Viver com diabetes exige atenção constante. A rotina inclui monitoramento da glicemia, alimentação equilibrada, prática de atividade física e uso correto da medicação. Entre os exames que ajudam nesse acompanhamento, a hemoglobina glicada ocupa um lugar central.
Esse exame revela se o controle glicêmico segue dentro das metas e, por isso, se torna indispensável para quem convive com diabetes ou está em risco de desenvolvê-lo.
O que é a hemoglobina glicada?
Antes de tudo, é importante entender o que esse exame mede. A hemoglobina glicada, também chamada de HbA1c, mostra a quantidade de glicose que se ligou à hemoglobina, uma proteína presente nas células vermelhas do sangue. Como essas células vivem cerca de 120 dias, o exame oferece um retrato do controle da glicose nos últimos dois a três meses.
Ao contrário dos testes de glicemia de jejum ou capilar, que, em geral, registram apenas os níveis de glicose naquele momento exato, o exame de hemoglobina glicada, por sua vez, fornece uma média dos valores nos últimos dois a três meses. Dessa forma, permite, com mais precisão, avaliar a consistência do tratamento ao longo do tempo, contribuindo significativamente para o controle do diabetes, a prevenção de complicações e a tomada de decisões mais assertivas em relação à terapia. Além disso, quando analisado em conjunto com outros indicadores, esse exame se torna ainda mais eficaz na gestão da saúde da pessoa com diabetes.
Quem deve fazer o exame?
O exame de hemoglobina glicada serve como ferramenta valiosa para diferentes grupos:
- Pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2: precisam do exame com frequência para ajustar o tratamento e prevenir complicações;
- Indivíduos com pré-diabetes: usam o exame para detectar o risco de progressão da doença e iniciar intervenções precoces;
- Gestantes com diabetes gestacional: acompanham os níveis glicêmicos durante a gravidez para proteger a saúde do bebê e da mãe.
Além disso, médicos podem solicitar o exame durante um check-up, especialmente se houver histórico familiar de diabetes ou outros fatores de risco, como obesidade, sedentarismo e hipertensão.
Como a hemoglobina glicada funciona na prática?
À medida que a glicose circula no sangue, ela se liga à hemoglobina. Quanto maior for a quantidade de glicose presente, maior será o percentual de hemoglobina glicada. Por isso, esse índice se torna um marcador confiável da exposição da corrente sanguínea à glicose ao longo de semanas.
Os valores de referência ajudam a interpretar os resultados:
- Normal: de 4,5% a 5,6%;
- Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%;
- Diabetes: igual ou superior a 6,5%.
Como interpretar os resultados?
A interpretação dos valores da hemoglobina glicada permite uma avaliação mais estratégica do tratamento:
- Abaixo de 4,5%: pode sinalizar episódios frequentes de hipoglicemia, o que exige investigação;
- Entre 5,7% e 6,4%: indica alerta para pré-diabetes, sendo essencial adotar hábitos mais saudáveis;
- Acima de 6,5%: sugere diagnóstico de diabetes;
- Entre 6,5% e 7%: geralmente é considerada uma meta ideal para muitos adultos com diabetes, embora isso possa variar conforme idade, comorbidades e outros fatores.
Por que a hemoglobina glicada é tão importante?
O exame de hemoglobina glicada vai além de um simples número. Ele permite que médicos e pacientes acompanhem a eficácia do tratamento. Quando os resultados mostram que a glicose está controlada, o risco de desenvolver complicações, como retinopatia diabética, nefropatia, neuropatia e doenças cardiovasculares, diminui significativamente.
Além disso, o exame orienta ajustes de insulina, medicamentos orais, dieta e estilo de vida. Isso permite que o plano de cuidado seja sempre personalizado e eficaz.
Outro ponto positivo: acompanhar a hemoglobina glicada motiva a pessoa com diabetes. Ver uma melhora no número ao longo do tempo reforça o comprometimento com o tratamento e fortalece a autoestima.
Qual a frequência ideal do exame?
A frequência do exame de hemoglobina glicada varia conforme o tipo de diabetes e o grau de controle da glicemia:
- Diabetes tipo 1: a cada 3 meses, especialmente em pessoas que usam insulina diariamente;
- Diabetes tipo 2: de 3 a 6 meses, dependendo do controle individual;
- Pré-diabetes: a cada 6 a 12 meses, como forma de monitoramento preventivo;
- Gestantes com diabetes gestacional: a critério médico, com acompanhamento mais frequente se necessário.
Hemoglobina glicada e outros fatores do controle glicêmico
Embora a hemoglobina glicada ofereça um panorama muito útil, ela não atua sozinha. O controle do diabetes exige uma visão integrada. Por isso, médicos também consideram:
- Resultados da glicemia capilar (monitoramento diário);
- Histórico de hipoglicemias e hiperglicemias;
- Exames laboratoriais complementares;
- Estilo de vida, hábitos alimentares e prática de atividade física.
Essa abordagem completa garante que as decisões sejam bem embasadas e seguras.
Por fim, vale reforçar: não basta fazer o exame de hemoglobina glicada. É fundamental manter o acompanhamento com uma equipe de saúde, que inclui médicos, nutricionistas, enfermeiros e educadores em diabetes.
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