O diabetes tipo 1 sempre foi visto, durante muito tempo, como uma condição que afeta principalmente crianças e adolescentes. No entanto, os números mais recentes para 2024 deixam claro que essa realidade mudou, e muito. De acordo com o levantamento global Atlas, feito pelo International Diabetes Federation (IDF), quase 1,5 milhão de pessoas vivem com o diabetes tipo 1 só nos Estados Unidos, o país que lidera o ranking mundial.
Logo atrás, aparecem Índia, China e o Brasil, que ocupa a quarta posição com cerca de 499 mil pessoas vivendo com a condição. Esses dados refletem não apenas a alta incidência em jovens, mas também o fato de que adultos estão sendo diagnosticados cada vez mais frequentemente com diabetes tipo 1.
Diabetes tipo 1 também atinge cada vez mais adultos
Se você ainda pensa que o diabetes tipo 1 é “doença de criança”, é hora de mudar esse conceito. Em 2024, das 503 mil novas pessoas diagnosticadas com a condição no mundo, 284 mil tinham 20 anos ou mais. Isso significa que mais da metade dos novos casos está fora da faixa infantil. Ou seja, o diabetes tipo 1 não está mais escolhendo a idade. A endocrinologista e pesquisadora Denise Franco comentou sobre esse dado e trouxe a realidade brasileira já para 2025:
“Acho que a gente pode fazer um paralelo em como está no restante do mundo e no Brasil, né? Então, se a gente pensar aqui, 9,5 milhões de pessoas ao redor do mundo convivem com diabetes tipo 1 em 2025. Desses, 1,9 milhão têm menos de 20 anos de idade. Acho que tem uma estimativa de 513 mil novos casos de DM1 em 2025.“
Além disso, o avanço da medicina e os tratamentos mais eficazes garantem que quem desenvolve diabetes na infância consiga viver muitos anos, contribuindo para o aumento no número total de adultos com a condição. Hoje, a média de idade global das pessoas vivendo com a condição é de 35 anos. Veja os dados:

Crianças continuam em alerta para diabetes tipo 1, principalmente em alguns países
Por outro lado, a infância segue sendo um período de atenção. Em países como Finlândia, Arábia Saudita, Kuwait e Qatar, a taxa de novos casos em menores de 15 anos chama bastante a atenção. Esses locais lideram o ranking global de incidência entre as crianças.
No Brasil, o cenário também merece cuidado: são cerca de 99 mil crianças e adolescentes vivendo com a condição. E, para muitos especialistas, esse número pode até ser subestimado, já que nem sempre o diagnóstico acontece de forma rápida, especialmente em áreas com menos acesso à saúde.
Por que o ranking é diferente entre adultos e crianças?
Um detalhe curioso dos dados de 2024 está nas diferenças entre os rankings de pessoas de todas as idades e o de crianças e adolescentes. Por exemplo, a Índia lidera disparado no número de jovens com diabetes tipo 1, com impressionantes 301 mil casos. No entanto, quando olhamos para o total de pessoas com a condição, o país fica em segundo lugar.
Isso se explica por algumas razões importantes: em países de renda mais baixa, como a Índia, a taxa de mortalidade entre pessoas com DM1 é maior, o que reduz o total de adultos vivendo com a condição. Já nos países com melhor acesso à saúde, as pessoas vivem mais e conseguem controlar a doença por muitos anos.
Outros dados do Atlas
Além dos dados acima, outro índice chamou a atenção. Isso porque, além da mudança no perfil de diabetes tipo 1, o quantitativo de pessoas que tem diabetes tipo 2 e não sabem em todo o mundo cresceu: são 250 milhões de pessoas sem diagnóstico fechado sobre a condição. Em um momento em que o panorama aumenta para a alta de casos em escala global, ainda termos esse quantitativo que não sabe da doença acaba chamando atenção para outro risco: as complicações causadas pelo diabetes.
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