A cidade de Maringá, no interior do Paraná, deu um passo importante na inclusão e proteção de crianças com diabetes tipo 1 na rede municipal de ensino. A Secretaria de Saúde lançou o programa “Escola Amiga da Criança com Diabetes Tipo 1”, uma iniciativa inovadora que busca preparar os profissionais da educação para lidar com as necessidades de saúde dos pequenos que convivem com a condição.
O projeto surgiu a partir de uma realidade vivida por muitas famílias. O medo e a insegurança que aparecem após o diagnóstico do diabetes tipo 1 em uma criança. Muitas vezes, os pais não sabem como a escola vai reagir diante de uma crise de hipoglicemia ou hiperglicemia. O objetivo do programa é justamente eliminar esse medo e construir uma rede de apoio dentro do ambiente escolar, onde todos, professores, cuidadores e colegas, saibam como agir em cada situação.
Diabetes e sala de aula
Os primeiros treinamentos teóricos reuniram educadores da rede municipal, especialmente os que atuam nos Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil). Durante a formação, os profissionais aprenderam a reconhecer sintomas de descompensação glicêmica, como tontura, sonolência, suor frio e comportamento alterado. Além disso, o curso abordou como agir rapidamente em casos de emergência e como lidar com a rotina de cuidados da criança com diabetes. Falando desde o uso do glicosímetro até a hora certa de aplicar insulina ou oferecer um lanche de correção.
O projeto não fica restrito aos adultos. A proposta também leva atividades educativas e teatrais para os próprios alunos, de forma lúdica e acessível. Essa abordagem ajuda as crianças a entenderem o que é o diabetes tipo 1, como ele funciona e por que é importante respeitar e apoiar o coleguinha que convive com a condição.
Mãe transforma desafio pessoal em política pública
Quem coordena o programa é a enfermeira Geisiely Corcette, gerente do Programa Saúde da Família de Maringá. Ela vive essa realidade todos os dias, desde que sua filha de seis anos foi diagnosticada com diabetes tipo 1 em janeiro deste ano. O susto inicial, a adaptação da rotina e os desafios enfrentados dentro e fora de casa mostraram para Geisiely o quanto é importante preparar a escola para acolher essas crianças com segurança e sensibilidade.
A partir dessa experiência, ela reuniu equipe, conhecimento técnico e apoio institucional para criar um programa que impacta não só a filha, mas também muitas outras crianças e famílias da cidade. O resultado é uma política pública com base na empatia, na ciência e na prática do cuidado coletivo.
A escola também precisa ser lugar de diabetes
A Prefeitura de Maringá decidiu incluir o programa no calendário oficial do Programa Saúde na Escola. Isso significa que a proposta passa a fazer parte das ações permanentes do município. Dessa forma, a formação não será pontual, mas contínua, com atualizações e ampliação para mais escolas ao longo do tempo.
O secretário de Saúde de Maringá destacou que o trabalho educativo precisa envolver não só os profissionais, mas também as crianças. A inclusão dos colegas de sala no processo de conscientização promove empatia, reduz o preconceito e cria um ambiente mais humano, onde todos se ajudam.
Entre os dias 5 e 8 de maio, as primeiras atividades educativas e apresentações teatrais acontecerão em oito Cmeis da cidade. Os roteiros e personagens foram pensados para chamar a atenção dos pequenos e facilitar o entendimento de temas complexos, como o controle da glicemia e o uso de insulina.
Parceria com universidade fortalece o projeto
A formação dos educadores conta com o apoio de acadêmicos de enfermagem da Uningá, por meio do Programa de Integração Escola-Comunidade (PIESC). Esses estudantes participam ativamente das capacitações e das ações educativas nas escolas. A experiência também serve como campo de prática para os futuros profissionais da saúde, que saem da universidade com uma visão mais humanizada e conectada com a realidade das famílias.
Além disso, os próprios pais e responsáveis pelas crianças com diabetes tipo 1 estão sendo convidados a participar, contribuindo com suas vivências e ajudando a escola a construir protocolos mais eficazes e personalizados.
Diabetes e inclusão
O programa não apenas resguarda os alunos com diabetes situações de emergência, mas também promove a inclusão e fortalece laços de solidariedade no ambiente escolar.
A expectativa da Secretaria de Saúde é expandir o projeto para todas as escolas municipais nos próximos meses, incluindo também formações para escolas estaduais e privadas que desejarem participar. A ideia é que nenhuma criança com diabetes tipo 1 se sinta sozinha ou excluída dentro da sala de aula.
Ainda assim, o programa mostra que educação e saúde andam juntas. Quando a escola entende a condição de cada aluno, ela não só ensina melhor, como também cuida com mais carinho. E é exatamente isso que toda criança merece.
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