Um projeto de pesquisa promete mudar o cuidado com a saúde ocular de pessoas com diabetes em Santa Cruz do Sul (RS). Ele é desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O estudo foca no rastreamento da retinopatia diabética, uma das complicações mais comuns e graves do diabetes.
Escolha estratégica e atuação em rede
A decisão por atuar em Santa Cruz do Sul, interior gaúcho, partiu de uma análise criteriosa dos sistemas de saúde de vários municípios gaúchos. Segundo o corpo médico do projeto, a equipe escolheu a cidade por conta da boa organização da rede pública de saúde. Essa estrutura viabiliza a execução eficiente do projeto, garantindo o acesso a exames e, principalmente, a continuidade do cuidado.
O exame para detectar a retinopatia diabética é rápido, indolor e não invasivo. Ele utiliza um aparelho chamado retinógrafo portátil, que capta imagens da retina do paciente. A nutricionista participante do projeto e pós-doutoranda Greice Caletti explica que o procedimento é extremamente acessível e não exige preparo complexo. Basta que o paciente com diabetes tenha mais de 18 anos, não esteja grávida e não sofra de glaucoma.
Além disso, os exames estão sendo realizados em duas unidades de saúde: a UBS Clementina e a UBS Avenida. Para facilitar o acesso, os interessados podem agendar o procedimento em qualquer unidade básica de saúde do município ou ainda pelo número de WhatsApp (51) 99816-1217.
2 mil pacientes com diabetes serão atendidos
Coordenado pela médica Beatriz D’Agord Schaan, do curso de Medicina da UFRGS, o projeto atenderá mais de dois mil pacientes com diabetes em Santa Cruz do Sul. O objetivo principal é detectar precocemente qualquer sinal de retinopatia diabética, evitando assim a progressão da doença e a perda da visão.
Um dos principais impactos do projeto está na possibilidade de identificar lesões em estágio inicial. Quando o diagnóstico acontece cedo, o controle da glicemia pode evitar a necessidade de intervenção oftalmológica imediata na retinopatia diabética. Dessa forma, pacientes com quadros leves evitam a espera por uma consulta com o especialista e continuam o acompanhamento clínico com mais segurança.
A iniciativa acredita que o grande impacto é detectar precocemente, se o paciente tem alteração ou não. Por isso, medidas mais adequadas contribuem para um uso mais racional dos recursos do SUS e melhora a qualidade de vida dos pacientes, ao prevenir complicações mais graves e irreversíveis.
Retinopatia diabética: uma ameaça silenciosa à visão de quem tem diabetes
A retinopatia diabética é uma complicação que afeta os vasos sanguíneos da retina e pode levar à cegueira se não for tratada. Apesar de ser silenciosa em seus estágios iniciais, ela é comum entre pessoas que convivem com o diabetes há muitos anos ou que não mantêm um bom controle glicêmico. Por isso, o rastreamento se mostra essencial.
Ao incluir o exame na rotina de acompanhamento das pessoas com diabetes, o projeto desenvolvido oferece uma estratégia de prevenção em saúde pública. O sucesso da iniciativa pode, inclusive, servir de modelo para outros municípios brasileiros que buscam combater as complicações do diabetes de forma estruturada e eficaz.
Uma iniciativa com potencial de expansão
Por fim, com base nos primeiros resultados e na receptividade da população, os organizadores poderão ampliar o projeto futuramente para outras regiões do Rio Grande do Sul ou do Brasil. Enquanto isso, em Santa Cruz do Sul, pacientes com diabetes contam com uma oportunidade de proteger sua visão, e sua qualidade de vida, por meio do diagnóstico precoce da retinopatia diabética.
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