Um curta-metragem lançado recentemente e dirigido por Raone Sales apresenta os desafios enfrentados por pessoas com diabetes tipo 1. O filme, portanto, discute de forma aprofundada temas fundamentais como saúde pública, saúde mental, desigualdade no acesso ao tratamento e, sobretudo, a urgente necessidade de políticas públicas específicas para pessoas com condições crônicas.
Além disso, a produção se insere em um contexto mais amplo de mobilizações sociais e institucionais, que vêm ganhando força nos últimos meses. Nesse sentido, o curta integra uma série de ações de divulgação e engajamento relacionadas ao Projeto de Lei 2687/22. Essa proposta, aprovada pelo Congresso Nacional, visa o reconhecimento legal da pessoa com diabetes tipo 1 no âmbito das políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência. No entanto, após o veto presidencial, o texto aguarda uma decisão definitiva do Congresso, em sessão prevista para o dia 27 de maio, tornando o debate ainda mais atual e relevante.
Produção inspirada por contexto recente
O diretor Raone Sales explica que a ideia do curta surgiu logo após acompanhar as reações ao veto presidencial ao PL 2687/22. Naquele momento, segundo ele, ficou evidente que muitas pessoas demonstravam desinformação ou desconhecimento sobre o que é, de fato, o diabetes tipo 1. Diante disso, ele decidiu transformar essa percepção em um projeto audiovisual que pudesse esclarecer, conscientizar e ampliar a visibilidade da condição.
Além disso, Raone destaca que o curta pretende conectar o público com as realidades vividas por quem convive diariamente com o diabetes tipo 1, sobretudo em contextos de vulnerabilidade social. Com isso, o filme também se posiciona como um instrumento de mobilização em meio ao debate sobre o reconhecimento legal da condição.
“O curta eu pensei assim logo depois do veto, né? Vi que houve na internet manifestações sobre o que era o diabetes tipo 1 […] E eu, como diabético tipo 1, vi que tinha essa carência, né? Das pessoas saberem o que é a diabetes tipo 1”, relata Raone.
Projeto feito por pessoas com diabetes tipo 1
Durante o desenvolvimento do roteiro, Raone convidou a estudante de comunicação Carolina Ambrósio, também diagnosticada com diabetes tipo 1, para colaborar com a construção da narrativa. A partir desse processo, a equipe se formou com a participação de profissionais que também vivem com a condição.
“A gente desenvolveu junto até chegar ao roteiro final. Nessa parte, entramos em contato com os atores. A Iná Medonças foi a atriz principal, com participação de Vitor Borges e Hans Miller. Depois, o Igor Fonseca entrou como responsável pela divulgação e edição. Ele também é do mesmo curso que a Carol, mora na nossa região, Itabuna, e também é diabético tipo 1”, diz Raone.
Além disso, a ilustradora Nat de Souza contribuiu com elementos visuais. Segundo o diretor, todos os integrantes da equipe artística, com exceção do elenco, convivem com a condição.
Temas sociais e vulnerabilidade em destaque
A obra busca apresentar como as experiências de pessoas com a condição variam de acordo com fatores sociais, econômicos e territoriais. Raone destaca que a produção teve como foco mostrar diferentes vivências da condição.
“A gente quis mostrar como o convívio com a condição é muito mais complicado para quem tem recortes sociais, quem tem problemas de vulnerabilidade social, questões financeiras. Então é isso que a gente quer passar”, explica.
Recursos audiovisuais para traduzir sensações do diabetes tipo 1
Durante a criação, a equipe optou por usar elementos de som e imagem que ajudassem a aproximar o público da realidade de quem convive diariamente com diabetes tipo 1. Com isso, a produção trouxe vários elementos audiovisuais. Como, por exemplo, a vivência da condição para trazer para quem não vivencia. Segundo o diretor, a repercussão tem sido positiva.
O curta inclui um aviso de possíveis gatilhos emocionais. Para Raone, essa foi uma decisão consciente da equipe, considerando a carga emocional envolvida na narrativa.
“A gente tem a concepção de que é um curta que também tem impacto, que ele é forte, mas tem essa intenção de mostrar como é o impacto dessa condição e como ela merece uma atenção e uma ampliação dos seus direitos.”
Contexto do projeto de lei
O curta faz parte de uma série de ações de divulgação relacionadas ao Projeto de Lei 2687/22. O texto, aprovado no Congresso Nacional, trata do reconhecimento legal da pessoa com diabetes tipo 1 no campo das políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência. A proposta foi vetada pela Presidência da República e aguarda votação do veto em sessão do Congresso Nacional, prevista para o dia 27 de maio.
Assista ao curta-metragem “É Só Aplicar” na íntegra:
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