. Escolha um desenho com significado e evite tatuar nomes de namorados(as), por exemplo.
Dica importante: evite fazer tatuagem em festas ou festivais. Escolha um estúdio de confiança, com boas referências, e verifique se o local segue as normas de higiene.
E piercing? Quem tem diabetes pode usar?
Sim, pode, mas os cuidados são bem parecidos com os da tatuagem. O ideal é que sua glicemia esteja equilibrada antes de furar qualquer parte do corpo. Afinal, o piercing também precisa cicatrizar direitinho para não virar um problema.
Entre os principais riscos do piercing para pessoas com diabetes, estão:
- Infecção no local: Especialmente se o local da aplicação não for higienizado corretamente ou se a limpeza não for feita no dia a dia;
- Cicatrização lenta: Glicemias elevadas atrasam a cicatrização, o que pode aumentar o risco de infecção;
- Inchaço e sangramento: Isso pode acontecer, principalmente em regiões como a língua, que têm muitos vasos sanguíneos;
- Cicatrizes e queloides: Algumas pessoas desenvolvem cicatrizes mais visíveis ou até deformadas no local da perfuração.
Aliás, evite colocar piercing em locais onde há muita fricção com roupas ou acessórios. Isso pode irritar ainda mais a pele e dificultar a cicatrização.
Dicas práticas para quem tem diabetes e quer se tatuar ou colocar piercing
Agora que você já entendeu os riscos, confira algumas dicas simples, mas essenciais para quem quer fazer tatuagem ou piercing sem complicações:
- Converse com seu médico antes de tudo. Ele vai avaliar se sua saúde está em dia para o procedimento;
- Escolha um estúdio confiável, com profissionais experientes e material esterilizado;
- Evite fazer o procedimento se estiver com a glicemia desregulada, doente ou em jejum;
- Não beba álcool antes de se tatuar ou colocar piercing. Isso pode afetar sua decisão e até seu processo de cicatrização;
- Hidrate-se bem e alimente-se antes do procedimento para evitar tonturas e queda de pressão;
- Siga à risca os cuidados com a cicatrização, como aplicar pomadas indicadas, lavar com sabão neutro e evitar exposição ao sol.
Tatuagem e diabetes: quando a arte também salva vidas
Muita gente com diabetes tipo 1 tem usado a tatuagem como uma forma de alerta médico. Nesses casos, a pessoa tatua no braço ou no pulso frases como “sou diabético tipo 1” ou o símbolo internacional do diabetes. Isso ajuda socorristas e profissionais de saúde a entenderem o quadro da pessoa em caso de desmaios ou acidentes. É o caso do jornalista Tom Bueno, que tem uma tatuagem no braço com a frase: “sim, diabético.”
Portanto, se você pensa em tatuar algo relacionado à sua condição de saúde, converse com seu médico sobre as melhores opções de local, tamanho e frase.
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