Pela primeira vez, uma novela do horário nobre da TV Globo dá voz, rosto e rotina a milhões de brasileiros que vivem com diabetes tipo 1. A novela “Vale Tudo”, exibida às 21h, incluiu de forma inédita uma personagem com a condição. Solange Duprat, interpretada por Alice Wegmann, protagonizou uma cena marcante na última quinta-feira, 03, que levantou discussões importantes sobre saúde, visibilidade e empatia.
Cenas que educam e emocionam sobre diabetes
Na cena, Solange aparece em um momento cotidiano, porém repleto de significado. Ela fura a ponta do dedo para medir os níveis de glicose no sangue. Em seguida, aplica insulina, com naturalidade e segurança. O gesto simples, mas essencial para sua sobrevivência, ganha destaque não apenas como rotina pessoal da personagem, mas como ato de autocuidado durante uma conversa informal com o amigo Sardinha (Lucas Leto).
“Sou diabética desde que nasci. Já faço isso há tantos anos! Nem sinto mais.”, afirma Solange, olhando com tranquilidade para o amigo.
A frase, embora breve, carrega uma história de adaptação, força e normalização daquilo que muitos ainda veem com estranhamento.
Diabetes tipo 1: uma realidade constante
Ao escolher abordar o diabetes tipo 1 em uma trama que está ganhando grande audiência, chegando a 30 pontos no RJ e 25 em SP, “Vale Tudo” rompe uma barreira importante. Durante décadas, novelas brasileiras retrataram inúmeras questões sociais, familiares e de saúde, mas raramente se aprofundaram em doenças crônicas que exigem acompanhamento constante. Agora, através de Solange, o público tem a chance de entender melhor os desafios enfrentados por quem precisa administrar a glicose no sangue todos os dias, sem descanso, e lidar com os impactos físicos e emocionais que essa condição impõe.
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que, geralmente diagnosticada na infância ou adolescência, impede o corpo de produzir insulina. Por isso, quem convive com a doença depende da aplicação diária de insulina, alimentação equilibrada e monitoramento contínuo da glicemia.
Normalizando o autocuidado
A exposição de Solange fazendo o teste capilar de glicemia e aplicando a insulina com uma caneta no abdômen não apenas humaniza o tratamento, como também desmistifica o medo que cerca esses procedimentos. Ao naturalizar essas cenas, “Vale Tudo” contribui para reduzir o preconceito e estimular a empatia de colegas de escola, de trabalho, familiares e até profissionais da saúde que ainda desconhecem as nuances do diabetes tipo 1.
Além disso, a personagem de Alice Wegmann representa uma mulher jovem, ativa e independente. Isso desafia estereótipos frequentemente associados à doença, como fragilidade ou incapacidade. Ela mostra que, com autocuidado, informação e suporte, é possível levar uma vida plena, com autonomia e sem vergonha da condição.
Impacto nas redes e na vida real
Nas redes sociais, a repercussão foi imediata. Pessoas com diabetes tipo 1, além de pais e mães de crianças com a condição, celebraram a representação positiva e realista. Muitas relataram que se sentiram, pela primeira vez, vistas na televisão.
“Gostei, transpareceu leveza!” diz uma internauta
“Amei! Vou começar a ver a novela só pela cena.” diz outra leitora do “Um Diabético”
Mais do que ficção: um passo para a conscientização do diabetes
Mais do que uma simples escolha de roteiro, a aparição de Solange Duprat testando a glicose e aplicando insulina é um marco. É um passo relevante na direção de uma TV mais diversa, inclusiva e comprometida com a realidade de seus espectadores. E, principalmente, é um convite à conscientização: afinal, o diabetes não define quem uma pessoa é. Mas o conhecimento e o respeito com certeza definem o tipo de sociedade que estamos construindo.
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