Na Itália, uma notícia, enfim, traz esperança para as pessoas que convivem com o risco de desenvolver diabetes tipo 1. Especificamente em Palermo, no sul do país europeu, um hospital realizou, pela primeira vez, a aplicação do medicamento Teplizumab. Esse anticorpo, por sua vez, tem o objetivo de retardar o início da condição em pacientes que já apresentam sinais de risco.
Desde outubro do ano passado, o medicamento está disponível na Itália em caráter de uso experimental. Ou seja, os médicos podem, portanto, indicar o uso do medicamento mesmo antes da liberação completa pelos órgãos reguladores. Diante disso, a iniciativa vem sendo vista como um avanço polêmico, mas importante para quem convive, diariamente, com a ameaça da condição.
“A realização de campanhas de triagem será fundamental para a identificação precoce de indivíduos que possam se beneficiar deste medicamento”, afirmou a professora e especialista Valentina Guarnotta à Agência Nacional de Imprensa Associada da Itália (Ansa) . Ela ainda destacou que “o Teplizumab representa uma terapia válida e concreta em todos os pacientes com predisposição ao desenvolvimento de diabetes tipo 1“.
Especialistas veem marco para a pesquisa sobre diabetes tipo 1
A importância do tratamento também foi reforçada por Giorgio Arnaldi, chefe do setor de doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais do Policlínico Paolo Giaccone, em Palermo. Para ele, a chegada do Teplizumab “representa um marco significativo para a pesquisa e a inovação clínica“.
Enquanto isso, a expectativa cresce em torno do potencial dessa terapia não só na Itália, mas também em outros países. O foco agora está em identificar, cada vez mais cedo, as pessoas que poderão se beneficiar com o uso do medicamento, atrasando a evolução do diabetes.
Resultados já aparecem em estudos internacionais
A confiança nesse tratamento não surgiu do nada. Em 2022, a FDA, agência dos Estados Unidos que regula medicamentos, aprovou o Teplizumab, também conhecido como Tzield®. Ele é destinado para pessoas a partir dos 8 anos que estão no chamado estágio 2 do diabetes tipo 1. Ou seja, são pacientes que já apresentam sinais do diabetes, mas que ainda não precisam de insulina para controlar o açúcar no sangue.
Desde então, as pesquisas continuam. Um estudo publicado em outubro passado no conceituado New England Journal of Medicine trouxe resultados animadores. A pesquisa mostrou que crianças e adolescentes recém-diagnosticados com diabetes tipo 1, ao receberem dois ciclos de 12 dias com o medicamento, conseguiram manter por mais tempo a produção da própria insulina.
O endocrinologista Kevan Herold, da Yale Medicine e um dos autores do estudo, explicou sobre evidências que dão otimismo para o estágio 2 da condição:
“O ataque às células beta progrediu, mas os níveis de açúcar no sangue ainda estão normais a menos que um determinado tipo de teste, como o teste de tolerância à glicose, identifique comprometimento nas respostas das células beta“.
Segundo ele, o risco de desenvolver o estágio 3, ou diabetes clínico, em dois anos é de cerca de 50%.
Esperança para o futuro do diabetes tipo 1
No diabetes tipo 1, as células que produzem insulina vão diminuindo até parar. Como resultado, sem esse hormônio, o açúcar se acumula no sangue e causa vários problemas. Por isso, encontrar um tratamento que consiga adiar esse processo é tão importante para pacientes e especialistas.
Agora, com os primeiros passos dados na Itália, a expectativa é que, gradualmente, estudos tragam mais evidências de eficácia. Além disso, especialistas seguem atentos aos resultados e, por outro lado, reforçam a importância de campanhas para identificar, o quanto antes, quem pode se beneficiar dessa nova terapia.
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