O tempo passou, mas a vida das crianças e adolescentes com diabetes no Paraná continua igual: cheia de picadas no dedo e incertezas. Mesmo depois de seis meses da sanção da Lei Estadual nº 1036/2023, que garante o fornecimento gratuito de sensores de glicose para pacientes de 4 a 17 anos atendidos pelo SUS, nada aconteceu. Nenhuma criança recebeu o aparelho até agora.
Vale lembrar que o projeto de lei foi aprovado em meados de dezembro de 2024, com matéria pública no “Um Diabético” e expectativa. Mas, até agora, nada foi feito. A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) ainda não regulamentou a medida, o que impede a aplicação prática da norma. Na teoria, o direito existe. Na prática, ninguém viu esse direito sair do papel.
Uma lei aprovada com festa, mas que não virou realidade
Parlamentares, entidades médicas, Defensoria Pública e a sociedade civil aplaudiram a conquista. Afinal, os sensores de glicose representam um salto na qualidade de vida de quem convive com o diabetes, principalmente na infância e adolescência.
A proposta era simples: permitir que crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, com diagnóstico de diabetes tipo 1 e laudo médico, tivessem acesso a tecnologias modernas para controle da glicemia. Menos dor, mais segurança e mais saúde. Só que isso ficou no discurso.
O silêncio das autoridades sobre os sensores de glicose
Desde o fim de abril, o portal “Um Diabético” tenta, sem sucesso, ouvir a Secretaria de Saúde sobre o andamento da lei. No dia 24 de abril, enviamos o primeiro e-mail. Ligamos, insistimos, perguntamos. A resposta foi vaga: “várias áreas estão envolvidas e não temos previsão para enviar a nota solicitada. Só esperar mesmo!”.
Mesmo assim, insistimos mais. Novos e-mails foram enviados nos dias 29 de abril e na última segunda-feira, 12 de maio. Nenhuma resposta. Nenhum posicionamento. Nenhuma previsão. A falta de transparência virou mais um obstáculo no caminho das famílias.
Sensores de glicose são mais do que conforto: é questão de saúde
O sensor de glicose não é só uma “modernidade”. Ele é uma ferramenta essencial para acompanhar os níveis de glicose em tempo real, 24 horas por dia. Isso ajuda a evitar crises graves, como hipoglicemias e hiperglicemias, que podem levar até à internação. Além disso, o dispositivo evita as tradicionais picadas nos dedos, que machucam, marcam e, muitas vezes, traumatizam as crianças.
Com o sensor, os pais também ganham mais segurança para monitorar os filhos, inclusive durante a madrugada, quando muitas emergências acontecem. Crianças ganham autonomia. Famílias respiram um pouco mais aliviadas.
E enquanto isso… nada muda
O mais preocupante é que, enquanto o governo do Paraná não regulamenta a lei, as crianças continuam expostas. Seguem furando o dedo, contando com sorte e com o esforço das famílias. A saúde, que deveria ser prioridade, virou espera.
A lei existe. Foi aprovada com festa. Mas ficou no esquecimento. E o que era para ser um passo importante na inclusão de tecnologia no SUS virou mais uma promessa parada.
Até quando?
Se o governo já reconheceu, com a sanção da lei, que os sensores de glicose são importantes, por que ainda não colocou isso em prática? Cada dia de atraso representa mais dor, mais riscos e mais angústia para quem convive com o diabetes na infância. A cobrança continua, porque saúde não pode esperar. Criança com diabetes também não.
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