Um alerta foi aceso para a saúde da América Latina. Nesta semana, a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) divulgou a nova edição do Diabetes Atlas 2025, documento que traça um panorama global da condição. Os dados são alarmantes: a cada ano, a América do Sul e Central vê o número de casos aumentar drasticamente.
Até 2050, o número deve saltar para 52 milhões. O levantamento, apresentado pela IDF em seu relatório oficial, expõe uma escalada preocupante que atinge diretamente países como o Brasil. O país figura entre as nações que mais contribuem para o volume regional e serve de base para as projeções.
A realidade acende o sinal de alerta não apenas pelo crescimento acelerado, mas também porque quase um terço desses casos ainda não recebeu diagnóstico. Ou seja, milhões de pessoas seguem sua rotina diária sem saber que enfrentam uma condição silenciosa. Se não tratada, pode levar a complicações sérias como infartos, derrames, insuficiência renal e até amputações.
Um retrato preocupante da região
Atualmente, a taxa de prevalência da doença na América do Sul e Central gira em torno de 10% da população adulta, segundo o estudo da IDF. Porém, o cenário futuro preocupa: as projeções indicam que, nas próximas décadas, esse índice vai bater 12,3%, um aumento de 23%. Em números absolutos, isso representa quase 16 milhões de novos casos até meados do século.
O que puxa essa curva ascendente? De acordo com os especialistas da federação, o principal motivo é o estilo de vida adotado nas grandes cidades latino-americanas. Dietas ricas em açúcares e gorduras, aliadas ao sedentarismo e ao aumento do sobrepeso e da obesidade, criam um ambiente fértil para o avanço da doença. Além disso, fatores genéticos e desigualdades no acesso à saúde dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Brasil: o gigante em risco de diabetes
O país se destaca como um dos pilares das estatísticas regionais e ocupa o 6º lugar em países do mundo que mais tem casos de diabetes, com mais de 16 milhões. A projeção é que, até 2050, o nosso país chegue ao 7º lugar. Quando falamos do tipo 1, o Brasil é o 4º no ranking mundial.

A situação brasileira é particularmente delicada. Com uma população de dimensões continentais e uma crescente urbanização, o país enfrenta os mesmos desafios que assolam seus vizinhos latino-americanos, só que em escala ainda maior. A falta de diagnóstico precoce contribui para o agravamento do quadro: estima-se que cerca de 29,1% das pessoas com diabetes na América do Sul e Central não saibam que têm a doença. Traduzindo em números, são 16 milhões de pessoas que carregam a condição sem tratamento.
Jovens estão na mira do diabetes
Outro dado que chama atenção no relatório é o aumento expressivo de casos de intolerância à glicose. Em 2024, já são 53 milhões de pessoas nessa condição, e a expectativa é que esse número salte para 62 milhões até 2050. Trata-se de um estágio que antecede o diabetes tipo 2, e que, sem intervenções, frequentemente evolui para a doença.
Além disso, a diabetes tipo 1, muitas vezes diagnosticada na infância e adolescência, também faz parte das preocupações da região. Hoje, aproximadamente 1,9 milhão de pessoas na América do Sul e Central convivem com esse tipo de diabetes, que demanda cuidados diários rigorosos.
Caminhos para frear
A boa notícia é que o avanço da doença não precisa ser inevitável. A IDF reforça que mudanças no estilo de vida podem fazer toda a diferença. Alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos, manutenção de um peso saudável e acompanhamento médico periódico são medidas que ajudam a prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença.
Além disso, políticas públicas que promovam o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento são fundamentais. A ampliação de campanhas educativas e de triagem pode ajudar a reduzir o número de pessoas não diagnosticadas, evitando que a condição se agrave silenciosamente.
Um futuro desafiador, mas possível de mudar
Se nada for feito, a América Latina pode se tornar um dos epicentros mundiais do diabetes nas próximas décadas. No entanto, o alerta dado pelo IDF Diabetes Atlas de 2025 serve como ponto de partida para mobilizar governos, profissionais de saúde e a população em geral.
É hora de olhar para os números não apenas como estatísticas frias, mas como vidas que podem ser salvas com informação, prevenção e acesso a tratamento de qualidade. O desafio está posto — e a resposta depende de todos.
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