A Assembleia Legislativa de Minas Gerais se prepara para realizar, nesta quinta-feira, 8 de maio de 2025, uma audiência pública com foco na realidade das pessoas que convivem com diabetes tipo 1. O encontro promete aprofundar os desafios enfrentados por pacientes de todo o estado mineiro e discutir caminhos para garantir o acesso a tratamentos modernos e a qualidade de vida. A iniciativa é do Instituto Tipo 1.
O tema do debate não poderia ser mais urgente: “Debater a realidade e os desafios enfrentados pelas pessoas com diabetes tipo 1, os caminhos para garantir o acesso a tratamentos adequados e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.”
Realidade ainda marcada por desigualdade
Apesar dos avanços no conhecimento sobre o diabetes tipo 1, muitas pessoas em Minas Gerais ainda enfrentam obstáculos para obter diagnóstico precoce. Além disso, encontram dificuldades de manter o acompanhamento contínuo e acessar medicamentos, insumos e tecnologias essenciais para o controle da glicemia. Durante a audiência, esses pontos serão tratados de forma direta, com base em relatos reais de pacientes, familiares e representantes de organizações que atuam na área.
Entre os principais tópicos que serão discutidos estão:
- A importância do diagnóstico precoce, principalmente para evitar complicações graves;
- As dificuldades enfrentadas por pacientes da rede pública para obter insumos como fitas, lancetas, agulhas, insulinas e sensores de glicose;
- O impacto da burocracia e da falta de regionalização na distribuição de tecnologias, como, por exemplo, bombas de insulina e análagos de insulina de ação rápida;
- O peso emocional da doença, sobretudo entre crianças, adolescentes e seus cuidadores.
A urgência do diabetes
Ainda assim, na audiência, estão previstas falas de pessoas com diabetes tipo 1 que vivem diariamente os desafios de manter a glicemia sob controle em um cenário de insegurança quanto ao fornecimento de insumos. Histórias de famílias que lutam para garantir o básico e de jovens que se sentem invisíveis para o sistema de saúde devem emocionar e trazer à tona a dimensão humana do problema.
Representantes de associações, grupos de apoio, médicos endocrinologistas, educadores em diabetes e psicólogos também participarão da discussão. Cada um com uma perspectiva complementar, mas unificada pela mesma causa: garantir que o direito à saúde das pessoas com diabetes seja respeitado em toda sua amplitude.
Quem vai participar da audiência sobre diabetes?
- Dra. Patrícia Fulgêncio – Dificuldades no controle glicêmico na DM1. Hipoglicemia como fator dificultador, levando a risco de morte. Importância dos insumos no tratamento da DM1;
- Dr. Rafael Montovani – Importância da tecnologia em Diabetes para o tratamento da DM1. Importância de análogos de insulina, canetas com doses de 0,5 unidade, sensores de glicose, bombas de insulina. Diferença observada no resultado do tratamento com e sem tecnologias;
- Daniela Resende (Instituto Tipo 1) – Estatísticas gerais ligadas à DM1, número de pessoas, crianças e adolescentes no Brasil e Minas Gerais, risco de morte no Brasil e no mundo;
- Mônica Lenzi – Protocolo e distribuição de insumos em Minas Gerais; comparação do protocolo de Minas Gerais com o protocolo de outros estados no Brasil. Problemas de falta dos poucos insumos já disponíveis;
- Luciana Mourão (Instituto Tipo 1) – Custos associados ao fornecimento dos insumos básicos (análogos de insulina/sensor/bomba) com os custos associados ao tratamento das complicações;
- Larah Malone (DM1 e Instituto Tipo 1) – Impacto do diagnóstico e peso de lidar com as inúmeras decisões. Medo e insegurança no acesso ao tratamento. Risco e a realidade das complicações em pessoas jovens;
- Natália Fenner – Educação em Diabetes; importância da contagem de carboidratos e da autonomia no manejo das doses de insulina no dia-a-dia;
- Rafael (IDB Minas) – Sugestão de políticas públicas, projetos básicos voltados à Diabetes Tipo 1, para o Estado de Minas Gerais;
- Luana (Representante do Sul de Minas) – Impacto da distribuição de sensores de glicemia no controle e na realidade da jovens e crianças com DM1.
- Márcia Salomão – Impacto diagnóstico na família e dificuldades ligadas ao diabetes nas escolas.
O peso do emocional e o papel da escola
Outro ponto de destaque será o impacto psicológico e social do diabetes tipo 1. Isso porque a convivência com uma condição crônica impõe rotina intensa de cuidados, exige disciplina e pode gerar medo, ansiedade e até isolamento. Em crianças e adolescentes, a situação é ainda mais delicada. Por isso, a falta de acolhimento adequado nas escolas e a ausência de preparo por parte de professores e funcionários agravam o cenário.
Durante o encontro, especialistas vão defender a necessidade de protocolos específicos para o ambiente escolar, além de suporte psicológico contínuo. Tanto para os jovens pacientes quanto para seus familiares.
Propostas da sociedade civil para o diabetes
A audiência também será palco para apresentação de propostas concretas vindas da sociedade civil organizada. Mas também de grupos de pacientes e ONGs levarão sugestões para aprimorar a logística de distribuição de medicamentos e tecnologias. Além disso, propostas para campanhas educativas permanentes, ampliação da testagem precoce e capacitação de profissionais da atenção básica.
BH pode garantir sensores de glicose para pessoas com diabetes tipo 1
Na última terça-feira, 6 de maio, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou, em primeira votação, um projeto de lei que poderá transformar principalmente a vida de quem convive com diabetes tipo 1 na capital mineira. A proposta prevê a distribuição gratuita de sensores de glicose para todos os moradores diagnosticados com a condição.
O projeto é de autoria do vereador Pablo Almeida (PL) e ainda precisa passar por uma segunda votação antes de seguir para sanção ou veto do prefeito de Belo Horizonte. Por isso, caso entre em vigor, a medida pode representar um avanço significativo no acesso à tecnologia de controle glicêmico na rede pública de saúde municipal.
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